Nova Era - Cap.41

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-Por Deus Rico, você foi aceito pelas forças superiores...

-O que é isso?

-Nossa força animal que comanda o povo animista.

-Como sabe?

-Porque o portal só se abre para um animista. É como se fosse um de nós.

Vem comigo.

Joshua o levou para a casa de Davi. Clara levou um susto ao vê-lo ali dentro.

-Rico, Jesus, aconteceu alguma coisa?

-Eu...não...Só que o portal se abriu pra mim.

-Como assim?

-Não sei. Me encostei no tronco da árvore e ela me puxou pra dentro.

Sofia e Davi arregalaram os olhos incrédulos. A notícia correu como um tiro de bala dentro do Vale e em meia hora havia um tanto considerável de pessoas ali dentro.

Paulo e Lottero chegaram logo. O ancião mais velho perguntou como Rico se sentia.

-Normal. Não me sinto mal em nada.

O homem pensou um pouco.

-Foram os votos. Só pode ser.

Davi e todos os outros queriam entender melhor.

-Como assim?

-Quando Rico fez o voto de fidelidade eterna aos nossos princípios o guepardo de Clara o saudou como um igual. Ele foi realmente tomado como um de nós por isso o portal o reconheceu.

Finn tinha uma dúvida que não era apenas dele.

-Mas porque só agora? Quase um ano depois?

-Não foi apenas agora. Por certo ele seria reconhecido no momento seguinte aos votos, mas não aconteceu porque Rico nunca mais tentou entrar.

Clara abraçou o marido e mal podia conter sua felicidade. Sem mais reclamações sobre o Vale e o fato dele não poder frequentá-lo.

Joshua pensou alto.

-Vou fazer os meus votos com Luara assim que o combate estiver finalizado.

-Ela vai ficar feliz de poder vir morar no Vale.

Rico bufou indignado.

-Você disse que ia construir no quintal da Casa da Árvore.

Todo mundo olhou para os dois. Era isso mesmo? Rico queria Joshua e Luara por perto?

-Eu sei, mas isso foi antes de saber que ela podia vir morar aqui um dia. Sabe que essa sempre foi a vontade dela.

Sofia falou sonhadora.

-Você e Clara poderiam vir morar aqui Rico. Lekan cresceria no Vale junto de nós.

O Curupira ficou em silêncio. Estava muito feliz por ter acesso livre à comunidade, mas vir morar dentro dela era outra história. Tinha sua Quimera para cuidar e todo o seu domínio ficava visível da Casa da Árvore, sua prole e seus angras eram livres para ir e vir da sua casa. No Vale não seria assim. Clara compreendeu que não era um assunto fácil de se resolver e interveio na situação.

-Luara não tem as mesmas responsabilidades que Rico na Quimera mãe.

Morar aqui dificultaria muito, mas estou feliz que ele possa entrar sem restrições. Muito feliz.

Ela beijou o marido e ele se sentiu aliviado pela compreensão dela. Rico pegou o filho no colo e Davi fez uma proposta tentadora.

-Porque não nos reunimos na praça central para uma pequena celebração?

Os garotos mais jovens ficaram entusiasmados.

-Isso mesmo. Foi uma semana árdua e é a primeira vez que o Curupira adentra o Vale como um dos nossos. Vamos comemorar.

Joshua se aproximou.

-Consegue alcançar os pensamentos de Luara?

-Não daqui.

Rico pensou na irmã que tinha ficado do lado de fora. Sabia o que era esperar sem notícias.

-Vou até ela explicar o que aconteceu. Volto mais tarde para festejar com vocês.

Rico gostou da receptividade. Essa era sem dúvida sua família agora e ele inacreditavelmente estava mais e mais ligados à eles. Ele foi andando com o filho no colo pelas ruas da comunidade. As duas vezes anteriores que esteve ali não tinha tido a oportunidade de observar. O lugar era belíssimo e ricamente natural. Alguns curiosos se aproximavam dele querendo vê-lo de perto. Outros ainda tinham um pouco de medo e observavam de longe. Foi uma grande farra que durou muito tempo. Os animistas gostavam de festa e de estarem reunidos e Rico gostava de estar entre eles.

Lekan passou por muitos colos e Rico não o perdia de vista.

-Relaxa. Ninguém aqui fará mal a ele.

-Sei que não. Mas ele pode estar cansado. Devíamos ir.

-Tudo bem, eu vou busca-lo.

Quinze minutos depois Rico e Clara estavam passando pelo portal. O mito ainda não tinha habilidade para se manter firme diante da torção e assim como tinha sido anteriormente, ele caiu no chão como se tivesse sido cuspido pelo tronco.

Clara riu e Rico se levantou xingando.

-Merda...

Assim que ele olhou ao redor seus olhos se acenderam e ele se colocou protetoramente diante de Clara e Lekan. A menina também sentiu o perigo emanando do local e seu corpo animal emergiu. O local estava com resquícios de luta. Árvores derrubadas e pequenos focos de incêndio. O chão tinha marcas de corpos que bateram em lugares diferentes em uma luta corporal. Seja o que for que aconteceu ali, tinha sido violento.

Os olhos acesos do Curupira rastrearam o lugar e ele deu uma ordem baixa para a animista.

-Volte para o Vale e deixe Lekan em segurança com seus pais. Chame os

garotos.

Ela não discutiu. Voltou para o Vale e Rico chamou Luara por pensamento. A menina não respondeu de imediato. Ele tentou Timóteo e o rapaz apareceu num rastro de fogo por entre as árvores.

-Chamou Rico?

-Onde está Luara?

-Não a vejo desde a tarde depois do treinamento.

O portal se abriu e todos os animistas envolvidos no grupo de combate saíram apressados.

-O que foi Rico?

-Olhem ao redor. Houve uma briga por aqui.

Clara chegou até Rico.

-Onde está Joshua?

-Ele me disse que vinha falar com Luara e que voltava para a festa mais tarde.

Cheh e Finn se entreolharam.

-Ele não voltou.

Rico tentou outro contato com Luara e nada. O mito materializou um angra de deu ordens para que as esferas varressem a área atrás da irmã, em seguida falou com Timóteo.

-Tente encontrar Luara. Tem alguma coisa de errado com ela e com o lince.

Os animistas se agitaram. O corcel irlandês sugeriu que eles se separassem para fazer uma busca.

-Joshua estava na mira da sociedade. Pode ser que tenham conseguido pegá-lo. Vamos dividir os grupos.

Clara puxou o ar nervosamente e Rico a abraçou. Timóteo mandou um pedido de socorro ao líder e a direção que estava.


O CURUPIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora