Rico chegou à casa da árvore e viu Lia dormindo em sua cama e vestindo uma camiseta sua. Ela estava envolta nas colchas que antes tinha coberto Clara e ele bufou impaciente. Tirou os lençóis debaixo dela com tanta força que a menina esborrachou no chão acordando imediatamente.
Ela se levantou um pouco tonta e o Curupira sabia que ainda estava sem forças o suficiente para se manter em pé por muito tempo. Ele foi curto e grosso com ela.
-Se quiser durma no puff ou na rede da varanda, mas não em minha cama.
Ele olhou para ela. A maldita serpente vestia apenas sua camiseta que mal chegava em suas coxas. Pensou que se Clara chegasse ali ficaria brava e de repente pensou que talvez ela nem se importasse.
Lia caminhou até a varanda e se deitou na rede. Minutos depois ela estava adormecida e Rico sabia que a garota ainda dormiria um outro dia inteiro. Pensou que era um bom momento para comunicar ao Boto que ter Luara como favorita não estava no acordo. Por fim, o mito acabou por se sentir aliviado nessa decisão. O irmã era a melhor braço direito que alguém podia ter, e para sua própria surpresa ele se descobriu preocupado com o querer dela.
Luara estava muito infeliz com a decisão do irmão e ele se agradou de Clara ter interferido em sua decisão, mas tomaria mais cuidado, tinha que ter feito isso em consideração à lealdade da irmã a ele e não somente porque a namorada havia se abalado com o fato. No final, Rico murmurou mal-humorado pra si mesmo.
-Estou ficando um maldito sentimental.
Ele foi até a Quimera do Boto resolver isso de uma vez por todas.
Lia acordou e já era bem noite. Ela olhou desconfiada para o local e se lembrou que o Curupira a tinha trazido para essa casa. Depois ela acordou, tomou um banho e achou um guarda-roupas com milhares de camisetas e colocou uma, mas ainda se sentia fraca e se deitou na cama enorme e dormiu mais. Lembrou-se também de ter caído e dele ter dito que não a queria na cama. E então, ali estava ela, na rede da varanda.
A moça se levantou e foi para dentro da casa. Acendeu a luz e olhou o ambiente. Era uma casa linda e muito espaçosa. Ela sorriu e achou que estava com sorte. O Curupira mantinha uma casa fora da Quimera, provavelmente para se encontrar com Clara, ela imaginou. E a tinha, por algum motivo, a trazido pra cá.
Ela se sentiu faminta e foi até a cozinha. Abriu os armários e viu muitos mantimentos e guloseimas.
-É bem preparado o homem-labareda.
A serpente riu sozinha e se serviu de várias coisas das quais gostava de comer. De onde estava viu a parede cheia de livros, a decoração requintada e pensou que o mito era muito vaidoso.
Tentou se lembrar do que tinha acontecido. Ela tinha chegado a Manaus e tentado falar com Rico algumas vezes, mas ele não lhe deu muita atenção. Ela adentrou sua Quimera e lutou com a irmã dele para permanecer lá. E de repente ele apareceu, muito furioso e a atirou pra fora. Lia se lembrava que tentou lutar e adotou a defesa para ao menos permanecer viva. Ele era forte e estava muito zangado e de repente a segurou pelo pescoço e olhou bem fundo nos olhos dela e então ela apagou.
A serpente se aproximou das estantes e da escrivaninha do outro lado da casa. Ele tinha um mapa aberto e algumas anotações. Ela observou que era um mapa das Quimeras e alguns pontos demarcados. Olhou com atenção e a mente inteligente fez as ligações.
-Então o Curupira é um tremendo estrategista. Planeja passo a passo seus ataques e tem tudo milimetricamente mapeado.
A animista se deu conta do porque Rico era praticamente imbatível. Ele tinha uma super inteligência humana aliada a sua força mítica. Os demais lendários lutavam aleatoriamente e entravam em uma batalha contando apenas com suas forças. O Curupira não, ele tinha os pontos fracos de seus aliados, esperava a hora certa e sabia exatamente o que estava fazendo no momento que decidia atacar.
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O CURUPIRA
Teen FictionRico olhou fixamente para sua maior inimiga no mundo, Clara Jordani, e intimamente ficou muito surpreso. Tinha ouvido falar o quão poderosa ela podia ser, mas não esperava que fosse tão jovem e estupidamente bonita como de fato era. Ele percorreu o...