Capítulo 33

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Helena

Demorou duas horas, mas Maria Clara acabou chegando.

Helena: Oiii!— cumprimentei sorrindo amena.

Maria Clara: Oi.

Helena:Vem, vamos nos sentar.— falei e ela veio comigo até à sala e nos sentamos— Me desculpa? Eu fui uma idiota, rude e...

Maria Clara: E grossa e ingrata.— me interrompeu— Não só com Eleanor, mas também comigo. Nós só queríamos te ajudar, mas acabamos levando um coice.

Helena: Me desculpa, me desculpa. Eu sei que fui tudo isso.— segurei a mão dela— Com a melhor amiga que alguém poderia ter.

Maria Clara: Quem é essa?— disse franzido o cenho.

Helena: Você.— sorri e ela acabou fazendo o mesmo— Me desculpa?

Maria Clara:É claro que te desculpo.— me puxou para um abraço— Mas nunca mais fala assim comigo se não eu te bato.

Helena: Não duvido nada.— sorrimos— Eu tenho tanto para te contar.

Maria Clara: É claro que você tem, menina. Olha para o teu pé.— olhou para ele triste— Ele foi longe demais dessa vez.

Helena: Minha mãe te contou?— ela assentiu— E o quê ela mais contou?

Maria Clara: Que você veio viver aqui depois do que aconteceu. Eu sinto muito, amiga.

Helena: Eu também.— sorri fraco— Me diz, como está a minha mãe?— perguntei e ela logo abaixou o rosto olhando para o chão— Maria Clara, como está a minha mãe?— perguntei já me alterando.

Maria Clara: Calma, ela está... não está muito mal, mas também não está morta.

Helena: O que ela vestiu?— minha mãe sempre que meu pai bate nela, ela veste roupas que cobrem os machucados e quanto mais compridas, pior os machucados.

Maria Clara: Um vestido comprido até ao chão de mangas compridas, super compridas.

Helena: Desgraçado. É claro que ele não ia bater na cara dela, não com o Marcelo encima dele.— disse contendo as lágrimas— Eu não deveria ter vindo, não deveria.

Maria Clara: Ei? Você deveria ter feito isso faz tempo, amiga.— segurou a minha mão— Sua mãe é forte, ela vai ficar bem e ela pediu para te dizer exatamente isso e também que te ama muito.—sorriu.

Helena: Eu também a amo tanto.— falei chorando já— Logo logo isso tudo vai acabar e nós nunca mais veremos o senhor que se diz meu pai.

Maria Clara: Amém, amiga. Mas, agora me diz como foi a tua noite aqui?— sorriu maliciosa.

Helena: Você vai surtar quando eu contar.— contei e ela surtou— Meu Deus, não grita!

Maria Clara: Como assim não grita depois de tudo o que você me contou? Meu Deus!— colocou a mão na boca— E como foi?

Helena: Foi maravilhoso.— disse boba— Foi tão... tudo, amiga. A primeira vez que toda menina sonha só que com mulher.

Maria Clara: Ah, eu fico feliz por você, mas e o Marcelo?

Helena: O que tem o Marcelo?

Maria Clara: Vocês não se beijaram? Não estão noivos ou você esqueceu?

Helena: É claro que não, bem, por um tempo sim, mas, amiga... é mais sério do que eu pensava isso que estou sentindo por Eleanor.

Maria Clara: Não me diz que...

Helena: Eu gosto dela, eu gosto da prima do meu noivo.— falei triste— Eu não quero essa situação, não quero o magoar, sabe?

Maria Clara: Eu sei, eu sempre soube que você gosta dela, que você gosta de mulher.— falou baixinho sorrindo— Mas o que você vai fazer?

Helena: Eu vou me afastar do Marcelo.

Maria Clara: E Eleanor? Como será quando você ir embora?

Helena: Eu não sei, de verdade eu não sei.

Maria Clara:Ai, minha amiga.— sorriu— Qualquer coisa você fala comigo, sim?— assenti— Agora, mudando de assunto para mim, tenho algo para te contar.

Helena: O que foi?— perguntei sorrindo.

Maria Clara: Ricardo me pediu em namoro e eu disse sim.— falou eufórica.

Helena: Meu Deus!— arregalei os olhos— Estranho seria se você não dissesse, não é? Mas, como assim ele te pediu em namoro? Por quê?

Maria Clara: Assim você me ofende.— colocou a mão no peito fingindo estar ofendida— Olha para isso, aqui.— falou se referindo à ela— Estranho seria se ele não pedisse.

Helena: Menina.— sorri e a abracei— Estou tão feliz por você. Mas como eu já te disse, cuidado.

Maria Clara: Eu tenho, Helena. Não se preocupa. Obrigada.

Helena: Falamos tanto que até me deu fome.— passei a mão na barriga e Maria Clara riu— Agora vamos comer? Estou morrendo de fome.

Maria Clara: E quando é que você não está?

Helena: Credo.— sorri— Isso doeu, mas vamos lá, chama a Sara por favor.

Maria Clara: Que vida de rica, é essa, madame?

Helena: Não, é a vida de uma aleijada.— apontei para o meu pé— Por falar nisso, eu não vou conseguir ir trabalhar, não até o médico liberar.

Maria Clara: Eu sei, não se preocupa. Mas terei de contratar alguém enquanto você não sara.— fingiu limpar lágrimas— Com quem eu vou fofo... trabalhar, aliás?

Helena: Desgraça.— sorri— Mas não se preocupa, logo logo eu estarei lá te infernizando.

Maria Clara:,Assim espero, assim espero.

                                   [...]

Maria Clara e eu almoçamos, ela ficou mais um pouco, mas teve que ir porque vai jantar com o Ricardo, Universo, eu nunca pensei ver esse dia chegar... Ricardo namorando e melhor, namorando a minha amiga. Assim que ela foi, aproveitei e vim dormir aqui no quarto e é o que estava a fazer já tem duas horas, até sentir alguém batendo leve o meu ombro.

Marcelo: Helena? Acorda!— acordei vendo Marcelo— Oi!— sorriu— Precisamos conversar.

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