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MURALHA

Eu sabia que Helena tinha mais raiva guardada do que mostrava, e ela finalmente tinha soltado um pouco disso.

O segundo tapa foi dado com mais força, seguido de outro, e outro. As mãos dela estalando na cara da Marcela repetidamente.

— Continua. — murmurei, satisfeito, com um sorriso sombrio enquanto via a cena.

Cada tapa que Helena dava me deixava mais certo de que ela finalmente tava liberando tudo o que guardava dentro de si. Aquela garota frágil que Marcela estava sumindo.

Marcela tentava se debater na cadeira, mas tava presa, impotente. Os gritos dela de dor e ódio só faziam Helena bater com mais força, como se quisesse calar de vez aquela voz que sempre a atacou.

— Viu? — sussurrei no ouvido dela, colando meus lábios no pescoço, com uma sorriso. — Eu sabia que você queria fazer isso.

O corpo dela ainda tremia um pouco, mas não de medo. Era da adrenalina, da libertação. Minha mulher tava começando a entender que podia reagir.

Marcela, mesmo com o rosto marcado pelos tapas, ainda era uma desgraçada que não sabia a hora de calar a boca.

— Eu te odeio, Helena. Eu odeio você, eu te odeio, eu te odeio! — Marcela falou, com os olhos apertados de ódio.

— Cala a boca, porra! — rosnei, virando pra Marcela com o sangue fervendo. — Acho que você ainda não entendeu, né?

Achei que Helena já tinha dado o suficiente, mas parece que ainda não era o bastante.

Do lado, a Rita, madrasta de Helena, começou a choramingar.

— Helena... — ela chamou, com a voz trêmula. — Me desculpa pelo que eu fiz, minha filha... Por favor...

Helena olhou pra ela, os olhos meio perdidos, e por um momento vi que ela tava hesitando. Tava começando a recuar.

— Eu acho que já tá bom, Rodrigo. — a voz dela saiu fraca, quase num sussurro.

— É óbvio que não tá bom, Helena. — falei, direto, sem rodeios. — Não tá ouvindo essa vadia? — Apontei pra Marcela. — Sinal de que ainda tá pouco.

Helena me olhou, ainda respirando pesado, mas hesitando. Eu sabia que ela queria parar, mas aquilo não era o suficiente.

— Eu podia simplesmente matar as duas agora e acabar logo com isso. — disse, olhando pra ela como se fosse a solução mais simples do mundo. — Quer que eu faça isso, linda?

Era só matar e dar um fim no corpo das duas. Fim.

Rita, presa na outra cadeira, começou a chorar ainda mais alto.

— Helena, não deixa eles fazerem nada com a gente, por favor... — ela choramingava.

Helena deu um passo pra trás, e eu percebi que ela tava cedendo àquele teatrinho.

— Igor, amarra a boca dela. — ordenei sem nem olhar. — Mulher chata do caralho.

Igor não hesitou. Foi até Rita e puxou um pano, amarrando bem na boca dela, abafando os gritos que ela tentou soltar.

— Helena! — foi o último som que ela conseguiu antes de ser silenciada.

Helena me olhou, o rosto dela tava pálido, cheia de dúvidas, mas eu precisava que ela entendesse.

— Solta elas... — a voz dela saiu baixa de novo, quase implorando.

Eu peguei o rosto dela com as duas mãos, olhando nos olhos.

Protegida pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #3]Onde histórias criam vida. Descubra agora