Ligação.

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Fiquei acordada durante horas, escutando as inspirações profundas de Gustavo e o vento fazendo as árvores oscilarem lá fora

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Fiquei acordada durante horas, escutando as inspirações profundas de Gustavo e o vento fazendo as árvores oscilarem lá fora.

Eduarda e Vetuche entraram em silêncio pela porta da frente, e ouvi os dois andando na ponta dos pés pelo corredor, sussurrando um para o outro.

Nós já tínhamos feito minhas malas, e me encolhi ao pensar em como a manhã seria desconfortável.

Eu achava que, quando Gustavo transasse comigo, sua curiosidade seria saciada, mas em vez disso ele estava falando sobre ficarmos juntos para sempre.

Meus olhos se fecharam rapidamente só de pensar em sua expressão quando ele soubesse que o que tinha acontecido entre a gente não era um começo, mas uma conclusão.

Eu não podia seguir aquela estrada, e ele me odiaria quando eu lhe contasse isso.

Com uma manobra, consegui me desvencilhar do braço dele e me vesti, carregando os sapatos pelo corredor até o quarto de Vetuche.

Eduarda estava sentada na cama, e Vetuche tirava a camiseta na frente do armário.

- Está tudo bem, Ana Flávia? - ele perguntou.

- Duda? - falei, fazendo um sinal para que ela viesse até o corredor.

Ela assentiu, me encarando com olhos cautelosos.

- Que foi?

- Preciso que você leve até o Morgan agora. Não posso esperar até amanhã.

Um dos cantos da boca de Eduarda se levantou em um sorriso sagaz.

- Você nunca foi boa em despedidas.

Vetuche e Eduarda me ajudaram com as malas, e fiquei olhando pela janela do carro em minha jornada de volta ao Morgan Hall.

Quando colocamos no chão do quarto a última mala, Eduarda me segurou pelo braço.

- As coisas vão ser tão diferentes no apartamento agora.

- Obrigada por me trazer pra casa. O sol vai nascer daqui a pouco, é melhor você ir - falei, abraçando minha amiga antes que ela partisse.

Eduarda não olhou para trás quando saiu do meu quarto, e mordi o lábio, inquieta, sabendo como ela ficaria brava quando percebesse o que eu tinha feito.

Minha camiseta estalou quando a puxei pela cabeça, pois a estática no ar tinha aumentado com o inverno que se aproximava.

Sentindo-me um pouco perdida, me enrolei que nem uma bola debaixo do espesso edredom e respirei fundo pelo nariz.

O cheiro do Gustavo ainda permanecia em minha pele.

Eu sentia a cama fria e estranha, um contraste evidente com a quentura do colchão dele.

Eu tinha passado trinta dias confinada em um apartamento com o cara considerado o mais vagabundo e infame da Eastern, e, depois de todas as brigas e as convidadas da madrugada, aquele era o único lugar onde eu queria estar.

Belo Desastre | miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora