Os anciões ouviram o recado e olharam para Clara. Estavam entre a cruz e a espada. As informações eram preciosas, mas a oferta de Tibor chegava ser uma afronta. Não podiam abrigá-lo por vários motivos, o primeiro deles era porque isso causaria um enorme desconforto à Clara por tudo que ela passou por causa dele.
O segundo porque o Curupira certamente iria declarar guerra à comunidade e isso estava fora de questão pra eles.
Lottero estava pensativo.
-Temos que fazer um acordo com Tibor que não ofenda Rico e não desconsidere os sentimentos de Clara pelo o que ela sofreu em Salt Lake.
A menina respirou fundo.
-Lottero, por mim está tudo bem, mas você sabe, Rico vai surtar.
-Sei, nem podemos dizer que ele estará exagerando dessa vez. E, afinal, onde ele está?
-Ele teve que resolver algumas coisas e disse que levaria dois ou três dias. Deve aparecer entre amanhã ou depois.
Halina comentou mais pra si mesma que para os demais.
-Estou começando a me preocupar com a reação do Curupira. Parece que ele fez sua fama nisso.
Paulo esboçou um meio sorriso.
-Ele fez. Mas não se deixe impressionar apenas por isso. Rico fez muito por nossa gente sem que tivéssemos pedido. Salvou a vida de vários de nós, matou Alamoa em prol da segurança de Clara, lutou contra o Bradador e colocou sua prole, seus angras e sua irmã Luara a nosso favor. Mesmo quando rompeu com a relação foi pensando na vida dela e manteve sua palavra sobre a trégua. Não somos um povo ingrato, o amor dele por Clara o modificou mais do que ele próprio se deu conta.
Lottero e Davi concordaram.
-Verdade. Podemos lidar com a fúria dele.
-E Clara é sempre um porto seguro que o mantém no limite mesmo quando a gente acha que ele vai explodir.
Todo mundo riu e Clara sentiu que sua família verdadeiramente gostava de Rico. Sentiu que amava muito todos eles e que seria muito difícil ter que partir do Vale.
Rico buscava os pensamentos da menina pra saber se ela estava na Casa Colonial, mas a julgar pela ausência de resposta ela devia estar no Vale. O mito precisava de notícias e foi até a república. Os garotos estavam lá e ele entrou cumprimentando-os com um aceno de cabeça.
Era bem cedo e ele achou que os animistas era um povo que gostava de trabalhar. Joshua o viu chegar e soube que a manhã ia ser difícil. Finn e Cheh se aproximaram e Luige ficou aos arredores. Laila chegou e passou por ele sorrindo sem jeito.
-Clara está na comunidade?
- Ela está correndo a mata com Nando e Halina e depois virá pra cá.
Ele assentiu. Achou que ela estava no Vale por não responder aos seus pensamentos, mas a verdade é que nunca conseguia fazer com que a namorada tivesse progresso nesse tipo de comunicação. Com exceção da vez em Salt Lake, ela nunca desenvolveu essa habilidade muito bem. Ele decidiu encontrar-se com ela em algum ponto da floresta, se virou pra sair e Jos achou que era melhor falar logo sobre o jaguar.
-Tibor esteve aqui.
O Curupira se voltou para encará-lo e suas íris já pareciam duas luas cheias.
-Não acredito que ele se atreveu.
-Pois é, ele se atreveu.
-Onde estava Clara?
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O CURUPIRA
Teen FictionRico olhou fixamente para sua maior inimiga no mundo, Clara Jordani, e intimamente ficou muito surpreso. Tinha ouvido falar o quão poderosa ela podia ser, mas não esperava que fosse tão jovem e estupidamente bonita como de fato era. Ele percorreu o...