Depois de uma hora, tirei os óculos e esfreguei os olhos.
— Estou acabada. Não consigo memorizar nem mais uma macromolécula.
Gustavo sorriu e fechou o livro.
— Tudo bem.
Parei um pouco, sem saber como dormiríamos.
Gustavo saiu do quarto, cruzou o corredor e falou algo ininteligível para Vetuche no quarto dele antes de ligar o chuveiro.
Virei às cobertas e puxei-as até o pescoço, ouvindo o chiado agudo da água no encanamento.
Dez minutos depois, a água parou de correr e ouvi o assoalho ranger sob os passos de Gustavo.
Ele entrou no quarto com uma toalha enrolada nos quadris.
Tinha tatuagens nos dois lados do peito, e tribais em preto cobriam ambos os
ombros salientes.No braço direito, linhas negras e símbolos se estendiam do ombro até o pulso.
No esquerdo, as tatuagens terminavam no cotovelo, com uma única linha manuscrita na parte de baixo do antebraço.
Fiquei de costas para Gustavo enquanto ele deixava a toalha cair na frente da cômoda e vestia a cueca.
Depois desligou a luz e deitou na cama ao meu lado.
—Você vai dormir aqui também? —perguntei, me virando para olhar para ele.
A lua cheia refletia através da janela e lançava sombras no rosto dele.
— Bem, vou. Aqui é minha cama.
— Eu sei, mas eu...
Parei de falar por um instante.
Minhas únicas opções eram o sofá ou a cadeira reclinável.
Gustavo abriu um sorriso e balançou a cabeça.
— Não confia em mim ainda? Juro que vou me comportar muito bem — disse, levantando os dedos de um modo que tenho certeza de que os escoteiros nunca consideraram usar para fazer um juramento.
Não discuti, simplesmente me virei e descansei a cabeça no travesseiro, enfiando as cobertas atrás de mim a fim de criar uma barreira clara entre o
corpo dele e o meu.— Boa noite, Beija-Flor — ele sussurrou no meu ouvido.
Eu podia sentir seu hálito de menta na minha face, o que fez cada centímetro do meu corpo arrepiar.
Ainda bem que estava muito escuro e ele não pôde ver minha reação embaraçosa, ou o rubor que tomou conta do meu rosto logo em seguida.
Parecia que eu tinha acabado de fechar os olhos quando ouvi o despertador estiquei-me para desligá-lo, mas puxei a mão de volta horrorizada ao sentir uma pele morna sob os dedos.
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Belo Desastre | miotela
FanfictionAna Flávia Castela é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão. E acredita que seu passado sombrio está bem distante, porém, quando, para cursar a faculdade, se muda para uma nova cidade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy do loca...