Capítulo 16

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Helena

Maria Clara: Ele te disse isso?!— perguntou um pouco mais alto do que deveria, tanto que as jovens que estavam vendo vestidos pararam por um breve segundo para nos olhar.

Helena: Isso, Maria Clara. Fala mais alto, ninguém ouviu.

Maria Clara: Desculpa, mas é que...— se aproximou falando muito baixo— Quem é esse homem, mulher?

Helena: Nem eu sei, amiga.

Maria Clara: Sem falar do teu sonho quente.— sorriu debochando— Eu sabia que você gosta dela.

Helena: Shiuuu!— a puxo para mais longe das jovens— Fala mais baixo e não, isso não significa que eu gosto dela.

Maria Clara: Sei, só significa que você quer que ela te come.— sorriu debochando mais— Amiga!

Helena: O que foi, Maria Clara?— seguro um vestido azul escuro longo até o chão e justo com brilhantes por todo o tecido, um vestido sem braços lindo, eu ficaria bem nele, se pudesse comprá-lo— Eu não sei o que se passa comigo.

Maria Clara: Bem, eu sei... você gosta da Eleanor.— sussurrou mais uma vez.

Helena: Não, eu não gosto... até porque o Marcelo mexe um pouco comigo também.

Maria Clara: Tá, mas o que a Eleanor faz?

Helena: Ah, Maria Clara! Eleanor me abala tanto que eu nem tenho noção do estrago que ela faz em mim... isso significa que eu gosto dela?

Maria Clara: Eu acho que sim.—sorriu— Sabe o que significa também?— abano a cabeça em sinal de negação— Que você gosta de mulheres.

Maria Clara sorriu animada, mas eu estou assustada... estou eu gostando de mulheres? E pior, da prima do homem com quem devo me casar? Se sim, o que isso faz de mim? Homossexual, talvez, mas Marcelo mexe comigo também, não tanto quanto Eleanor, mas mexe... é possível gostar dos dois? Homens e mulheres. E se sim, o que isso faz de mim ?
Eu vivo numa vila bem conservadora, a única vez que eu vi um homossexual aqui foi quando eu tinha 10 anos e eu nunca mais o vi ou ouvi falar desse tipo de pessoas... talvez eu não deveria falar assim, já que provavelmente eu seja esse "tipo de pessoas". Aí sim meu pai me mata.

Maria Clara: Helena!? Por falar na peça...—fez sinal com a cabeça insinuando que há alguém atrás de mim e há... Eleanor.

Está usando uma jardineira preta com uma blusa branca e calçando um ténis preto, está linda como sempre.

Eleanor: Olá, Helena!— disse se aproximando— Boa tarde, Maria Clara.

Maria Clara: Boa tarde, Eleanor. Como vais?

Eleanor: Vou bem e você?— perguntou ainda olhando para mim a todo momento, seria considerado falta de respeito se minha amiga não fosse... bem, minha amiga que sorri a todo momento da cena.

Maria Clara: Vou a pé.— sorriu e Eleanor em seguida. Só eu não entendi a piada?— Agora a sério, estou bem, mas não tão bem quanto Helena.— respondeu olhando para mim— Sabia que ela fala muito de você?

Eleanor: Não, não sabia.— respondeu ainda me olhando.

Helena: Maria Clara!— chamo-lhe dando um sinal que deve se retirar e assim o fez depois de despedir de Eleanor— Desculpa por ela.— sorrio fraco.

Eleanor: É verdade?— perguntou se aproximando.

Helena: O quê?— não está calor? Não? Deve ser só coisa da minha cabeça.

Eleanor: Que você fala tanto de mim.— se aproximou mais um pouco— Eu ficaria triste se não fosse.

Helena: Porquê?— me aproximo dessa vez— Por que, Eleanor?— Eleanor me olha com o mesmo desejo que seu olhar tinha no meu sonho, deu um passo se aproximando mais, porém quando notou que estava próxima demais se afastou, fechou as mãos com tanta força se contendo e quando suspirou, foi um suspiro triste, porém sorriu e me olhou.

Eleanor: Por nada, Helena.— pegou o vestido em minha mão— É lindo... é seu?

Helena: Quem me dera fosse. Mas eu não teria dinheiro suficiente para comprar um vestido assim nem se trabalhasse o resto da minha vida.

A olhei, mas Eleanor agora parece desviar de toda tentação que lhe permitisse me olhar, está com a cabeça baixa olhando e pegando o vestido em minhas mãos.

Eleanor: Tenho a certeza que você vai poder usá-lo algum dia. Você merece o melhor, alguém melhor.

Helena: E quem seria o melhor para mim, Eleanor?— perguntei segurando sua mão, Eleanor me olhou, percorreu meus rosto, meus lábios e voltou a olhar para os meus olhos.

Eleanor: Alguém como o meu primo com certeza...— se afastou largando a minha mão— Que me pediu para lhe entregar isto:— me entregou um envelope— É um convite.

Helena: Para o quê?

Eleanor: Para uma festa oficializando o vosso noivado.— Eleanor parece triste?

Helena: Eleanor...— tentei segurar sua mão de novo, porém ela se afastou antes disso dando um passo para trás balançando a cabeça em sinal de negação.

Eleanor: Eu preciso ir, Helena. Por favor não se atrase.

E assim saiu e eu? Estou confusa e triste com tudo isso... o que se passa com Eleanor? Pior, porquê me dói vê-la assim? Sinto que a culpa é minha, mas não há nada que eu possa fazer ou há? Seja como for, descobrirei isso amanhã a noite nessa festa.

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