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Atravesso o campo vazio e vou até às árvores no limite do terreno da escola, vejo Peter sentado e encostado no tronco da árvore com um cantil pequeno cheio de vodca que eu pedi para ele trazer.

Ele tem um baseado entre seus lábios.

Me aproximando, ele levanta seu olhar até mim, colocando uma mão acima de seus olhos para que consiga me enxergar.

O sol faz parecer que Peter é cego de tão azul que são seus olhos.
Seu cabelo loiro brilha e está impecável como sempre.

Estamos matando os primeiros tempos das aulas para beber e fumar, ciente que se o diretor ou nosso supervisor fizer algum tipo de vistoria, nossos pais serão avisados imediatamente e a suspensão por três dias será aplicada.

Sei disso graças a Kairon quando foi pego no primeiro dia do ensino médio fumando no banheiro, esse dia eu tive que ir embora muito mais cedo, pois Hades rasgou minha saia e literalmente me mandou para casa, mais tarde ele invadiu meu quarto dizendo que ela estava curta e ele faria de novo se me visse com ela, não ousei usá-la, tinha receio que da próxima vez ele fizesse na frente de todos.

— Ainda bem que você existe para deixar meu castigo menos entediante — falo assim que estou perto o suficiente e ele solta a fumaça pelo nariz.

Me sento na grama de frente para Peter e de costas para o prédio da Dinasty, assim posso evitar que me vejam bebendo.

— Todos precisamos de álcool e, talvez, de um baseado… — Ele estica os dois braços para mim, oferecendo o cantil e o cigarro. Pego apenas o cantil e o abro.

Viro em minha boca, sentindo o líquido fazer minha garganta arder.

O primeiro gole é sempre o pior, depois que me acostumo, nada me atrapalha de terminar.

— Eu só preciso de álcool. — Passo a língua entre os lábios.

— Vai com calma, ainda tendo problemas com seu pai? — ele pergunta e dá mais uma tragada.

— Muitos. Permaneço de castigo, isso significa problemas sérios.

— Se algo que pode ser evitado, só conserte — ele sugere o óbvio, reviro os olhos. — Ou melhor, junte-se mais a ele, precisa de sua confiança, não é?

— Ele não é tão maleável assim, e no momento deve me odiar.

— Você é a vida de Liam, Heather. — Peter me encara com seus olhos azuis bem abertos.

— Ele só fala de você para meu pai, e meu pai quer me jogar para os seus braços de qualquer jeito, mas adivinha? Prefiro outros braços. — Ele dá uma pausa e depois levanta um dedo. — E
masculinos, por favor.

Eu gargalho com as últimas palavras, mas fico feliz em realmente saber quem é Peter.

— Aí está o motivo dele falar sempre de mim; me jogar para seus braços. — Reviro os olhos. — Você realmente acha que ele pode confiar em mim de novo? — Tenho certeza de que pareço uma criança esperançosa perguntando, mas não posso evitar.

Atração fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora