Segredo.

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Odorico balançou a cabeça

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Odorico balançou a cabeça.

— Tudo bem, então você está com o Luan ou com o Gustavo? Estou confuso.

— O Luan não está falando comigo, então as coisas estão meio que no ar agora — falei, dando um pulinho para arrumar a mochila nas costas.

Ele soprou uma nuvem de fumaça, depois pegou um pedacinho de tabaco da língua.

— Então você está com o Gustavo?

— Nós somos amigos, Odorico.

— Você sabe que todo mundo acha que vocês dois estão tendo uma espécie de amizade colorida bizarra e que você não admite, não sabe?

— Eu não ligo. Podem pensar o que quiserem.

— Desde quando? O que aconteceu com a Ana Flávia nervosa, misteriosa e reservada que eu conheço e adoro?

— Morreu com o estresse de todas as fofocas e suposições.

— Que pena. Vou sentir falta de apontar e rir da cara dela.

Dei um tapa no braço do Odorico, e ele riu.

— Isso é bom. Está na hora de você parar de fingir — disse ele.

— O que você quer dizer?

— Meu bem, você está falando com alguém que viveu a maior parte da vida fingindo. Saquei você a quilômetros de distância.

— O que você está tentando dizer, Odorico? Que sou uma lésbica enrustida?

— Não, estou dizendo que você está escondendo alguma coisa. Os cardigãs, a mocinha sofisticada e recatada que vai a restaurantes chiques com Luan Pereira... Essa não é você. Ou você era uma stripper de cidade pequena, ou foi parar numa clínica de reabilitação. Aposto no último.

Ri alto.

— Você é um péssimo adivinho!

— Então qual é o seu segredo?

— Se eu te contasse, não seria segredo, seria?

Suas feições se aguçaram, e ele deu um sorriso travesso.

— Eu mostrei o meu, agora você me mostra o seu.

— Odeio ser portadora de más notícias, Odorico, mas sua orientação sexual não é exatamente um segredo.

— Merda! E eu achei que tinha um lance misterioso e sensual rolando pra cima de mim — disse ele, dando mais uma tragada no cigarro.

Eu me encolhi antes de falar.

— Você tinha uma vida boa em casa, Odorico?

— Minha mãe é o máximo... Meu pai e eu tivemos um monte de problemas, mas estamos numa boa agora.

— Eu tive Rodrigo Castela como pai.

— Quem é esse?

Dei uma risadinha.

— Viu? Não é lá grande coisa se você não sabe quem ele é.

— E quem ele é?

— Um cara muito zoado. Esse lance de jogar, encher a cara, ter um gênio filho da mãe... é hereditário na minha família. Eu e a Eduarda viemos pra cá para que eu pudesse começar uma vida nova, sem o estigma de ser a filha de um bêbado decadente.

— Um viciado em jogos decadente de Wichita?

— Eu nasci em Nevada. Tudo que o Rodrigo tocava virava ouro na época. Quando fiz treze anos, a sorte dele mudou.

— E ele culpou você.

— A Eduarda desistiu de muita coisa para vir pra cá comigo, para que eu pudesse cair fora, mas daí eu chego e a primeira coisa que me acontece é dar de cara com o Gustavo.

— E quando você olha para o Gustavo...

— É tudo muito familiar.

Odorico assentiu, jogando o cigarro no chão.

— Que merda, Ana Flávia. Isso é um saco.

Estreitei os olhos.

— Se você contar para alguém o que acabei de te falar, vou chamar a máfia. Conheço alguns deles, sabia?

— Conhece nada.

Dei de ombros.

— Acredite no que quiser.

Odorico olhou para mim em dúvida e depois abriu um sorriso.

— Você é oficialmente a pessoa mais cool que eu conheço.

— Isso é triste, Odorico. Você devia sair mais — falei, parando na entrada do refeitório.

Ele levantou meu queixo

— Vai dar tudo certo. Acredito muito nesse lance de que as coisas sempre acontecem por um motivo. Você veio até aqui, a Eduarda conheceu o Tuche, você arrumou um jeito de entrar no Circulo, algo em você virou o mundo de Gustavo Mioto de cabeça pra baixo. Pense nisso.

Disse ele, plantando um selinho em meus lábios.

— Opa — disse Gustavo, me agarrando pela cintura, me erguendo e me colocando no chão atrás dele. — Você é a última pessoa com quem eu tenha que me preocupar com esse tipo de merda, Odorico! Tem dó de mim, vai! — ele brincou.

Odorico se inclinou para o lado, para me enxergar atrás de Gustavo, e me deu uma piscadinha.

— Até mais tarde, docinho.

Quando Gustavo se virou para me encarar, o sorriso dele sumiu do rosto.

— Por que a cara feia?

Balancei a cabeça, tentando deixar a adrenalina seguir seu curso.

— É só que eu não gosto desse apelido. Ele me traz más recordações.

— Termo carinhoso usado pelo ministro batista?

— Não — grunhi.

Gustavo deu um soco na palma da mão.

— Você quer que eu vá lá encher o Odorico de porrada? Ensinar uma lição a ele? Acabo com a raça dele!

Não consegui evitar e abri um sorriso.

— Se eu quisesse acabar com o Odorico, eu diria que todas as lojas Prada fecharam, e ele mesmo se mataria.

Gustavo deu risada, me cutucando para irmos em direção à porta.

— Vamos. Estou definhando aqui.

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Continua....☆

I. Espero que estejam gostando, não se esqueçam de votar e comentar muito.

II. Capítulo revisado, porém pode conter alguns erros.

--Beijos, 🦋

Belo Desastre | miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora