Jantar.

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Ele acelerou quando chegamos na frente do restaurante e, assim que diminuiu a velocidade para parar, não perdi tempo e fui correndo para a segurança do concreto

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Ele acelerou quando chegamos na frente do restaurante e, assim que diminuiu a velocidade para parar, não perdi tempo e fui correndo para a segurança do concreto.

— Você é louco!

Gustavo deu uma risadinha, apoiando a moto no estribo lateral antes de descer.

— Fui no limite de velocidade.

— É, se estivéssemos numa estrada da Alemanha! — falei, desfazendo o coque para separar com os dedos os fios embaraçados.

Gustavo me olhou enquanto eu tirava o cabelo do rosto e depois foi andando até a porta, mantendo-a aberta.

— Eu não deixaria nada acontecer com você, Beija-Flor

Passei por ele pisando duro e entrei no restaurante.

Minha cabeça não estava muito em sincronia com meus pés.

Um cheiro de gordura e ervas enchia o ar enquanto eu o seguia pelo carpete vermelho, sujo de migalhas de pão.

Ele escolheu uma mesa no canto, longe dos grupos de alunos e das famílias, e então pediu duas cervejas.

Fiz uma varredura no ambiente, observando os pais que tentavam persuadir os filhos barulhentos a comer e desviando dos olhares curiosos dos alunos da Eastern.

— Claro, Gustavo — disse a garçonete, anotando nosso pedido.

Ela parecia um pouco exaltada com a presença dele ali.

Prendi os cabelos bagunçados pelo vento atrás das orelhas, repentinamente com vergonha da minha aparência.

— Você vem sempre aqui? — perguntei em tom áspero.

Gustavo apoiou os cotovelos na mesa e fixou os olhos castanhos em mim.

— Então, qual é a sua história, Flor? Você odeia os homens em geral ou é só comigo?

— Acho que é só com você — resmunguei.

Ele riu, divertindo-se com meu estado de humor.

— Não consigo sacar qual é a sua. Você é a primeira garota que já sentiu desprezo por mim antes do sexo. Você não fica toda desorientada quando conversa comigo e não tenta chamar minha atenção.

— Não é uma manobra tática. Eu só não gosto de você.

— Você não estaria aqui se não gostasse de mim.

Involuntariamente, minha testa franzida ficou lisa e soltei um suspiro.

— Eu não disse que você é uma má pessoa. Só não gosto de ser tratada de determinada maneira pelo simples fato de ter uma vagina.

E me concentrei nos grãos de sal na mesa até que ouvi um ruído vindo da direção do Gustavo, parecido com um engasgo.

Os olhos dele estavam arregalados e ele tremia de tanto rir.

Belo Desastre | miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora