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Por um momento, me identifico com ele, Peter fez isso por seu pai, e ver que está o orgulhando é como um prêmio pessoal que ninguém nunca vai entender.

Quando temos tudo, mas por outro lado não temos nada, às vezes precisamos juntar migalhas para ter algo significativo.

Pelo menos eu sou assim com papai.
Por outro lado, percebo outra coisa em Peter: o quanto repara nos rapazes. Ele não perguntou de nenhuma garota desde que chegou, e sim dos garotos. Respondo o pouco que sei e o observo, já que tinha pouco contato com eles.

Então para mim todos se pareciam com Hades, Kairon, Elliot e Magnus.

— Você costumava ir em competições de xadrez? — Eu tento ajudar a montar o jogo, a sala está vazia.

Ele nega enquanto conserta todos os peões que coloquei errado.

— Tive que ir embora no ano que começaria a competir, adorava jogar com o pessoal da escola antes dele me buscar. — Peter torce os lábios, desconfortável. — Vamos jogar?
— Eu não sei jogar.

— Eu te ensino, ou tento. — E então rimos.

Me ajeito na cadeira e observo tudo perfeitamente arrumado. Não faço ideia de como jogar, nunca me interessei por jogos de lógica, e sim algo mais bruto, então a lembrança do que Hades me disse no vestiário volta à tona.

— Você não me parece muito satisfeito com seu pai — comento, sendo bastante invasiva, mas a curiosidade  é maior. Peter levanta o olhar para mim.

— Esse é meu último ano com ele, pretendo voltar para a minha mãe sem que ele saiba.

Fico surpresa, normalmente os pais chantageiam seus filhos para herdarem seus negócios, talvez com ele funcionasse diferente, ou não tinha nada a perder quebrando a aliança. Quando se tem opções, é sempre mais fácil, eu o admiro por ter e ir contra a vontade de quem ama.

Liberdade é algo que eu gostaria de experimentar.

— Isso é bem radical. — Movimento meu peão.

— É assim que se faz quando não aceitam quem você é, você tem que ser radical.

Eu vou para onde não preciso me esconder.
— Se esconder? Então você é… — Ele então come meu peão.

— Bom, seu namorado pode parar de ciúmes, até porque sou gay, achei que estava na cara.

Paraliso com a peça no ar, encarando-o.

É diferente quando um magnata tem o único filho gay.

A elite é preconceituosa o bastante para o odiarem por isso, é um mundo nojento demais para alguém decente como Peter fazer parte.
Sorrio. Eu estou surpresa demais, e é, de certa forma, até revolucionário. Eles teriam que aceitar.

— Isso é incrível. — Ofereço meu sorriso para ele e me aproximo ainda mais da mesa. —
Hades não é meu namorado, tenho que manter distância dele — continuo. — Seu pai sabe?

Ele balança a cabeça em negação e seu peão come o meu novamente. Percebo que estou perdendo, mas me importa mais saber sobre Peter.

— Deve ser difícil se manter longe quando ele está sempre por perto. — Eu quase concordo.
*
— Bom, meu pai nem pode desconfiar, quem realmente sabe é você e meus amigos de onde vim, então guarde isso.

Continuar...

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