penúltimo capítulo

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Na manhã seguinte Otávio acordou e ao abraçar o "nada" percebeu minha ausência:

🧔🏻 - Elisa? Tá no banheiro?

Gritou mas não obteve resposta, então se levantou da cama a me procurar, foi ao banheiro e não me achou, pensou "será que ela saiu pra comprar pão?"

Foi em direção a cozinha, avistou o bilhete em cima da mesa, ao ler o bilhete Otávio ficou confuso, não estava conseguindo processar a informação, não sabia se era uma brincadeira minha de mal gosto ou se eu estava falando sério. Desesperado pegou o celular e tentou me ligar várias vezes, mas eu já havia jogado o chip fora, excluído o WhatsApp. Tentou me ligar mais de 10 vezes e nada! Foi aí que ele realmente caiu em sí.

Começou a chorar desesperado e em choque, gritava pra sí mesmo:

🧔🏻 - Elisa, cadê você? Você não me esperou, pq não me esperou pra ir embora com você?

Pegou o carro e me procurou em todos os cantos da cidade, nas rodoviárias, aeroportos, bares, esquinas. Otávio se desesperava mais e mais a cada lugar que ia e não me achava. Chorava dentro do carro. Percebeu a transferência que eu havia feito em seu celular, mas não estava se importando com isso, sua única preocupação era me achar, me procurar...

Eu já estava viajando a horas, a caminho de Belo Horizonte, a cada minuto que se passava dentro do ônibus eu pensava em voltar pra trás, pedir perdão a Otávio, mas eu não podia fazer isso comigo mesma, com meu filho. Fui chorando o caminho todo, mas fui! Eu sabia que não ia morrer, poderia doer o tanto que fosse, mas eu ia sobreviver!

Otávio passou o dia todo me procurando, se cansou quando percebeu que já era noite e não tinha mais onde procurar. Voltou pra casa com sentimento de impotência, era a pior dor que ele já sentiu na vida. Imagina não saber onde seu amor está agora?

Ele entrava em desespero interno por não saber nada sobre mim, cada minuto que se passava pra Otávio era uma tortura. Chorava o tempo inteiro e chamava pelo meu nome. Não estava conseguindo aceitar o que estava acontecendo.

Andava pra lá e pra cá dentro de casa, não conseguia comer e nem dormir. Estava me esperando voltar pra casa, fumando todos os cigarros possíveis, a qualquer cochilo que dava acordava assustado pensando que eu poderia estar ali.

Não é fácil pra quem vai, muito menos pra quem fica. A dor é a mesma, a diferença é que um não está ali pra ver como o outro está passando por isso. E se eu tivesse ficado? Eu teria uma vida feliz e satisfeita? Penso que talvez seja melhor sofrer uma dor dilacerante de uma vez do que sofrer todos os dias em situações desconfortáveis numa relação conturbada. Talvez daqui a 5 anos eu vou estar grande o suficiente pra reconhecer que o melhor mesmo era ter ido embora...

Desejo visceralOnde histórias criam vida. Descubra agora