Capítulo 28

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Helena

Helena: Como assim, mãe?

Paula: É isso, meu amor. Você deve ir viver com o Marcelo. Vocês serão casados não tarda então não seria errado, além do mais, você não está segura aqui com seu pai, você nunca esteve.

Helena: Mas a senhora também não está segura aqui, mãe.— segurei a mão dela— Por favor vem comigo! Eu tenho a certeza que o Marcelo não vai se importar, ele mesmo convidou a senhora também.

Paula: Não dá, tem o seu pai e ele...

Helena: Se separa, mãe. Podemos até fugir, só não me obriga a te deixar aqui sozinha com ele, você sabe que ele vai te culpar, ele vai descontar em você.

Paula: Meu amor, você sabe que o seu pai nunca me daria o divórcio, antes ele me mata, mas o divórcio não. Eu vou ficar bem, mas você...— limpou o meu rosto— Você deve ir, porque depois disso, com tudo o que aconteceu ele não vai parar até te matar.

Helena: Sabe o que eu nunca entendi, mãe? O porquê do meu pai me odiar tanto, eu nunca fiz nada para ele, sempre fui uma boa filha, sempre o respeitei... até parece que eu não sou filha dele.

Paula: Não diz isso nunca mais, minha filha. Olha para mim...— segurou o meu rosto— Eu quero que você me prometa que você nunca mais vai dizer isso, principalmente na frente do seu pai. Me promete!

Helena: Tudo bem, mãe.— olhei estranhando — Eu prometo.

Paula: Obrigada, amor. Agora me ajuda a arrumar as tuas coisas para você ir embora antes mesmo do seu pai chegar.

Helena: Mas não será melhor me despedir dele, mãe? Para ele não ficar mais chateado e acabar descontando em você? Eu vou falar com o Marcelo para ele vir falar com ele, tenho certeza que ele não vai se opor.

Paula: Tudo bem, meu amor. Eu acho que é melhor mesmo, mas vamos começar arrumando já as tuas coisas e depois é só você ir.

Helena: A senhora quer mesmo se livrar de mim, não é?— sorri— Tem certeza que não queres ir comigo?

Paula: Eu tenho, meu amor. Eu vou sentir tanto a tua falta, mas vai ser melhor assim.
                                  [...]

Eu e a minha mãe já terminamos de arrumar as minhas malas, já chamei o Marcelo que se mostrou feliz até pelo telefone e já está vindo e o meu pai já está em casa.

Helena: Estou nervosa, mãe.

Paula: Vai ficar tudo bem. Nós só vamos descer quando o Marcelo chegar, não quero que o seu pai faça pior, sim?

Helena: Está bem, mãe.

Demorou alguns minutos e o Marcelo chegou, minha mãe foi recebê-lo e depois subiu de novo para me ajudar e subiu de novo para pegar as malas. Marcelo me recebeu com um braço e não para de sorrir, parece mesmo feliz por eu sair daqui, quando a minha mãe trouxe a última mala, meu pai entrou na sala nos olhando confuso.

Rogério: O que está acontecendo aqui?

Marcelo: Eu vim buscar a Helena para viver comigo.— disse firme.

Rogério: E porquê? Não estás feliz aqui, filha?— perguntou sorrindo cheio de cinismo.

Marcelo: Acredito que a questão seja a segurança dela e por consequência não tem como estar feliz estando em perigo.— disse com cenho franzido olhando para o meu pai que não está gostando nada disso.

Paula: A questão é que acho melhor ela estar mais próxima do menino Marcelo para se conhecerem melhor, não é?

Rogério: Ninguém pediu a sua opinião, Paula.— olhou para minha mãe e depois para mim— E você, deves ter aberto a boca e lançar o teu veneno para cima do Marcelo, não é? Eu não acho que seja boa ideia vocês irem viver juntos antes de casarem...— disse se sentando— Te dá um ar de vagabunda e filha minha não é nenhuma vagabunda!

Marcelo: O quê você disse?— perguntou indo para cima do meu pai— Nunca mais ouse falar assim da Helena, nunca!

Rogério: Calma...— disse sorrindo— Eu só estou dizendo que as pessoas vão pensar isso dela, indo viver assim tão de repente.

Marcelo: O que as pessoas disserem não importa! A Helena quer ir comigo e só isso importa, agora se o senhor estiver incomodado podemos cancelar o casamento e tenho a certeza que o meu pai não gostará nada da ideia disso, é capaz até dele cancelar a sociedade.—sorriu— E tenho a certeza que não é isso que nós queremos, não é?

Meu pai está furioso e não está conseguindo mais evitar transparecer, a máscara dele caiu e ele não está se dando mais o trabalho de mantê-la. Marcelo fez o que ele mais detesta... desafiá-lo.

Rogério: Tudo bem. Se é o que você quer, Helena.— olhou para mim— Só tenha cuidado, não queremos que você tropece de novo e acabe quebrando coisa pior.— Marcelo estava prestes a ir para cima dele de novo, mas o segurei e minha mãe veio até mim se despedir.

Paula: Meu amor, eu vou sentir tanto a sua falta.— disse chorando— Essa casa não será a mesma sem você.

Helena: Eu também vou sentir muito a falta de senhora.— nos abraçamos— Tem certeza que não queres vir com a gente— sussurrei para que só nós ouvíssemos.

Paula: Sim, minha filha.— disse se soltando do abraço e me olhando— Só por você estar feliz e segura isso já basta.

Helena: Eu te amo muito, mãe.— nos abraçamos mais uma vez até o Marcelo dizer para irmos já porque está ficando tarde e eu preciso descansar— Por favor se cuida e qualquer coisa...— olhei para o meu pai e depois para ela— Qualquer coisa que acontecer me avisa, está bem?

Paula: É claro, amor. Vai lá com o seu noivo e Marcelo, por favor cuida bem dela.

Marcelo: Pode deixar.—sorriu— Vamos?

Helena: Vamos.— abracei de novo a minha mãe— Se cuida mãe.

Rogério: Você não vai se despedir do seu pai, Helena?— perguntou e eu achei melhor fazer isso para não o irritar mais, mas não deveria ter feito, seria melhor se eu tivesse ignorado— Você vai se arrepender por isso, podes apostar que não tarda nada eu vou acabar o que comecei hoje cedo, sua bastarda.

Me largou sorrindo e eu senti um calafrio e uma sensação horrível com o que ele disse, ele nunca tinha me chamado assim, mas acho que foi só pela raiva e isso me deixa mais preocupada, eu estou deixando a minha mãe aqui sozinha com esse monstro e indo morar com dois estranhos que têm se tornado mais do que isso a cada dia e tenho a certeza que comigo tão perto dos dois isso só vai mudar mais.

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