A recepção era imensa, luxuosa e aconchegante. A recepcionista observou que havia um nervosismo incomum entre eles e se preocupou. Pensou em chamar a segurança, mas não houve tempo.
Clara veio rindo pelo corredor e Mateo estava junto dela falando alguma coisa que a fazia rir ainda mais.
Rico a viu e sentiu-se derreter por dentro. Ela vestia um shorts curto e uma blusa branca e transparente que caia solta e leve pelo corpo dela. O Curupira olhou para a barriga da menina. Ele conhecia cada centímetro do seu corpo e podia ver o que ninguém mais conseguiria. Uma ondulação muito leve já era visível em seu ventre e os seios com certeza estavam mais cheios.
O cabelo estava trançado e apenas a longa franja pendia livre sobre seus olhos. Joshua sorriu ao vê-la tão bem e o pai da menina tinha um nó na garganta.
A animista olhou para o saguão da recepção e ficou subitamente muito pálida. O riso morreu em seu rosto e sua respiração se acelerou. Não esperava vê-los tão já. Ela passou os olhos por Jos, o pai e ao lado dele Rico.
Cada um tinha uma expressão diferente nos rostos. Rico com certeza estava muito mais sério e seus olhos se voltaram para o rapaz ao lado da namorada. A luz ciumenta se acendeu, mas ele teve que se controlar.
Mateo olhou para o rosto pálido da amiga.
-Você está bem? Clara, está sentindo alguma coisa?
Ela olhou para ele e tinha o rosto muito assustado, mas consentiu. Ver os três homens mais importantes da sua vida na sua frente, encarando-a e com expressão de felicidade, emoção e cautela, era mais que ela podia esperar desse dia.
-Eu.estou.bem.
O rapaz colocou a mão na barriga dela e falou preocupado.
-Quer se sentar?
Rico deu um passo e ia atirar o rapaz que tinha a mão na barriga da sua namorada com seu filho, do outro lado do pantanal, mas Davi segurou o pulso dele e o impediu. Mateo seguiu o olhar de Clara. Soube desde que entrou na recepção que os homens eram animistas, mas em sua distração não os ligou diretamente a vida pessoal da menina. Ele olhou para Rico e se assustou com a luminosidade dos olhos dele.
Clara se virou depressa para ver se a recepcionista estava olhando pra eles, mas felizmente ela estava entretida ao telefone.
Mateo deu dois passos a frente e sussurrou impressionado.
-Nossa, é o Curupira.
Clara se surpreendeu com o reconhecimento dele.
-Sabe dele?
-Claro. Todo o mundo animista sabe da sua história e da aliança que ele tem com nosso povo agora.
A menina concordou. Seu pai se aproximou e a tomou nos braços. Ela não resistiu. Abraçou-o com força e ele tomou seu rosto nas mãos emocionado.
-Será que vai me perdoar algum dia?
-Ah pai.
Joshua também chegou perto e tentou repreendê-la, mas sua voz traiu sua intenção.
-Você merecia umas palmadas menina. Quer nos matar de preocupação?
-Desculpa Jos.
Os dois homens deram espaço pra ela e Rico a olhou com ternura. O mito se aproximou e tocou o rosto dela. Pegou sua trança e brincou com os gomos entrelaçados. Sua voz era calma como sempre era quando falava com ela, mas tinha uma emoção que somente a menina que o conhecia tão bem podia detectar. Ele encostou a testa dele na dela e sussurrou.
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O CURUPIRA
Novela JuvenilRico olhou fixamente para sua maior inimiga no mundo, Clara Jordani, e intimamente ficou muito surpreso. Tinha ouvido falar o quão poderosa ela podia ser, mas não esperava que fosse tão jovem e estupidamente bonita como de fato era. Ele percorreu o...