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HELENA

— Dante... eu tô pensando em me mudar. Minha vida tá um pouco complicada nesse momento. — comecei, tentando escolher as palavras com cuidado.

Dante estava do outro lado da linha, e eu já podia imaginar a expressão de descrença no rosto dele.

— Complicada? — Ele riu, mas o som era frio, sem um pingo de humor. — Garota, você tá maluca? O Muralha precisa de você. Aqui. Você não pode simplesmente sair e abandonar tudo.

Minha garganta secou. Eu sabia que não seria fácil, mas tinha que tentar.

— Eu não tô abandonando nada. Eu só... só preciso de um tempo longe.

Ele bufou, impaciente.

— Um tempo? Helena, você tá de brincadeira, né? — O tom dele ficou mais áspero. — Você tem que estar aqui, de prontidão, sempre. Não tem como sair assim. Isso aqui não é um hotel, onde você pode dar check-out e ir embora quando bem entender, porra!

Eu abri a boca para responder, mas fiquei sem palavras. Ele não entendia, ou talvez não se importasse.

Só que antes que eu pudesse continuar, Karina, que estava ouvindo a conversa no viva-voz, se levantou, os olhos faiscando de raiva.

— Quem ele pensa que é pra falar assim com você? — Ela murmurou, furiosa.

Antes que eu pudesse impedir, ela arrancou o celular da minha mão.

— Karina, não! — Tentei pegar o celular de volta, mas ela se afastou.

— Ouve aqui, Dante. — ela começou, a voz afiada como uma lâmina. — Quem você acha que é pra falar assim com a Helena? O quê, você se acha Deus pra decidir o que ela faz da vida dela?

Do outro lado da linha, houve um momento de silêncio, e eu prendi a respiração. Dante finalmente respondeu, a voz carregada de sarcasmo:

— E você é quem, posso saber?

Karina respirou fundo, como se estivesse se preparando para uma briga.

— Eu sou uma mulher muito puta da vida que não vai admitir que, por mais bonito, gostoso e parecido Ok Taec-Yeon você seja, filho da puta nenhum vai maltratar a minha amiga. — ela disparou.

Eu fiquei em choque. Não conseguia acreditar que Karina estava realmente falando com Dante daquele jeito.

— Karina, me dá o celular! — Eu tentei de novo, mas ela levantou a mão, me mantendo longe.

— O quê? — A voz de Dante estava incrédula. Ele soltou uma risada seca. — Ok o que? Quem caralho é esse?

Ela revirou os olhos e deu de ombros.

— Ah, meu filho, remédio pra doido é outro doido. Se você acha que eu tô com medo dessa sua voz ameaçadora, por mais sexy que ela seja, você tá completamente enganado.

Dante riu de novo, dessa vez de forma mais sombria.

— Você tá brincando com fogo, garota. — ele murmurou, a voz ficando mais grave.

Eu podia sentir o perigo naquilo, e meu estômago deu um nó.

— Karina, pelo amor de Deus, para! — Finalmente consegui agarrar o celular, puxando de volta. Coloquei o aparelho no ouvido, o coração acelerado. — Dante, me desculpa. Ela... ela não quis dizer isso.

Do outro lado da linha, o silêncio foi cortante antes que ele finalmente falasse, sua voz fria como gelo.

— Da próxima vez, traz essa sua amiga junto. Quero ver se ela é tão corajosa assim cara a cara.

Protegida pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #3]Onde histórias criam vida. Descubra agora