Capítulo 51

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Helena

Eleanor acabou de me dizer que vai embora e por um momento senti meu peito gritar, faz segundos que a ouvi dizer aquelas horríveis palavras... como assim ela vai embora?

Eleanor: Helena, você me ouviu?

Helena: Ahm?— olhei para ela me despertando— Ouvi, ouvi sim.— olhei para o nada e depois para ela— Como assim você vai embora? Onde? Porquê?

Eleanor: Calma.— segurou a minha mão— Podemos conversar agora?

Helena: Agora?— ela assentiu— É que eu preciso acompanhar a Maria Clara ao hospital.— ela sorriu— Mas tenho a certeza que quando eu sair daí eu poderei.— vi seu sorriso nascer.

Eleanor: Tudo bem. Então, quando você sair você me avisa e eu vou te buscar, tudo bem.— assenti e ela veio sorrindo me abraçar e eu só soube me deixar ali sentindo, retribuindo.

Eleanor se despediu de mim e eu fui caminhando até a casa da Maria Clara, encontrei-a abatida, deitada na cama dormindo, cheguei mais perto e a acordei. Esperei ela se preparar e seguimos até ao hospital caladas, esperamos até sermos atendidas, recolheram sangue e urina para exames e ficamos esperando até sermos chamadas, minha amiga está gelada e quando entramos no consultório da Doutora de novo só piorou.

Doutora: Então, Maria Clara, já temos os resultados.— falou sorrindo— Como você tem sentindo sintomas como enjoo, tonturas, muito sono e fraqueza nós examinamos a tua urina e sangue então, o resultado é conclusivo.

Maria Clara: Meu Deus, Doutora, fala de uma vez por favor.— segurei a mão da minha amiga— O que eu tenho Doutora?

Doutora : Bem, parabéns... você está grávida.— a Doutora sorriu e vi minha amiga em choque, quieta e calada, sem reação— Está tudo bem?

Helena: Maria Clara?— a abanei e nenhuma reação— Maria Clara!— ela olhou para mim chorando— Amiga.— a abracei chorando com ela e a Doutora falou baixo que nos dará um momento sozinhas para conversar e saiu.

Maria Clara: Eu estou grávida.— se soltou do abraço olhando para mim— Eu estou grávida, Helena?

Helena: Sim, amiga. Você está.— sorri e ela também— Está tudo bem?

Maria Clara: Eu não sei. Eu sentia tudo aquilo, mas não passou na minha cabeça que fosse isso, é normal?

Helena: Se não for normal será cesárea.— ri e ela riu comigo— Vai correr tudo bem.— a abracei de novo— Eu estarei com você em todo o momento.

Maria Clara: Como se você irá embora?— continuamos abraçadas, mas ela tem razão, eu vou embora e não sei para onde e eu não sei quando voltarei a vê-la, deixá-la será difícil para mim, bastante.

                                  [...]

Não consigo deixar a Maria Clara agora, ela decidiu conversar com o Ricardo e contar e só depois contar para os pais dela, como eles não estão em casa, eles vão conversar aqui na casa dela e eu liguei avisando a Eleanor que não poderei ir até ela e ela disse que virá aqui ter comigo, estamos aqui esperando na sala por Eleanor e ela Ricardo.

Maria Clara: Que demora.—olha para mim— Estás a ver, filho, quem será que te levará na escola?— perguntou passando a mão na barriga e vendo ela mais calma e até feliz me conforta, eu só espero que o Ricardo dê a ela o apoio que eu não darei quando eu for embora.

Helena: O Ricardo levará? Porque entre vocês os dois, ele é o menos atrasado.— falei e ela se fingiu ofendida, mas acabou concordando sorrindo até ouvirmos alguém chegar na sala.

Ricardo: Amor.— falou  vindo até ela a dando um beijo e depois olhou para mim— Olá, Helena.

Helena: Olá, Ricardo.— me levantei— Bem, vocês precisam conversar então, eu vou lá fora... Maria Clara, qualquer coisa grita e você, Ricardo, cuidado que para sair dessa casa você terá que passar por mim.

Ouvi Maria Clara rir, mas notava-se o nervosismo dela e com razão. Fiquei fora no alpendre e senti alguém me observando, olhei para os lados e não há ninguém, mas eu ainda sinto essa sensação, passou alguns minutos e vi Eleanor chegando no carro dela e descer linda usando uma calça jeans azul, uma camisa preta polo e usando óculos de sol, veio até mim sorrindo e isso só me abalou ainda mais.

Eleanor: Olá, Helena.— falou tirando os óculos colocando-os na cabeça— Como está a Maria Clara?

Helena: Bem, ela está bem. E você?

Eleanor: Muito bem na verdade.— ela chegou próximo a mim— Vamos nos sentar?— assenti e nos sentamos no alpendre.

Helena: Por que você foi embora?

Eleanor: Marcelo me expulsou.— olhei para ela que olha para além calma— Ele te viu saindo do meu quarto ontem.— arregalei os olhos— Antes de mais, ele pode fazer isso, a casa, na lei, não é minha e sim dele então, ele fez isso.

Helena: Me desculpa.— a abracei— Me desculpa, a culpa é toda minha.— me soltei dela— Eu... eu vou falar com ele, vou voltar para a minha casa e você volta para...

Eleanor: Ei.— fez carinho no meu rosto— Está tudo bem, eu estou bem, você vai ficar onde está e eu também. Foi até bom, não vou mais me sentir culpada por amar a noiva do meu primo e viver por baixo do teto dele.— olhei para ela com os olhos embaçados e ela sorriu— É, eu te amo, Helena, eu não estava brincando quando disse que agora eu vou lutar por você, não importa ninguém ou o quê, se você quiser a gente pode voltar a tentar e me desculpa, me desculpa ter sido fraca e ter te dito todas aquelas coisas horríveis, eu sou uma pessoa...

Não a deixei terminar e a abracei, a abracei com força, com saudades, com amor, com o meu amor, eu a amo e ouvi-la dizer que me ama é inexplicável, e eu sinto que é verdade, que ela me ama.

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