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— Você lembra de quando entrou para o ensino médio e decidiu que queria beijar o garoto novo? — Hades me interrompe em meu surto, me fazendo arquear as sobrancelhas em confusão.

Eu anuo. Não estava entendendo onde ele queria chegar com isso.

— Eu te avisei que você beijaria somente a mim, certo? — concordo novamente. —

Ele estava no banheiro, se gabando que iria ficar com você e acabar tirando sua virgindade, mas que você tinha cara de puta e nem devia ser virgem.

— Hades aperta o braço acolchoado da poltrona, como se a lembrança o deixasse com raiva. —

Ele não sabia quem eu era, mas depois que eu o empurrei da escada, o fazendo fraturar a perna, deixei avisado que a única puta era a mãe dele e que não chegasse mais perto de você novamente.

Abaixo a cabeça com sua confissão, me sentindo mal, culpada.

Lembro que talvez eu tenha falado muita merda para ele naquele dia. Sinto culpa por uma coisa que já aconteceu, o odiei por uns bons meses depois disso,  mas não altera nada.

Não entendo porque ele decidiu me contar isso agora e não quando tudo aconteceu, teria evitado uma série de coisas.

Ele nunca me contava os motivos para fazer o que fazia, ele só justificava dizendo que eu o pertencia. Eu não sou um objeto, eu não posso ser tratada como um, eu só quero que ele se comunique mais e faça menos.
Mas Hades é impulsivo.

— Ontem não foi diferente, eu te observei desde que chegou naquela merda com um vestido minúsculo, me deu vontade de arrancar você dali por estarem te olhando com desejo, desejando o que só eu posso tocar. — Um calafrio passa em minha espinha e eu me arrepio. — Mas eu te deixei, até que começou a dançar para aquele filho da puta, eu tentei ir até lá três vezes, mas Elliot me impediu, disse que você não faria nada.

Ele dá uma pausa e bufa uma risada, balançando a cabeça em descrença.

— Você não faria nada, isso era óbvio, ainda mais depois de sua mensagem. — Meu rosto esquenta quando ela me vem à cabeça. — Mas quando você me viu e ele jogou a droga em seu copo no momento de distração, percebi que meu problema ali não era você.

Cole me drogou.

Meu olhar fica vago, procurando algo em minhas memórias e nada vem, tudo foi apagado, não consigo lembrar como saí de lá. Me sinto impotente, traída, eu fui ingênua ao ponto de não perceber.

— Você não fez… — murmuro, com medo.

O encaro com os olhos arregalados, o sangue não é de Hades, então. Os nós em seus dedos já estão me mostrando o que ele possivelmente fez. Ele se levanta e sobe na cama, andando sobre ela. Logo se ajoelha, prendendo minhas pernas entre as suas.

Meu corpo treme com a aproximação e meus lábios também, mais de perto eu consigo sentir o cheiro de ferrugem.

Ele se aproxima ainda mais, fazendo com que eu me deite, então apoia seu cotovelo ao lado de minha cabeça, eu viro o rosto.


Continuar...

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