Nova Era - Cap.42

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Rico farejou o ar e os olhos se acenderam perigosamente. Ele disse sucintamente. 

-Eles estão no Recanto dos Botos. 

Sem esperar por ninguém, ele desapareceu em uma velocidade que nenhum deles ali seria capaz de alcançar. Os animistas o seguiram, cada um com sua agilidade animal peculiar. Clara, como guepardo, chegou apenas uns minutos depois do Curupira. 

Joshua estava caído sobre a grande pedra à margem do rio e parecia desacordado. Timótio lutava com Bear Lake e Luara estava encurralada pelo Bradador e suas malditas fitas vivas. 

A presença de Rico foi sentida e o rosto cadavérico do Bradador pareceu sorrir satisfeito. A voz fúnebra foi ouvida por todos. 

-Ai está você Curupira. 

Rico mandou um angra de fogo no meio do peito do Bradador e a luta entre eles começou sem que o mito dissesse uma só palavra. Animistas e membros da sociedade se atracaram em uma luta acirrada. 


Enquanto isso no Vale...

Lia passou pela torção da árvore. E se esquivou através do grande pomar onde sua presença não seria facilmente notada. Ela olhou ao redor. Há muitos anos não entrava ali e tinha se esquecido como o Vale era magnífico, em especial com a luz alaranjada do entardecer. Algumas crianças brincavam despreocupadas e sequer olharam pra ela quando passou. 

Depois de uma curta caminhada, ela chegou à casa que procurava. As luzes lá dentro já estavam acesas e a serpente rodeou para os fundos. Com um pouco de sorte, Davi não estaria em casa. Ela se lembrava bem que a mãe de Clara e Halina não tinha a saúde muito boa, era uma animista passiva, o que significava que ela não lutava. Seria uma presa fácil. 

Abrindo a porta da cozinha, Lia entrou sorrateiramente. Sabia que o filho do Curupira estava ali. Tinha feito plantão na frente do Vale por mais de doze horas, viu quando ele entrou com a idiota da Clara, viu quando a sociedade iniciou a primeira parte do plano atacando Joshua e Luara, esperou até Rico sair com Clara e a criança e em seguida quando a guepardo dos infernos voltou para dentro do Vale para deixar o menino. 

Tudo saiu perfeitamente bem, como Carl calculou. Andando devagar, Lia ouviu Sofia cantando para o menino e revirou os olhos enojada. A mulher vinha descendo as escadas com o bebê adormecido nos braços e estacou quando a viu parada no meio da sala. 

A mão da mulher foi protetoramente para as costas do neto apertando-o mais ao seu corpo. Ela sussurrou temerosa.

-Lia...

A serpente foi rápida em se aproximar e agarrar o menino. Sofia resistiu, gritou. Lekan começou a chorar com a retirada brusca do seu colo aconchegante. Lia segurou o menino desajeitadamente enquanto Sofia tentava desesperadamente reaver o bebê. Empurrando a mulher com força, Lia seguiu para a porta enquanto Sofia caia de qualquer jeito em cima da mesa de centro que se estilhaçou em muitos pedaços. 

A animista caminhou depressa para a porta. Precisava ser muito rápida porque a casa dos pais de Clara não era próxima do Portal, mas antes que a serpente pudesse fazer qualquer tipo de movimento para fora, Tibor apareceu na soleira. Sofia ofegou nervosa. Lia fez um gesto de desdém. 

-Não preciso da sua ajuda Jaguar. Saia da frente. 

-Não estou aqui pra te ajudar Lia. 

Estreitando os olhos perigosamente, Lia observou Tibor se aproximar.

-Me dá a criança Lia ou eu...

-Você o quê?

Rindo alto a animista má estava agora bastante irritada. 

O CURUPIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora