Como não sabiam quando as energias das fontes do Bradador poderiam estar esgotadas, os líderes da comunidade decidiram por fazer grupos de plantão pra averiguar o cemitério diariamente até o momento da batalha.
Joshua e Clara estavam deitados em cima de um imenso túmulo olhando o céu todo estrelado. Estavam em silêncio envoltos em seus pensamentos. Há uma semana o cemitério estava sendo vigiado e nada de estranho tinha sido percebido. A menina pensou que Rico não deu notícias e seu braço estava agora num estágio muito ruim.
Com certeza estava sofrendo uma queimadura de dentro para fora. Parte do pulso estava em carne viva e ela fora obrigada a fazer uma atadura pra isolar o ferimento.
-Posso te fazer uma pergunta muito particular Clara?
-Sim.
-Você e o Rico já... aprofundaram o relacionamento?
Clara achou estranho o amigo abordar esse assunto, mas respondeu sem constrangimentos.
-Não. Ainda não.
Silêncio novamente e o amigo voltou a perguntar.
-Seria muito indiscreto perguntar o porquê?
-Seria. – Depois de um minuto a menina riu e se virou para olhá-lo – Deixa de besteira Joshua. Somos melhores amigos, claro que pode me perguntar qualquer coisa. Tentamos uma vez, mas o corpo dele se transforma, não tolera a proximidade, quer dizer, esse tipo de proximidade.
Joshua riu alto e Clara questionou o amigo.
-Porque está rindo?
-Porque isso é muito irônico. Ter uma garota incrível como você nos braços e ter o corpo incompatível a ela.
-Vamos conseguir. Temos que quebrar a barreira pouco a pouco, como fizemos no início.
O amigo segurou a cabeça com uma das mãos e olhou pra Clara. Ele estava sério.
-Acha que vai conseguir viver dessa forma? De verdade, acha que pode ser feliz tendo que quebrar barreiras dia a dia pra qualquer situação que seja?
-Porque está me dizendo isso?
-Porque me importo com você. Quero que você seja feliz e eu estou vendo, estou acompanhando de perto cada dificuldade que está enfrentando pra ficar com ele.
Joshua se sentou e Clara também. Ficaram de frente um para o outro. As pernas cruzadas como faziam os índios.
-Ele é explosivo e muito temperamental. Mandão, ciumento, possessivo e absurdamente passional. Eu estou seriamente preocupado com você no meio dessa descarga gigante de emoções incontroláveis da qual ele faz parte. E agora isso.
Joshua segurou com cuidado o pulso da amiga.
-Clara, você está lidando com alguém que controla um exército com um pensamento. Tem noção da imensidade da situação? Hoje ele está apaixonado e morre por você se for preciso, mas e daqui um tempo? E se ele se cansar? Ou pior, e se você não quiser mais levar essa vida insana? Como ele vai reagir? Eu temo pela sua segurança.
A menina segurou as mãos do amigo.
-Sei que você tem razão em tudo que me disse. Mas está enxergando as coisas de apenas um ponto de vista. O de um amigo preocupado e eu entendo. Mas Jos, quando eu estou com ele – A menina suspirou e tentou achar palavras para explicar. – meu mundo faz sentido, me sinto plena e feliz. Eu acordo todos os dias querendo estar perto dele e sentir a boca dele na minha, e quando ele me beija, eu só penso que não queria estar com mais ninguém daquela forma. O jeito como ele me olha e me rende apenas com a sua presença, você não entende, é como se eu soubesse que sou dele de todas as maneiras e não poderia ser de mais ninguém nunca mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O CURUPIRA
Teen FictionRico olhou fixamente para sua maior inimiga no mundo, Clara Jordani, e intimamente ficou muito surpreso. Tinha ouvido falar o quão poderosa ela podia ser, mas não esperava que fosse tão jovem e estupidamente bonita como de fato era. Ele percorreu o...