HELENA
Eu estava com a cabeça baixa, passando os dedos pela mão de Rodrigo, aliviada de ele estar bem, apesar dos tiros. Foi quando ouvi sua voz, rouca e zangada.
— Quem caralho é Mateus? — murmurou. — Vou acabar com a raça desse filho da puta. — prometeu, ainda meu grogue.
Levantei a cabeça com um sobressalto e vi Rodrigo acordado, com os olhos fixos em mim, uma expressão de leve irritação no rosto.
Um misto de alívio e emoção me invadiu enquanto me aproximava dele, segurando seu rosto com carinho.
— Rodrigo... — sussurrei, sentindo meu peito quase explodir de alívio e felicidade. Eu me aproximei dele rapidamente, levando minha mão ao rosto dele, acariciando sua pele como se eu precisasse me certificar de que ele realmente estava ali, de verdade. — Graças a Deus, meu amor. Você acordou.
Rodrigo pegou minha mão e, sem desviar o olhar, a levou até os lábios, beijando-a com ternura. Depois, ele voltou a olhar pra mim, e repetiu:
— Quem é Mateus?
Dei uma risada curta, surpresa.
— Como você conseguiu ouvir? Você tava inconsciente, Muralha. Por acaso tem superpoderes? — brinquei.
Mas ele não sorriu da minha provocação; sua carranca só se aprofundou, os olhos fixos nos meus, sérios e intensos.
— Escutaria um filho da puta querendo roubar minha mulher até no inferno, Helena. — A voz saiu mais irritada, mesmo que em um sussurro. Ele passou a língua pelos lábios, como se saboreasse a própria raiva. — Ele te quer, sabia disso?
Eu vi seu maxilar se contrair, os olhos duros, como se já tivesse decidido que Mateus era um inimigo.
Que ciumento!
Eu tentava não rir enquanto olhava para ele.
— Óbvio que não, Rodrigo! — rebati, mas ele continuava me encarando, desconfiado.
Ele suspirou fundo, e, com uma expressão teimosa, começou a se mover, tentando se levantar. Fui mais rápida e o pressionei de volta na cama, mantendo-o ali, meu olhar firme sobre o dele.
— Você não vai levantar, seu maluco. Não pode se esforçar agora, precisa descansar — falei, minha voz saindo em um tom firme, quase uma ordem. Ele não ia se machucar mais.
— Descansar? — Ele bufou, irritado. — Helena, eu preciso resolver isso. Preciso ter uma conversa cara a cara com esse tal de Mateus. — ele insistiu, a voz carregada de determinação. — Ou melhor, uma conversa da cara dele com o meu punho.
Suspirei, percebendo que ele realmente estava falando sério.
— E pra quê, Rodrigo? — perguntei, sem soltar sua mão. — Ele só é um colega, nada além disso. Você quase morreu e tá aí, falando em resolver coisas que nem são um problema. O Mateus é meu colega de trabalho, é assim com todo mundo.
Ele me encarou, o maxilar travado.
— Eu sei o que ouvi, Helena. Esse cara te quer. E eu preciso deixar bem claro pra ele o lugar de cada um aqui.
— Você tá exagerando — murmurei, acariciando seu rosto, tentando fazer com que relaxasse.
— Exagerando? — Ele deu uma risada curta e amarga. — Eu ouvi tudo, Helena. Eu preciso perguntar que porra ele quer contigo. Aquele filho da...
— Não, não precisa. — tentei intervir. — O Mateus é meu amigo, Rodrigo. Ele estava preocupado, é normal. Mas eu já disse que não precisava e ele entendeu.
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Protegida pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #3]
RomanceRodrigo Kim Almeida, ou simplesmente Muralha, é um líder implacável e temido no morro do Horizonte, mas vê a sua vida mudar drasticamente após perder a perna em um confronto violento com rivais. Isolado e cheio de dor, ele rejeita ajuda e se afasta...