E ele finalmente derruba um dos cavalos...

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(Por Lingling)

Eu me sentia uma prisioneira sendo constantemente vigiada pelos homens de Plai, às vezes pela Um Apasiri que continuava indo até o quarto onde eu estava dormindo, porém ficar sem notícias das pessoas que eu amava e da minha empresa era bem pior.
Eu mexia no meu novo aparelho, mas eu sabia que ainda era cedo demais para fazer qualquer ligação nele, eu tinha que esperar o Plai me chamar para em fim começar o jogo.
Depois de ficar quatro dias sem me alimentar e só consumindo álcool o meu corpo finalmente fraquejou e eu desmaiei no jardim, foi uma das empregadas da casa que percebeu o ocorrido e chamou Um Apasiri.
Acordei no quarto assustada com ela me observando, a sua expressão de preocupada não me enganava, então dei as costas pra ela e fiquei olhando para um canto vazio:
- Até quando você ficará assim? – Ela perguntou baixinho – Lingling , você não é mais uma criança! – Ela esperou uma resposta que não veio e suspirou – Eu não vou conseguir te proteger se você não agir como uma adulta.
O meu silêncio persistiu, ouvi quando ela se levantou e ficou andando de um lado para o outro, quando resolveu se aproximar da minha cama ela simplesmente parou.
A porta do quarto foi aberta e um homem entrou:
- Saia daqui – Ele ordenou com a sua voz fria.
Novamente ouvi os passos dela se afastando e sumindo pelo corredor, ele bateu a porta e foi até a cadeira onde Um Apasiri estava, ficando extremamente quieto.
Eu sentia o seu olhar pesando sobre o meu corpo, sentia a sua vibração ruim deixando o ar quase irrespirável... Então ele acendeu um cigarro e ficou fumando, o quarto ficou infestado de fumaça e me fez tossir.
Eu odeio cigarro!
- Eu ia te oferecer um cigarro, mas percebi que você não fuma – Ele zombou.
- O que você quer? – Perguntei ainda encarando o vazio.
- Conversar – Ele se limitou a responder e como eu havia previsto, mandou eu entregar o meu celular para ele, assim que informei onde o aparelho estava ele mandou eu destravá-lo e contra a minha vontade eu me virei e finalmente nos encaramos – Você tem os olhos de sua mãe! – Ele constatou.
- Eu não me importo com isso – Respondi enquanto ele mexia no aparelho.
- Cadê o chip? – Ele quis saber.
- Seus homens não contaram? – Provoquei.
- Fala logo – Ele gritou – Cadê o maldito chip?
- Joguei fora assim que entrei no carro – Respondi sorrindo da expressão em seu rosto, mas ele também sorriu se mostrando satisfeito comigo.
- Nisso você é igual a mim, agiu cautelosamente.
- O que você quer? – Perguntei outra vez e ele alargou o sorriso.
- Primeiro agradecer pela encomenda que você me enviou, fiquei surpreso de você nunca ter usufruído dos seus presentes, eles foram bem caros!
- Nunca me importei com o seu dinheiro.
- Porque você nunca passou dificuldades – Ele afirmou mantendo aquele sorriso perverso – Também chequei uma das minhas contas, você depositou uma enorme quantia lá, o que você pretendia com isso?
- Pagar a minha liberdade, mas eu sei que pra você aquele valor ainda é pouco, você sempre vai querer mais – Constatei.
- Pagar a sua liberdade? – Ele ficou pensativo por alguns minutos – Isso é inusitado, até mesmo pra mim... Você não é uma escrava Lingling, nem uma condenada.
- Se eu não tenho o direito de escolher o meu futuro, então o que eu sou? – Rebati fazendo-o pensar.
- Minha única filha? Você é o legado da minha família e por isso precisa dar continuidade a minha prole.
- E ir contra o que eu sou e o que eu desejo? – Falei ironicamente.
- Você está se referindo àquela vida promíscua? Ou àquela garota loira... Kornnaphat? – Como não respondi ele prosseguiu – Eu queria ter finalizado essa garota, mas eu devia ao avô dela por ter me alertado sobre o atentado contra a Um Apasiri e você, mas percebi que você iria enrolar o inútil do Natthanit... No final, você não me deu escolha!
- Aquele tiro atingiu a mim, porém eu entendi o seu recado perfeitamente.
- Eu sei que você entendeu – Ele se levantou e foi até a porta – A empregada vai trazer algo pra você comer e já mandei renovar o meu estoque de garrafas de uísque, caso você queira continuar se entorpecendo todos os dias no jardim.
- Eu não quero a sua comida – Falei.
- E eu não quero ser obrigado a te forçar a comer – Ele falou baixo, mas senti o tom de ameaça em sua voz, depois sorriu outra vez – Ou eu posso mandar finalmente os meus homens se livrarem da senhorita Kornnaphat assim como eles fizeram com aquela outra... – Ele fez uma expressão que tentava buscar algo na memória – Ah, sim... Victoria? Ela era bonita e os meus homens disseram que ela era uma delícia quando a usaram.
- Você matou a Victoria? – Perguntei surpresa, pois eu sempre pensei que ela havia me abandonado.
- Eu? – Ele apontou pra si mesmo – Eu não fiz nada, mas os meus homens... – Ele abriu a porta e mandou a empregada entrar e se certificar de que eu comeria toda a refeição, então virou-se pra mim – Terminaremos a nossa conversa a noite.
...
Um dos homens de Plai me levou até uma fábrica abandonada e me seguiu por todo o trajeto em silêncio, era a primeira vez que eu saí daquela mansão.
Plai havia mandado me informar que eu deveria ir ao seu encontro, pois tínhamos assuntos pendentes a resolver, eu relutantemente o obedeci, não queria que a Orm sofresse qualquer dano como a Victoria deve ter sofrido, eu me sentia culpada pela minha primeira namorada, ela não merecia o que fizeram a ela.
Encontrei o Plai sentado em uma cadeira de um escritório sujo e desorganizado, ele sorriu ao me ver fingindo estar feliz com a minha presença:
- Olha quem acabou de chegar... Se não é a minha preciosa filha – Ele zombou.
- Porque você me mandou vir até aqui? – Rebati com raiva.
- Você vai ficar fazendo perguntas sempre que eu te chamar? – Ele acenou para o seu funcionário que estava atrás de mim, o homem me empurrou pra dentro da sala e trancou a porta.
Plai puxou uma arma e a pousou sobre a mesa, depois mandou outro funcionário destampar uma das cadeiras que até o momento eu não havia reparado, era um jovem de cabelos loiros, provavelmente britânico, que ao me ver ficou alarmado.
O mesmo tentou se mexer, mas os homens de Plai haviam-no amarrado a cadeira e tampado a sua boca com uma fita:
- Deixe eu fazer as devidas apresentações – Plai continuou – Lingling... Esse é o estupido que atirou em você – Ele se levantou e chutou a perna do jovem – Essa é a minha filha, seu imbecil, como você pôde errar o alvo e acertar ela?
O jovem continuou se remexendo nervoso enquanto eu assistia ao teatro de Plai, além de chutar o garoto, ele lhe atingiu a face diversas vezes com um soco inglês:
- Quer fazer isso Lingling? – Plai perguntou me entregando a peça que estava em sua mão – Soube que você gosta de torturar pessoas.
- Eu nunca torturei ninguém – Falei sem pensar.
- Claro que não, você é como eu, você mandou torturar – Ele percebeu que eu não iria me mexer e trocou o soco inglês pela arma – Afinal, aquele cara mereceu, era um estuprador... Não é?
- Como você sabe disso?
- Você usou o seu sobrenome, não foi? – Ele estendeu a arma – Agora seja uma boa garota e atire nesse imbecil.
- Eu não vou fazer isso – Protestei dando um passo pra trás.
- Não tem coragem? Esse homem atirou em você e merece que você faça o mesmo.
- Eu disse que não vou fazer isso – Gritei dando outro passo pra trás.
- Tudo bem então – Ele respondeu e olhou para um de seus homens.
Foi um tiro a queima roupa, o sangue do jovem se espalhou por todo lugar, inclusive nos meus pés, na cabeça dele um enorme buraco.
Entrei em choque com a cena, mas Plai somente se virou pra mim e se limitou a dizer que se eu não começasse a seguir as suas ordens a próxima pessoa que se sentaria ali seria a Orm.
E então o jogo virou, eu tinha derrubado um de seus piões, contudo ele acertou o meu cavalo.

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⏰ Última atualização: 17 hours ago ⏰

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