Nova Era - Cap.22

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-Hei Dorminhoco.

-Hum.

-Está tudo bem? Nunca te vi dormir tanto.

Ele sorriu sonolento.

-Você acabou comigo esta manhã. Vou ter que me energizar em dobro pra me recuperar.

A menina riu alto.

-Você me deixa envergonhada.

-Que nada, adoro isso.

-Tenho que ir ao Vale.

-Não quero que vá.

-É que tenho muitas coisas pessoais minha lá, preciso trazer tudo pra cá.

-Não hoje.

Ele finalmente abriu os olhos.

-Vou tomar banho e passaremos pela república.

-Por quê?

-Tenho algo pra você que está lá.

A menina ficou excitada, ela adorava surpresas.

-O que é?

-Não posso dizer.

-Uma surpresa?

-Isso.

Ele se levantou e foi para o chuveiro. Quando saiu, com uma toalha enrolada na cintura, ela já estava pronta aguardando-o ansiosa. Rico teve que rir do jeito dela. Parecia uma criança feliz. Ele se aproximou e acariciou sua barriga.

-Como vai meu menino?

Clara o olhou com muito carinho. Da maneira que ele falou parecia que ele já amava seu filho, mas ela não quis criar expectativas que ainda não estavam superadas. Preferia pensar que ele estava no caminho de querer aquela criança tanto quanto ela. Mas ainda assim, ficou muito feliz com a atenção dele ao seu pequeno Lekan.

-Bem.

Ele a olhou atentamente e enlaçou sua cintura. O corpo úmido dele era muito bem vindo se encostando no dela e a menina achou que estava ficando viciada nele. Clara pensou que sem dúvida eram os hormônios da gravidez que a estava transformando em uma pervertida, pois só pensava em estar intimamente com Rico e tudo entre eles terminava na cama. A voz dele a trouxe de volta a realidade do momento.

-Escuta, eu sei que pensa que não gosto dessa criança e isso não é verdade. Eu fui horrível quando soube da gravidez e nunca vou poder mudar a maneira que eu reagi à notícia. Mas Clara, talvez não saiba expressar, eu...eu tenho afeição por Lekan.

Ela concordou. A palavra "afeição" definitivamente não caia bem na boca de alguém que ia ser pai. A animista, entretanto, pensou que era um grande passo ele lhe dizer isso sobre o filho. Ela estava entrando na sua vigésima semana e já podia sentir pequenos tremores na barriga, Lekan estava crescendo e em breve seu ventre estaria em evidência.
Clara achava que isso colocaria Rico muito mais dentro do universo "vou ser pai e não tem jeito" e sua "afeição" poderia, quem sabe, se transformar em amor.

Eles decidiram ir caminhando para a Casa Colonial e era um percurso longo. Para surpresa de ambos eles esbarraram com Tibor no meio da mata. Os olhos de Rico lampejaram sua insatisfação de encontrar o jaguar e o animista os cumprimentou com cautela.

O americano já estava saindo do caminho deles quando Clara o chamou e ele se virou surpreso. Rico também se espantou com ela.

-Eu nunca tive oportunidade de te agradecer por ter salvo minha vida. Poderia ter perdido meu bebê se você não tivesse me socorrido a tempo.

O CURUPIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora