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Nosso corpo quer aquilo que não podemos ter com facilidade, aquilo que é negado e ameaçado.

Então é prazeroso quando eu quase ultrapasso o limite estabelecido. Jogo o cabelo para trás e vejo o olhar de Cole queimando sobre mim, ele se ajeita no sofá e não pisca.

— Mas que merda… — Noemia diz, olhando através de mim, assustada.

Ava, que agora está sentada na ponta do palco, se vira rapidamente com os olhos arregalados, me movo em câmera lenta e peço aos céus que não seja quem eu penso que é. Mas Deus nunca esteve tanto assim ao meu lado.

No outro camarote, com a mão apoiada no vidro, de roupa social toda preta e os cabelos desgrenhados, está Hades me encarando como se fosse atravessar esse vidro. Talvez esteja com raiva, eu nunca sei exatamente o que ele sente.

Merda. Não consigo entender como seu olhar fixo em mim pode me fazer sentir uma mistura de sentimentos, desde raiva a alegria, desde medo e segurança. Hades me deixa confusa demais, e eu estou muito bêbada para pensar sobre isso.

— Bom, precisamos ir embora. — Me viro para elas, então vou cambaleando até a minha bolsa.

Noemia, em seu desespero ao ver Kairon, acaba tropeçando e caindo. Ava a ajuda e eu procuro por minha bolsa, maldita bebida que não passa, tudo parece mais lento do que o normal.

A noite estava boa dentro do possível, mesmo que meus demônios não me deixassem flutuar para longe da bolha miserável de pensamentos, eu estava com minhas amigas e dançando para um desconhecido. Oh Deus, estava fazendo de novo.

— Não acredito que vai embora na melhor parte, baby. — O ruivo se coloca na minha frente, enquanto vasculho tudo para encontrar a merda da minha bolsa. — Beba pelo menos o último gole.

— Muito obrigada, mas já estou indo. — Levanto o olhar breve para ele, mas Cole insiste.

Peter não está mais aqui, não sei se me preocupo com isso ou não.

— Não faça essa desfeita, beba.

Elliot entra no camarote, girando a chave do carro em seu dedo, meu corpo esfria e por nervosismo vendo a movimentação, pego meu copo da mão de Cole e viro, sentindo mais uma vez a bebida me rasgar por dentro.

— O Diabo está muito puto na outra sala, Tinker — diz descontraído, me olhando, mas depois encara Ava. — De você eu cuido agora.

Elliot joga Ava por cima dos ombros e pega a bolsa dela da minha mão, e logo sai sem dizer mais nada, com ela socando suas costas.

Olho para Nono e decidimos mentalmente sair juntas, não temos medo dos garotos é mais algo sobre não passar vergonha. A puxo para fora e o homem ruivo vem atrás da gente, falando um monte de merda.

Continuar..

Atração fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora