Capítulo 59

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Helena

Paula: Helena!?— minha mãe me sacudia e eu sem reação alguma— Helena, meu amor?— passou a mão na cabeça— Meu Deus, você não reage... o que eu faço?

Minha mãe se levantou e foi até a cozinha e ouvi-a falar com alguém no telefone, só não percebi quem. Ficamos assim durante alguns minutos, ela me chamando e eu não fazendo nada até entrar alguém e de longe eu reconheci esse cheiro rústico.

Eleanor: Dona Paula.— cumprimentou a minha mãe e se sentou ao meu lado— Helena, meu amor? Olha pra mim!— ela segurou meu rosto na direção do dela— Ei, meu bem. Você está bem, sim? Dona Paula, pode trazer um copo com água por favor?

Paula: Claro.— falou minha mãe saindo num pé e voltando no outro com o copo e entregou para Eleanor que recebeu e jogou água em mim.

Helena: Mas que...— olhei para ela — Por quê isso? Era necessário? Sente o frio pelo amor de Deus.— falei me cobrindo com meus braços e ele me abraçou.

Eleanor: É que você não reagia, meu amor. Me desculpa.— se soltou e olhou para minha mãe corando e minha mãe rindo da cara da coitada.

Paula: Relaxa que eu sei de tudo.— falou sorrindo— Só cuida bem da minha menina quando eu partir.

Eleanor: Como assim partir? A senhora está bem?

Helena: Está sim, ela só vai embora para o Brasil com o meu pai.

Eleanor: Seu pai? Mas ele não fez muito mal até para a senhora?— olhou para ela.

Helena: Não.— neguei com a cabeça— Eu quis dizer o meu pai verdadeiro.— olhei para minha mãe que olha para o chão— O senhor Gabriel.— Eleanor levou a mão até a boca e me olhando surpresa— É, eu também fiquei quase assim, só que pior, não é, mãe?— falei me sentando— Me explica isso, por favor?

Eleanor: É melhor eu deixar vocês conver...

Helena: Não.— interrompi Eleanor— Você fica, amor. Nós não temos segredos, não é?— ela assentiu— Mãe!

Paula: Bem, lembra que eu disse que eu fiquei algum tempo no Brasil e nesse tempo eu namorei o Gabriel?— assenti— Então, eu voltei para aqui e me casei com o seu pai, mas eu estava grávida e eu não contei para o Gabriel porque como eu te disse nós nunca mais tivemos contato e acredita se eu pudesse você nunca teria crescido chamando esse traste, o Rogério, de "pai", meu amor.

Helena: Meu pai e meu avô sabiam?

Paula: Que pergunta é essa, filha? É claro que não. Seu avô me mataria e seu pai nunca se casaria comigo.— ela segurou a minha mão— Eles nunca desconfiaram até porque logo que voltei nos casamos e você nasceu um mês antes do previsto, mas ninguém desconfiou.

Helena: Eu acho que alguém sim desconfia.— ela olhou para mim sem entender— Meu pai, quero dizer, o homem que me criou. No dia que eu machuquei o pé ele me chamou de bastarda, naquele momento achei que foi pela raiva, mas agora...

Paula: Não, não, não... ele não pode saber. Ele nos mataria.— segurou minhas mãos— Me desculpa não ter contado, filha. Eu tive tanto medo e vejo agora que não adiantou de nada.

Helena: Eu... eu preciso de um tempo.— me levantei— Não estou chateada com a senhora, eu só preciso de tempo para digerir tudo isso, está bem?— assentiu triste— Vamos, Eleanor.

Eleanor: Até mais, Dona Paula.— Eleanor segurou a minha mão e fomos até ao carro dela, quando entramos ela me puxou para um abraço e comecei a chorar, de felicidade por saber que o senhor que me criou não é o meu pai e decepcionada por a minha mãe ter mentido para mim e permitir que eu vivesse esse inferno quando a gente tinha outra saída— Está tudo bem, amor.

Helena: Está?— me separei dela— Eu estou tão confusa sobre o que pensar e o que sentir, sabe? Parece que tudo ia se ajeitar, eu e você, minha mãe se divorciando do meu pai... aliás, do senhor que me criou e ir embora e ser feliz de verdade.

Eleanor: Mas ainda pode se ajeitar sim.— fez carinho no meu rosto— Isso não muda nada, meu amor, eu sei que pode ser difícil, mas a sua mãe deve ter tido os motivos dela para não ter contado antes, por mais que seja difícil, eu acho que você deve ver o lado bom disso... uma mulher tão boa como você nunca teria um pai como ele.— ela sorriu e eu também— O senhor Gabriel é com certeza mais parecido com você.

Helena: Ele é... nossa! Ele é o meu pai.— levei a minha mão até a boca— Nos poucos momentos que falamos nos demos tão bem, sabe?— ela assentiu— Ele é o meu pai...— sorri chorando— Eu tenho um pai que pode me tratar bem, me fazer sentir segura.

Eleanor: E tenho a certeza que quando ele souber ele te dará todo o amor que você merece.

Helena: O senhor Gabriel é o meu pai. Eu quero tanto conversar com ele mais, o conhecer, saber os gostos dele e os desgostos.

Eleanor: E você vai, amor. Primeiro conversa com a tua mãe, ela vai conversar com ele e depois você.

Helena: Eu fui uma idiota com a minha mãe.— passei a mão na cabeça— Podemos voltar e falar com ela?

Eleanor: Você entra e eu espero por você aqui, tudo bem?

Helena: Está bem, amor.— beijei a bochecha dela e saí do carro e entrei de novo na casa e encontrei a minha mãe no meu quarto cheirando uma peça de roupa minha chorando, ela percebeu a minha presença e olhou para mim— Podemos conversar, mãe?

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