Fomos atrás de Eduarda e Vetuche até o carro, e, quando Gustavo tentou me segurar pela mão para me guiar pelo estacionamento, eu a puxei com força.
Ele se virou e parei, curvando me para trás quando seu rosto ficou a poucos centímetros do meu.
— Eu devia beijar você e acabar logo com isso! — ele gritou. —Você está sendo ridícula! Beijei seu pescoço, e daí?
Eu podia sentir o cheiro de cerveja e cigarro no hálito dele e o afastei.
— Não sou sua amiguinha de trepada, Gustavo.
Ele balançou a cabeça, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.
— Eu nunca disse que você era! Você está perto de mim vinte e quatro horas por dia, dorme na minha cama, mas, na metade desse tempo, age como se não quisesse ser vista comigo!
— Eu vim até aqui com você!
— Eu só te trato com respeito, Flor.
Mantive minha linha de defesa.
— Não, você só me trata como se eu fosse sua propriedade. Você não tinha o direito de espantar o Ethan daquele jeito!
— Você sabe quem é esse Ethan? — ele me perguntou. Quando balancei a cabeça em negativa, ele se inclinou mais um pouco, aproximando-se ainda mais.
— Pois eu sei. Ele foi preso no ano passado acusado de abuso sexual, só que retiraram a queixa.
Cruzei os braços.
— Ah, então vocês têm algo em comum?
Gustavo apertou os olhos, e os músculos de seu maxilar se contorceram sob a pele.
— Você está me chamando de estuprador? — ele disse, em um tom baixo e cheio de frieza.
Pressionei os lábios, com mais raiva ainda por ele estar certo.
Eu tinha ido longe demais.
— Não, só estou irritada com você!
— Eu bebi, ok? Sua pele estava a centímetros da minha boca, você é linda e seu cheiro é incrível quando você fica suada. Eu te beijei! Me desculpa! Esquece!
O pedido de desculpas fez com que os cantos da minha boca se voltassem para cima.
— Você me acha linda?
Ele franziu a testa, indignado.
— Você é muito bonita e sabe disso. Por que está sorrindo?
Tentei disfarçar meu divertimento, inutilmente.
— Por nada. Vamos embora.
Gustavo balançou a cabeça.
— O que...? Você...? Você é um pé no saco! — ele gritou, me fuzilando com o olhar.
Eu não conseguia parar de sorrir, e, depois de alguns segundos, ele fez o mesmo.
Balançou a cabeça de novo e enganchou o braço em volta do meu pescoço.
— Você está me deixando maluco. Você sabe disso, não sabe?
No apartamento, todos passamos cambaleando pela porta.
Fui direto para o banheiro para lavar os cabelos e tirar o cheiro de cigarro.
Quando saí do chuveiro, vi que Gustavo tinha deixado uma de suas camisetas e um de seus shorts ali para mim.
A camiseta me engoliu, e o short sumiu debaixo dela.
Eu me joguei na cama e suspirei, ainda sorrindo por causa do que ele tinha me dito no estacionamento.
Gustavo ficou me encarando por um instante, e senti uma pontada no peito.
Eu tinha uma necessidade quase voraz de agarrar o seu rosto e lhe dar um beijo na boca, mas lutei contra o álcool e os hormônios.
— Boa noite, Flor — ele sussurrou, se virando para o outro lado.
Fiquei me mexendo, inquieta e sem sono.
— Gu? — falei, me erguendo e apoiando o queixo no ombro dele.
— O quê?
— Sei que estou bêbada e que acabamos de ter uma briga gigantesca por causa disso, mas..
— Não vou transar com você, então para de ficar pedindo — ele disse, ainda de costas para mim.
— O quê? Não! — gritei.
Gustavo riu e se virou, olhando.
— Que foi, Beija-Flor?
Soltei um suspiro.
— Isso ...
Falei, deitando a cabeça em seu peito e esticando o braço sobre sua cintura, me aninhando tão perto quanto podia.
Ele ficou tenso e ergueu as mãos, como se não soubesse como reagir.
— Você está bêbada.
— Eu sei — falei, embriagada demais para ficar constrangida.
Ele relaxou uma das mãos nas minhas costas e pôs a outra nos meus cabelos molhados, depois me beijou na testa.
— Você é a mulher mais complicada que já conheci.
— É o mínimo que você pode fazer depois de espantar o único cara que veio falar comigo hoje.
— Você quer dizer Ethan, o estuprador? É, eu te devo uma por essa.
— Deixa pra lá — falei, sentindo o começo de uma rejeição a caminho.
Ele agarrou meu braço e o manteve em cima de sua barriga, para me impedir de sair dali.
— Não, estou falando sério. Você precisa tomar mais cuidado. Se eu não estivesse lá... nem quero pensar nessa possibilidade. E agora você espera que eu peça desculpas por espantar o cara?
— Não quero que você peça desculpas. Nem se trata disso...
— Então do que se trata? — ele quis saber, procurando algo em meus olhos.
Seu rosto estava a poucos centímetros do meu, e eu podia sentir sua respiração em meus lábios.
Franzi a testa.
— Estou bêbada, Gustavo. Essa é a única desculpa que tenho.
— Você só quer que eu te abrace até você dormir?
Não respondi.
Ele se mexeu para me olhar direto nos olhos.
— Eu devia dizer “não” para provar meu argumento — ele me disse juntando as sobrancelhas. — Mas eu me odiaria se fizesse isso e você nunca mais me pedisse de novo.
Aninhei o rosto em seu peito e ele me abraçou mais forte, soltando um suspiro.
— Você não precisa de nenhuma desculpa, Beija-Flor. Tudo que tem que fazer é me pedir.
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Continua....☆
I. Espero que estejam gostando, não se esqueçam de votar e comentar muito.
II. Capítulo revisado, porém pode conter alguns erros.
--Beijos, 🦋
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Belo Desastre | miotela
FanfictionAna Flávia Castela é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão. E acredita que seu passado sombrio está bem distante, porém, quando, para cursar a faculdade, se muda para uma nova cidade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy do loca...