Capítulo 18

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O Curupira tomou uma das esferas na mão e deu ordem aos angras que localizassem o animista. Esperou, não mais que alguns minutos e já tinha o lugar onde o rapaz chamado Tibor estava.

O menino parou no meio do caminho quando viu Rico interpor-se na trilha curvando a cabeça enquanto o observava. Por mais corajoso que pensou que fosse, Tibor teve que admitir que a presença do mito cabeludo era intimidante.

Sabia que o extraordinário brilho dos olhos era um mau sinal. O jaguar uniu as sobrancelhas e ergueu o nariz querendo demonstrar uma confiança que não tinha. Esperou que o Curupira lhe dirigisse a palavra, uma vez que foi ele que o interceptou, mas ele não o fez. Esperou um pouco e já estava enervado quando perguntou tentando não demonstrar a insegurança que estava sentindo.

-Qual é? Vai dizer ou não o que quer comigo ?

Rico dobrou a cabeça para o outro lado como que raciocinando sobre a pergunta do rapaz e então, passou a mão pelos cabelos suavemente. No instante seguinte lançou uma rajada de fogo que atingiu o animista bem no meio do peito, mas não o manteve queimando no círculo de fogo. Não era essa a intenção do Curupira. Era um fogo de advertência e não um punidor.

Quando o jaguar preto se levantou já todo animista e contra atacou o mito, Rico pulou por entre as árvores arrancando um cipó com apenas um safanão, incendiando toda sua extensão com agilidade. Em seguida o lançou rasteiro no chão guiando-o com um percurso mental. O cipó obedecia como se fosse uma serpente ligeira e enlaçou os pés do animista derrubando-o agilmente.

Em seguida, virando o Jaguar de ponta cabeças, o cipó amarrou-se num galho e o suspendeu mantendo-o dessa maneira. Ele se debatia tentando se libertar e viu que o Curupira se aproximava.

Entendia agora o que Joshua tinha dito sobre ele ser um mito com habilidades jamais vistas e sobre não serem páreos para ele. De fato, a informação era condizente com o momento.

Rico puxou o cipó, Tibor caiu de um só baque no chão. O Curupira esperou que o jaguar estivesse em pé para falar.

-Não sei o que disse para a Clara hoje, mas a magoou. E eu não gostei de vê-la chateada por sua causa.

Tibor observava o mito um pouco receoso. A voz rouca e baixa tinha um timbre ameaçador. Rico continuou a dar o recado.

-Para o seu próprio bem, guarde pra você suas opiniões estúpidas jaguar.

O Curupira já estava se preparando para voltar para sua Quimera quando se lembrou de mais uma coisa.

-Prefiro que essa nossa conversa fique apenas entre nós, se é que me entende.

Tibor mal pôde responder e ficou apenas um rastro de fogo atrás de si. Olhou para o cipó que caia queimado sobre a grama. Pegou-o na mão e tostou as pontas dos dedos.

-Uau. Merda. – O rapaz largou o cipó e observou os dedos chamuscados. Seguiu o caminho todo resmungando e fazendo escárnio do que dissera o Curupira.

-"Melhor manter essa conversa entre nós se é que me entende". Curupira idiota. Pensa que pode impor ordens a todos a sua volta. Ele vai ver só.

Conforme Tibor ia avançando pelas ruas do Vale rumo à casa dos estrangeiros algumas pessoas o olhava desconfiado. Sua camiseta era só pedaços e ele estava todo sujo.

Cheh, Luige e Finn estavam parados na praça central e o estado do rapaz chamou-lhes a atenção.

-Não pareceu que Joshua tinha atingido ele dessa forma. - O camaleão comentou com os outros garotos.

-Reparem melhor. – Cheh foi quem chamou a atenção dos demais – A camiseta dele parece ter sido queimada.

Os jovens animistas riram muito. Eram espertos o suficiente para saber o que tinha acontecido.

O CURUPIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora