Clara entrou no Vale e uma pequena multidão a cercou. Todos queriam ver de perto o bebê mais famoso do mundo animista. Ela foi muito simpática e falou pacientemente com todos. Era uma coisa boa que Rico não estivesse com ela porque já teria surtado com toda aquela gente eufórica envolta do pequeno, tocando-o e querendo pegá-lo.
Ela caminhou até em casa onde os pais a esperava ansiosos. A menina observava o sono tranquilo do filho e soube que ele não estava em nada afetado pelo poder animista, o que foi um alívio muito grande pra ela.
A mãe foi logo tirando o bebê do colo da filha e o pai o beijou carinhoso.
-Halina está vindo com Nando na próxima semana, em definitivo.
A menina arregalou os olhos felizes.
-Vão permanecer aqui? Que notícia boa.
-Sim. Nando vai construir uma casa para eles e pretendem ter um bebê em breve.
-Isso vai ser ótimo pai. Lekan poderá crescer junto do primo. Serão amigos.
Sofia sorriu muito satisfeita e suspirou com encantamento.
-Minhas filhas e agora nosso pequeno Lekan.
O menino abriu os olhos grandes e verdes, resmungou sonolento e Clara se antecipou.
-Acha que ele está bem?
Os pais olharam pra ela confusos.
-Porque ele não estaria?
-Ah pai, o Rico está me deixando louca. LOUCA. – Clara inspirou e depois explicou sua ansiedade. – Ele não queria que eu viesse, acha que Lekan pode não ter porcentagem animista e que estar aqui faria mal à ele.
Davi riu alto e Sofia pareceu indignada.
-O que mais você esperava dele? Clara, Rico é muito intenso com as emoções. Já devia supor que ele ficaria insuportavelmente protetor.
-Não sei como vai ser se ele continuar assim.
-Ele vai se acostumar. Está tudo recente ainda.
Logo após se energizar Rico passou pelo acampamento dos membros da sociedade. Teve o cuidado de não deixar que o vissem. Alguns homens conversavam e riam. Ele avistou Carl de longe e seu sangue ferveu. O desgraçado não tinha se intimidado com o que teve em Salt Lake. Estava amanhecendo e estavam em volta de uma fogueira que tinha sido recém apagada. Deviam estar revezando a vigília no acampamento.
Ele sentiu a vibração das fontes do Bradador. Passou os olhos pelo local. As fitas estavam enroladas como cobras em diversos galhos de árvore ao redor das tendas armadas. Provavelmente Bear Lake tinha contribuído com algum poder mítico para a segurança do local também.
Rico pensou um pouco. Clara estava no Vale e por mais ansioso que estava para voltar não seria má idéia observar o movimento da sociedade instalada ali e tentar infiltrar algum angra para que pudessem saber de detalhes.
O Curupira se acomodou em um galho muito alto e não tão perto e pôs se a observar todo o ambiente e estudar uma maneira de enviar uma fonte sua para o acampamento sem que as fitas do Bradador, ou o próprio, pudesse sentir sua vibração. Estava muito cedo para que eles soubessem que o pessoal do Vale havia descoberto sua localização.
Nas poucas horas que observou, o mito balançou a cabeça e riu satisfeito. Eles eram tão idiotas que alguns membros do grupo de vigília ainda estavam adormecidos em volta da fogueira sem se resguardar de um ataque. Ele poderia queimar a todos vivos naquele instante se quisesse.
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O CURUPIRA
Teen FictionRico olhou fixamente para sua maior inimiga no mundo, Clara Jordani, e intimamente ficou muito surpreso. Tinha ouvido falar o quão poderosa ela podia ser, mas não esperava que fosse tão jovem e estupidamente bonita como de fato era. Ele percorreu o...