Malas.

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Quando os abri de novo, Eduarda e Vetuche estavam sentados no sofá, em silêncio, vendo televisão sem som

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Quando os abri de novo, Eduarda e Vetuche estavam sentados no sofá, em silêncio, vendo televisão sem som.

O sol iluminava o apartamento, e me contorci quando senti as costas reclamarem de qualquer tentativa de movimento.

Eduarda voltou rapidamente a atenção para mim.

— Ana Flávia? — ela veio correndo para o meu lado.

Ela me olhava preocupada.

Estava esperando raiva, lágrimas ou alguma outra explosão emocional da minha parte.

Vetuche parecia desolado.

— Sinto muito pela noite passada, Ana Flávia. A culpa é minha.

Eu sorri.

— Está tudo bem, Tuche. Não precisa se desculpar.

Eduarda e Vetuche trocaram olhares de relance, e então ela me segurou pela mão.

— O Gustavo foi até o mercado. Ele... argh, não vem ao caso como ele está. Arrumei suas malas e vou te levar até o dormitório antes que ele chegue, para você nem ter que lidar com a presença dele.

Foi só naquele instante que tive vontade de chorar, eu tinha sido expulsa dali.

Fiz um grande esforço para que minha voz saísse tranquila antes de falar:

— Dá tempo de tomar um banho?

Eduarda balançou a cabeça em negativa.

— Vamos embora, Ana Flávia. Não quero que você tenha que ver o Gustavo de novo. Ele não merece...

A porta se abriu com tudo e Gustavo entrou, cheio de sacolas.

Foi direto para a cozinha e começou a colocar latas e caixas nos armários.

— Quando a Flor acordar, vocês me avisam, tá? — ele disse, baixinho.

— Eu trouxe espaguete, panquecas e morangos, além daquele treco de aveia com chocolate. E ela gosta do cereal Fruity Pebbles, não é, Duda? — ele perguntou e se virou.

Quando me viu, ficou paralisado.

Depois de uma pausa sem graça, sua expressão se derreteu.

Sua voz estava doce e suave.

— Oi, Beija-Flor.

Eu não teria ficado mais confusa se tivesse acordado num país estrangeiro.

Nada fazia sentido.

Primeiro achei que estava sendo expulsa, agora Gustavo chegava em casa com sacolas cheias das minhas comidas prediletas.

Ele deu alguns passos e entrou na sala de estar, nervoso, enfiando as mãos nos bolsos.

Belo Desastre | miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora