Nova Era - Cap.36

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Duas semanas depois Clara não tinha ainda saído da casa da árvore e ficou integralmente à mercê do filho. Sua mãe passava parte do dia com ela e o pai vinha no final da tarde ver o neto. Joshua também não deixou de aparecer.

Rico ficava o tempo todo com Lekan nos braços e a animista implicava com ele. Dizia que ia deixar o menino manhoso e mal acostumado, mas ele não se importava. Colocava seu bebê para dormir em pé em seu peito e amava ver o filho espalmar a mãozinha tão frágil sobre ele enquanto o segurava pelas costas sentindo sua respiração tranquila.

O Curupira estava balançando na rede com o garoto grudado nele e pensava que tinha que se energizar. Estava no seu limite, mas não queria se separar de Clara e de Lekan. Embora Timóteo ainda fizesse a segurança junto com os animistas e tivesse angras cercando toda a área e nos cômodos da casa, ainda assim se sentia inseguro em ir.

Olhou para a criança que tinha os olhos abertos e sorriu orgulhoso. O menino era mesmo todo ele. Ao contrário do que Cheh imaginou, a cor dos olhos do filho eram exatamente como os seus, muito verdes. Embora soubesse que ele ficaria feliz se Lekan fosse parecido com Clara, não podia esconder a satisfação dele ser todo curupira.

Clara se encostou na soleira da porta e observou Rico balançar com Lekan em seu peito. Nunca imaginou que ele fosse ficar tão apaixonado pelo filho. Ele passava horas e horas com o menino no colo apenas olhando para ele. Vez ou outra beijava a cabecinha do bebê e acariciava as bochechas rosadas.

Ele olhou para ela e sorriu. A esposa já estava em boa forma e com tudo no lugar. Ela tinha explicado à ele que era a força animista que predominantemente comandava seu corpo e por isso uma semana depois ela tinha a barriga chapada como se nunca tivesse se esticado tanto.

Apenas os seios, que estavam cheios de leite, ainda permaneciam maiores do que eram. Rico estava louco para que o tempo que ela chamava de resguardo passasse logo porque estava muito condenadamente desejoso dela.

-Se não deixar que ele durma em seu cesto pelo menos por algumas horas, ele nunca vai se acostumar.

-Ele gosta de ficar aqui.

Ela riu.

-Você gosta que ele fique ai.

-Eu amo tê-lo aqui. Porque se incomoda tanto?

-Não me incomodo. Apenas não quero que ele fique mimado.

Rico estendeu sua mão.

-Vem cá.

Ela se aproximou e o rapaz abriu a rede para que ela se juntasse a eles. A menina deitou-se aninhando sua cabeça no peito dele e colocou sua mão sobre a dele que segurava o filho cuidadosamente.

-Vou precisar me energizar. Pedirei para Davi ou Joshua dormir aqui com você.

-Não é necessário.

-É sim. Em poucas semanas vamos pra cima dos bastardos que acham que podem criar uma nova espécie, mas enquanto isso, não te quero sozinha com Lekan.

-Posso ficar dentro do Vale. É seguro.

Rico pensou um pouco. A idéia de chegar e não tê-los ali em casa não o agradava. Teria que esperar alguém buscá-la no Vale e saber que ambos, mulher e filho, estavam em um lugar que não podia entrar era ruim.

-Não. Quero você e ele aqui quando eu chegar.

Ela olhou para ele contrariada.

-Não acha que esta agindo com um pouco de intransigência?

O CURUPIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora