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— Eu não aguentava mais esperar vocês para beber — Noemia reclama alto, para que possamos escutar.

Ela usa um vestido vermelho com a lateral transparente, o decote em seus seios a deixa muito mais ousada do que nós.

Noemia, por sua altura e um corpo esculpido pelo treino constante, chama muita atenção.

Às vezes me pergunto se sou a feia do grupo, mas isso nunca me consumiu, eu sou lembrada do meu valor quase todos os dias.

— Vocês vieram prontas para acabar com a vida de qualquer homem. —

Peter se levanta, ele usa uma calça jeans apertada e blusa de botões azul-claro.

É incrível o quanto ele dá pinta e ninguém percebe, pelo menos Noemia e Ava já desconfiam, mas eu não confirmo e nem nego. Segredo nosso.

— Então vamos começar — Ava grita, enquanto levanta a taça.

De começo, decidimos virar todo o champanhe sem pensar duas vezes, logo pulamos para a tequila, que desce queimando minha garganta. É inevitável a careta a cada dose que é servida.

A cada copo virado, menos eu sentia. Outra dose, e menos eu lembrava.

A bebida demora a bater, sinto minhas bochechas quentes e meu corpo se move sozinho com Renegade estourando por toda a boate, caminho com meu copo em uma mão para observar a pista já cheia.

A maioria procura sempre mais para não pensar muito na realidade, na decepção que vão ser no dia seguinte quando seus pais sentirem o cheiro de álcool vir de cada poro.

A bebida ameniza a saudade e a dor, talvez o sentimento de abandono também.

Tenho medo de sentir demais, isso tende a acontecer quando passo dias sóbria, escutando ordens e vendo que, mesmo quando eu me esforço, o filho preferido continua sendo outro.

A noite parece passar lentamente, me deixando saborear a bebida de cor diferente misturada com álcool e dançar com minhas amigas que estão rindo atrás de mim, de relance vejo Peter com a camisa desabotoada em seu molejo.

— Preciso ir ao banheiro — aviso, todos continuam em suas danças.

Mais para lá do que para cá, caminho pelo corredor dos camarotes, vendo a luz roxa que ilumina o lugar, parece que eu estou em um filme do Spring Breakers. Talvez eu esteja querendo viver tudo de uma vez, como lá, sem medo das consequências, mas sabendo que elas virão.

Desço as escadas mesmo que tenha banheiro no andar em que eu estava, mas deixo para lá o que ia fazer, então puxo o telefone de dentro do sutiã e rolo as conversas.
*
Eu gargalho sozinha com a mensagem imbecil que nunca vou enviar, jogo o celular de volta dentro do sutiã e olho para a garota ao meu lado.

— Homens são uma caixinha de mentiras — comento.

Ela me olha confusa e acena em concordância enquanto suga a bebida de seu copo com o canudo, viro o copo para acompanhá-la e volto para onde estava com as garotas. Quando estou de volta, um homem moreno de roupa social entra e Peter parece conhecê-lo bem, já que o cumprimenta com um abraço.

Continuar....

Atração fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora