Gustavo III

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Após uma semana eu e Gustavo há havíamos nos tornado "meio" amigos. Eu estava gostando de conhecê-lo, ele sempre parecia interessado em meus assuntos e falávamos sobre livros. Ele ainda sabia pouco de mim, eu tentava não falar demais também.
Ele sempre me acompanhava até um certo caminho na volta pra casa e eu estava achando legal ter essa interação tão espontânea. Em apenas uma semana ele já havia feito amizade quase com a universidade inteira, mas acho que como fui a primeira colega que ele conheceu, ele mantinha mais contato comigo. Falava entre um canto e outro mas no fim voltava para se sentar do meu lado. Eu havia contado a Gustavo como eu gostava de estar no voluntariado, o que fazíamos lá, expliquei sobre a arrecadações de roupas para doações, a distribuição de alimentos e marmitas que acontecia toda semana, mas eu sempre falava com mais empolgação sobre as crianças.

Expliquei que tinhamos criado um projeto de levar a leitura e aprendizado para crianças em extrema vulnerabilidade, como fazíamos para arrecadar os livros e doações de materias de estudo. Enquanto eu explicava tudo isso os olhos de Gustavo brilhavam:

👨🏻‍💻 - que lindo isso que você faz! Essas pessoas tem alguém que olha pra elas, alguém que cuide delas e do futuro delas!

Quanto mais eu dizia mais ele parecia interessado, estava empolgado. Eu podia sentir que Gustavo tinha um bom coração, se identificava com as mesmas causas que eu. Eu deixei claro que nunca é demais ter voluntários! Claro que ele amou a idéia e combinamos que ele poderia começar a voluntariar junto comigo. Poderíamos ir em bairros carentes juntos do resto do grupo, levar alimentos e livros, ler um pouco com as crianças. Ele ficava maravilhado a cada frase que eu dizia sobre a causa:

👨🏻‍💻 - eu estou empolgado!!! Estou feliz por estar conhecendo você, imagina estar dentro de um projeto sensacional desses? Por mim eu começava agorinha mesmo!

Então deixamos combinado que seríamos uma dupla de voluntariados ali em meio a nossos outros colegas. Eu estava feliz por esse momento de redenção, estava me tornando realizada comigo mesma e com minhas escolhas. Radiante por levar pessoas pro outro lado, o lado da vida em que enxergamos o outro, somos tão vulneráveis quanto outros seres humanos, nem sempre de dinheiro.

Em meio a isso vez ou outra eu ainda pensava naquele fantasminha do meu passado, vocês já sabem o nome. Me questionava sobre o que ele estaria fazendo agora neste momento, acho que comecei a pensar menos se ele ainda pensava em mim. Vez ou outra era apenas sobre ele como ser individual, não como algo romântico ou o que poderia ter sido.

Desejo visceralOnde histórias criam vida. Descubra agora