Descarte III

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Naquele mesmo dia do anúncio, durante a noite, já estavamos em casa, Gustavo e eu. Estávamos preparando comida mexicana pro jantar enquanto ouvíamos música. A campainha começa a tocar sem pausa e Gustavo me olha e balança os ombros:

👨🏻‍💻 - bom, parece que temos uma visita prestes a quebrar a campainha e provavelmente o dedo também.

Falou rindo ao se dirigir em direção a porta para abri-la. E ao abrir era o irmão, Otávio tomou um grande susto pois imaginava que eu iria abrir ou que eu estivesse sozinha, já que eu e Gustavo só iríamos morar juntos nos próximos dias. Gustavo ficou surpreso com a presença do irmão:

👨🏻‍💻 - irmão?? Que visita inesperada e maravilhosa! Vamos entrar?

Otávio entrou completamente nervoso, estava pensando em uma mentira plausível para explicar o motivo da visita:

🧔🏻 - Desculpe a urgência em vir, e por tocar a campainha de forma insistente. Mas, sabe, você é meu irmão e meu melhor amigo, queria pedir conselhos pois acho que estou pronto para conversar com Luna sobre ter filhos.

Claro que aquilo era mentira. Eu fiquei ali na cozinha fingindo naturalidade e acenei com a mão para Otávio como forma de cumprimento. Então Gustavo insistiu para que o irmão ficasse pro jantar, e lá estávamos nos jantando juntos em minha casa. Ali na mesa os irmãos ficaram falando sobre a idéia de ter filhos enquanto eu só ficava ouvindo e comendo. Em algum momento da conversa Gustavo questionou:


👨🏻‍💻 - mas irmão, como você achou o endereço da Elisa? É que você nunca veio aqui antes.

Otávio suou frio, tentou criar rapidamente uma resposta mentirosa para parecer natural:

🧔🏻 - eu até peço desculpas se fui invasivo, é que uma vez a Elisa colocou seu endereço em um papel e deu para Luna, caso ela quisesse visitá-la pra conversar sobre qualquer coisa. E como eu queria falar com você deduzi que você poderia estar aqui, irmão. Não é, Elisa?

Otávio ficou me esperando confirmar sua lorota:

💁🏽‍♀️ - sim, claro!

Confirmei sua mentira por pura pena. Otávio caiu do cavalo pois tinha certeza que me acharia aqui sozinha, isso era uma pequena prévia de que em breve ele não iria mais poder tocar minha campainha, pois iria dar de cara com Gustavo sempre! Ele já não sabia mais por quais meios iria tentar falar comigo, por telefone era sem chance, pois eu havia trocado de número, a não ser que ele fosse cara de pau o suficiente pra pegá-lo no celular de algum familiar. Após o jantar Otávio se despediu e foi embora, entrou no carro e se descontrolou, começou a bater no volante sem parar e com a mão que estava machucada. Enquanto batia no volante expressava pra sí mesmo sua frustração:

🧔🏻 - DROGA! DROGA! DROGA!

  Acendeu um cigarro, após apenas um trago apagou o cigarro ali mesmo no volante e arrancou o carro rapidamente para ir pra casa.

Desejo visceralOnde histórias criam vida. Descubra agora