Otávio e Elisa II

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Entre um beijo e outro eu decidi me mudar de vez, aluguei uma kitnet pequena e fui morar sozinha. Nesse tempo não havia achado emprego e claro que estava vivendo do dinheiro dos meus pais, como sempre. Otávio me fez perder o foco das coisas, eu não parecia mais interessada em procurar emprego ou continuar estudando para um vestibular, comecei a alimentar a idéia tola na minha cabeça de "meus pais tem dinheiro, qualquer coisa entro em uma universidade privada".

Aparentemente, Otávio havia se esquecido que era meu professor, já não aparecia mais para me dar aulas mesmo levando os materiais. Dei a ele uma cópia da chave da minha kitnet. Ele passou a me visitar com mais frequência, as vezes aparecia três vezes por dia, as vezes aparecia em plena madrugada e sem avisar. Ele apenas usava a chave para abrir a porta. Sempre chegava aos beijos, nunca me deixava dizer um oi.

Quando Otávio aparecia durante a madrugada, ficávamos deitados na minha cama por horas apenas nos beijando, o contato não evoluia para algo mais carnal. Sempre que eu tocava no assunto do casamento ele mudava o assunto e eu ficava aborrecida e logo ele me beijava. Ele sabia! Ele sempre soube que eu me derretia em seus braços, que eu estava completamente apaixonada, que eu faria tudo que ele quisesse. Ele parecia ter enlouquecido junto, parece que tinhamos um desejo incontrolável e ele aparecia mais e mais vezes na minha casa, as vezes dormia comigo e voltava pra casa com as desculpas de que havia passado uma "noite dos homens". Ele sabia que a sua noiva tinha uma confiança inabalável, ele continuava a ser carinhoso com ela e fazer coisas comuns que faziam juntos.

Continuavam a ir na igreja juntos, a fazer planos pro casamento. Por isso ela nunca desconfiou de nada. Eu vivia esperando que Otávio largasse tudo para viver comigo, eu não me importaria em enfrentar a sociedade e seus julgamentos, eu só queria estar com Otávio.

Eu voltei a fumar, mais do que antes. As vezes fumava mais de três cigarros por dia, especialmente nos dias que Otávio não aparecia. Eu ficava com um mau humor horrível e chorosa, fumava mais que o normal e ficava histérica. Quando ele aparecia eu nunca tinha a chance de ficar brava ou expressar minha raiva, ele sempre me beijava antes.

Como eu posso explicar pra vocês o efeito que esse homem tinha sobre mim? Parece que eu queria viver eternamente naqueles beijos, como se eu dependesse  disso. As vezes eu sentia que Otávio estava mais louco do que eu, mas ele era melhor em disfarçar, se segurava até o último instante pra não demonstrar que era louco por mim. Um dia ele chegou a me dizer que entrava em pânico só de imaginar outro homem me beijando ou me levando pra cama. Outro homem que não fosse ele.

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