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Bebo mais um gole do champanhe e tento sair do agarre de papai, mas sem sucesso. Eu sempre me arrependo de vir a esses eventos.

— Meus grandes amigos — a voz grave e carregada com o falso bom-humor chama nossa atenção.

Olhamos para trás ao mesmo tempo, vendo Hades e James lado a lado. O psicopata parece puto, já que odeia seu pai tanto quanto o meu.

Não tem nem comparação, e provavelmente está ali sob chantagem. Pais abusivos têm o costume de nos forçar a fazer o que querem ameaçando nosso ponto fraco.

Neste caso, meu pai me chantageia usando sua confiança, que é algo importante para mim.

Mas até que ponto? Eu não sei, estou bêbada demais para raciocinar sobre isso.

— Fico surpreso em estar na cidade, James — o tom de papai é cínico.

— Não perderia o jantar de meu amigo, é para se comemorar. — James levanta seu copo com whisky, papai fica tenso e Mackenzie o olha confuso.

— Comemorar o que exatamente? — É Hades quem pergunta, ele também segura um copo de whisky.

Seu olhar intercala nos três que estão ali, mas eles parecem simplesmente não ter escutado.

James emenda uma outra conversa, que é voltada para o novo negócio no centro entre Liam e ele. Hades bufa.
— Que se foda — murmura, então se afasta impaciente.

Volto meu olhar para papai, que está dividindo sua atenção entre mim e a conversa, mas em certo momento já não tenho mais seu foco.

O salão tem poucas mulheres, eu conheço algumas por meio de mamãe, mas não gosto delas ao ponto de cumprimentar.

Pego outra taça, colocando-a vazia na bandeja assim que o garçom passa novamente e papai bufa.

— Preciso ir ao banheiro. Licença.

Eu sussurro apenas para Liam e saio na direção oposta a que Hades saiu, mas eu não vou ao banheiro. Meu salto vira novamente e me equilibro, segurando na parede.

Merda. O álcool já está me afetando muito e me conduzindo a um caminho perverso, muito perverso. Por que negar o óbvio?

Dou a volta e vou até a parte da sacada que Hades está encostado, o vento bagunça seu cabelo e ele se prepara para acender um cigarro. Odeio cigarros.

Mas o perfume amadeirado com a nicotina o deixa inconfundível, ele me impregna com isso. Coloco a taça sob a mureta e envolvo seu pescoço com meus braços, ele toma um susto e afasta o rosto, seu cigarro cai junto com o isqueiro.

— Que porra está fazendo? — Ele se abaixa, pegando o que derrubei. Ele joga o cigarro fora e pega outro. — Você tá bebendo mesmo depois de ontem?
Me afasto, rangendo os dentes.

— Agora vou beber de garrafas da minha casa ou de lugares confiáveis, aprendi a lição rápido.

Eu tento novamente e derrubo seu copo, ele se afasta, impedindo que o líquido caia em sua blusa.

— Não beba mais — esbraveja, então joga a taça fora. — Você está bêbada.

Atração fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora