Nesse momento, ouvi alguém batendo fraquinho à porta.
Kara esticou o braço debaixo do edredom e girou a maçaneta da porta, que se abriu devagar, revelando Gustavo na entrada.
— Posso entrar? — ele perguntou, com a voz baixa e áspera.
As olheiras roxas sob seus olhos denunciavam a falta de sono.
Eu me sentei na cama, alarmada com sua aparência.
— Você está bem?
Ele entrou e caiu de joelhos na minha frente.
— Desculpa, Ana Flávia. Me desculpa — disse, abraçando minha cintura e enterrando a cabeça no meu colo.
Aninhei a cabeça dele nos braços e ergui o olhar para Eduarda.
— Eu... hum... eu vou indo — disse ela, sem jeito, buscando a maçaneta da porta.
Kara esfregou os olhos, suspirou e pegou seu nécessaire de banho.
— Sempre fico bem limpa quando você está por perto, Ana Flávia— ela grunhiu, batendo a porta depois de sair.
Gustavo ergueu o olhar para mim.
— Eu sei que fico louco quando se trata de você, mas Deus sabe que estou tentando, Flor. Não quero estragar tudo.
— Então não faça isso.
— É difícil pra mim, sabe? Parece que a qualquer segundo você vai se dar conta do merda que eu sou e vai me deixar. Quando você estava dançando, ontem à noite, vi uns dez caras diferentes te observando. Daí você vai para o bar, e vejo você agradecer aquele cara pela bebida. E depois aquele babaca na pista de dança te agarra.
— Você não me vê dando socos por aí toda vez que uma garota conversa com você. Eu não posso ficar trancada no apartamento o tempo todo. Você vai ter que dar um jeito no seu temperamento.
— É, eu vou. Eu nunca quis uma namorada antes, Beija-Flor. Não estou acostumado a me sentir assim em relação a alguém... a ninguém. Se você for paciente comigo, eu juro que vou dar um jeito nisso.
— Vamos esclarecer algumas coisas: você não é um merda, você é incrível. Não importa quem compra bebida pra mim, ou quem me convida para dançar, ou quem me paquera. Eu vou pra casa com você. Você me pediu para confiar em você, mas não parece que você confia em mim.
Ele franziu a testa.
— Isso não é verdade.
— Se você acha que vou te largar pelo primeiro cara que cruzar o meu caminho, então você não confia em mim.
Ele me apertou forte.
— Não sou bom o bastante para você, Flor. Isso não quer dizer que não confio em você, só estou me preparando para o inevitável.
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Belo Desastre | miotela
FanfictionAna Flávia Castela é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão. E acredita que seu passado sombrio está bem distante, porém, quando, para cursar a faculdade, se muda para uma nova cidade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy do loca...