Nova Era - Cap. 13

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Clara chegou em casa e já tinha se esquecido do recado de Joshua quando a mãe veio da cozinha e lhe falou.

-Joshua deixou uns papéis de uma pesquisa pra você dentro de um envelope. Eu coloquei em cima da sua escrivaninha.

-Ah mãe obrigada. Eu vou tomar um banho e já desço para o jantar.

A menina subiu e sentia-se cansada. Foi direto para o banheiro e tomou um banho demorado. Desceu e jantou com os pais. Comeu muito e mãe se surpreendeu com o apetite da filha. Narrou todo o treinamento e ouviu algumas coisas sobre os assuntos do pai. Estava com muito sono quando voltou para o quarto.

Caiu na cama e dormiu pesadamente até de madrugada quando acordou muito apertada para ir ao banheiro. Ainda sonolenta ela tateou até o interruptor e derrubou o envelope da escrivaninha no chão. O barulho que fez chamou a atenção da menina porque parecia ter mais que simples papéis ali dentro.

Ela abriu o envelope e tirou de dentro uma caixa parecendo ser um medicamento. Ela olhou melhor e sentiu a barriga gelar. Um teste de gravidez.

As mãos da menina começaram a tremer. Por algum motivo Joshua tinha levantado em sua cabeça a hipótese dela estar grávida. Talvez tenha sido os problemas estomacais ou a tontura que sentiu. E de repente ela foi enumerando os sintomas para ela mesma.

-Excesso de fome, enjoos, vômitos, tontura e indisposição.

A animista se lembrou do dia em que ela e Rico tinham estado juntos na república, no sofá e ela ainda tentou avisá-lo de que estavam desprotegidos, mas foi em vão e eles foram até o fim.

-Não. Não. Não.

Ela soltou a caixa e andou pelo quarto em desespero conversando consigo mesmo.

-Não. Não. Clara, você não vacilou dessa forma. Não.

Depois de alguns minutos a menina sentiu a bexiga reclamar e pegou o teste na mão. Foi para o banheiro, leu as instruções e seguiu os passos.

Era cinco da manhã quando Clara viu Joshua atravessar a Árvore da Vida e seguir pela calçada de pedra rumo a sua casa. Ela tinha estado ali desde as três, sentada no banco da praça com as pernas encolhidas e os braços envoltos nos joelhos. A menina estava esperando por ele, o melhor amigo, o irmão que ela escolheu para ter sempre ao seu lado. O local estava vazio e o rapaz logo reconheceu a silhueta dela.

-Ai Meu Deus.

Ele já sabia o que ela estava fazendo ali e qual tinha sido o resultado do teste. O lince se aproximou e Clara ergueu a cabeça. Os olhos muito inchados ainda choravam. Ela saltou do banco e agarrou-se a ele soluçando.

-O que eu vou fazer?

-Nossa. Meu Deus Clara. Estou atordoado. Não sei o que te dizer.

-Meus pais, eles vão me matar Jos.

-Não pense nisso. Calma.

-Rico não quer um filho meu.

-Não diga bobagens, você está nervosa. Ele te ama, é claro que vai querer esse filho.

-Você não sabe. Não sabe de nada. Ai Meu Deus, o que eu faço?

Joshua segurou o rosto da amiga entre as mãos.

-Jesus Cristo, fica calma menina. Você não pode ficar assim, pense agora no seu bebê.

-Não. Não. Não posso estar grávida Jos. Não posso.

-Você já está. Não é um fato que possa mudar. Agora precisa ficar tranquila, contar ao Rico, aos seus pais, ver um médico e esperar sua criança vir.

O CURUPIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora