Uma calcinha? II

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   O tempo estava passando e Luna não havia contado pra absolutamente ninguém a descoberta. Tratava o marido normalmente, mas durante a noite o observava dormindo, o olhava com os olhos cheios de rancor. Ainda criava cenários em sua cabeça, cenários em que Otávio ainda estava escondendo uma amante. Mas ela achava estranho: se ele sempre estava em casa, chegava em horários pontuais, não havia nada em seu celular. Como esse homem estava arrumando tempo pra essa tal amante? Ela se questionava o tempo inteiro, mas as vezes preferia acreditar que ele havia se arrependido e "terminado" com a amante.

Luna foi se aproximando de mim pouco a pouco, pois estava se sentindo sozinha e sem amizades femininas. Acho que ela estava se sentindo vulnerável a toda essa situação e por sentir vontade de desabafar. Então passamos a nos encontrar em cafés ou até mesmo em sua casa, eu sempre a visitava nos horários em que Otávio não estava. Não sei se ela dizia a ele que eu fazia visitas, prefiro acreditar que ele achava que estava tudo bem, já que não havia nenhum sinal de que eu contei algo a Luna.

Assim se passou um mês, tudo parecia normal no cotidiano, Luna sempre me contava sobre o casamento estar estável e sobre o bebê. Eu era a madrinha, e ela achava importante tem essa conexão comigo desde antes do nascimento.

Numa tarde chuvosa, Luna me convidou para tomar um café em sua casa, pois ela queria também me mostrar roupinhas que havia comprado para o bebê. Claro que eu fui, pois eu tinha muito interesse em saber como estava a vida do casal. Nesse dia conversamos, rimos bastante e falamos sobre nossas intimidades com nossos parceiros, mas havia algo diferente em Luna, parecia inquieta, estava falando muito rápido. Foi quando Luna sentiu que não aguentava mais guardar o segredo:

🧚🏻‍♀️ - preciso te contar uma coisa, jura que não conta pra ninguém? Confio tanto em você e não tenho mais ninguém pra falar sobre isso, se eu guardar mais um pouquinho sinto que não vai fazer bem ao bebê!

Ela disse com a voz trêmula e nervosa, eu, como boa "confidente" que sou:

💁🏽‍♀️ - você pode me contar o que quiser, vai ficar só entre nós duas!

Luna começou a dizer com os olhos lacrimejados:

🧚🏻‍♀️ - acho que Otávio tem uma amante!!


Nessa hora eu já imaginei que ela tivesse achado a calcinha, então discretamente em forma de acolhimento comecei a puxar mais informações:

💁🏽‍♀️ - como assim? Otávio te ama, jamais faria isso. Por qual motivo você acha que ele tem uma amante?

🧚🏻‍♀️ - eu achei uma calcinha no bolso de uma calça dele, não é minha, além de ser bem pequena, parece ser de uma mulher bem mais nova que ele...


Bingo!!! Finalmente! Eu estava achando engraçado o fato da calcinha so ter sido achada quase depois de um mês, então questionei:

💁🏽‍♀️ - mas quando foi isso? Foi recente?

🧚🏻‍♀️ - não, foi a quase um mês atrás. Mas eu preferi não dizer nada a ele ou procurar confronto com ele.

Fiquei completamente incrédula, um mês escondendo??? Claro que eu estava morrendo de curiosidade pra saber os próximos passos:

💁🏽‍♀️ - por qual motivo você escondeu isso dele? Se isso te faz tão mal o certo é conversar e tentar resolver essa situação!

Limpando as lágrimas que estavam escorrendo, Luna indagou:

🧚🏻‍♀️ - vai ficar tudo bem, acho que não foi algo duradouro, acho que foi uma aventura e acabou. Também não quero estragar meu casamento por uma bobagem, homens são assim mesmo, vai passar.

Nesse momento acolhi Luna com um abraço de conforto, mas por dentro eu estava me sentindo radiante por saber que ela havia descobrido, era meio caminho andado pro casamento se tornar turbulento, pois mulheres perdoam mas não esquecem. Uma hora ou outra eles entrariam em conflito e isso explodiria.

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