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HELENA

Quando Mateus entrou no quarto, pigarreando para chamar nossa atenção, Rodrigo, que continuava segurando minha mão com firmeza, apenas lançou aquele olhar nada amigável.

Ele se aproximou, visivelmente desconfortável, mas mantendo a postura profissional. Olhou para os aparelhos ao redor da cama e, depois, diretamente para Rodrigo.

— Como você tá se sentindo? Depois de dois dias desacordado, eu diria que a recuperação está impressionante. — falou de modo profissional, mas estava nervoso.

Rodrigo deu uma risada curta, um som mais sombrio do que divertido.

Louco pra matar alguém. — comentou.

Mateus arregalou os olhos, surpreso e talvez um pouco assustado. Ele olhou para mim, como se eu pudesse dizer algo para acalmá-lo.

— Rodrigo, menos. — repreendi, segurando sua mão, tentando não revirar os olhos.

Mas ele nem olhou para mim, mantendo o olhar fixo em Mateus.

— Eu sei que você tá de olho na minha mulher. — Rodrigo disparou. — Tá achando o que, hein, caralho?

Mateus balançou a cabeça, negando rapidamente, um tanto chocado com a acusação.

— Não é nada disso! A Helena é só...

— Não adianta negar. — Rodrigo o interrompeu com um sorriso enviesado. — Vou logo avisando que ela tem namorado. Aliás, futuro marido. Porque assim que eu sair desse hospital, a gente vai direto pro cartório, sabia disso? Essa mulher tem dono, seu filho da puta!

Mateus começou a abrir a boca para se explicar, mas Rodrigo foi ainda mais rápido.

— E eu não gosto de ter que dar o mesmo aviso duas vezes. Entendeu, Mateus?

Mateus, ainda assustado, assentiu e voltou a verificar os equipamentos, dessa vez em silêncio total. A tensão era tão grande que qualquer um que entrasse poderia sentir.

Eu só observava a cena, quase sem acreditar.

Quando Mateus terminou de verificar os aparelhos e dar as instruções de cuidados, olhei para ele, tentando aliviar o constrangimento.

— Mateus, obrigada por...

Mas Rodrigo me lançou um olhar severo, e Mateus pareceu pegar o recado, saindo da sala rapidamente, ainda meio desnorteado.

A porta se fechou, e eu fiquei ali, olhando zangada para Rodrigo.

— Você já acabou ou quer fazer xixi em mim pra marcar território? — disparei, cruzando os braços.

Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso com minha reação.

— Não curto esse tipo de coisa, mas, se você quiser, a gente dá um jeito. — ele provocou, com um sorriso de canto.

Revirei os olhos.

— Tô falando sério, Rodrigo. Você assustou o Mateus. Ele só tava aqui fazendo o trabalho dele.

Rodrigo deu de ombros, sem nem um pingo de remorso.

— Foda-se. Ele tinha que saber que você tem dono e sou eu. Aquele filho da puta vai ter que arranjar outra pra ele, você não.

Soltei um riso sem humor e fui até a janela, tentando organizar meus pensamentos. Eu me virei para ele, ainda zangada.

— Dono? Você não é meu dono. Você é meu namorado. E, se continuar com esse comportamento...

Protegida pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #3]Onde histórias criam vida. Descubra agora