Rico sentiu sua ônix reconhecer a força mítica de toda sua prole e soube que estavam muito próximos e olhou para a irmã.
-O que é isso?
-Não sei.
Joshua encarou os irmãos.
-Isso o quê?
O Curupira fez seu caminho até a varanda e viu, um ao um, seus angras e sua gente se materializando em seu quintal. Os animistas e a irmã se colocaram ao seu lado. De onde estavam até aonde a vista podia alcançar, era possível ver um exército de curupiras, de todas os tamanhos e idades. A aparência era muito similar um do outro. Cabelos vermelhos, alguns muito compridos, outros mais curtos, porém todos abaixo da linha do pescoço, olhos platinados e pele alva e aveludada.
Rico foi até Davi, o corpo já em modo Curupira, e pegou seu filho no colo e deu uma explicação rápida.
-Estão aqui para saudar meu sucessor.
Os animistas estavam tão perplexos com o que estavam vendo que demoraram para perceber que Rico estava levando o garoto até sua prole. Lá embaixo os animistas estrangeiros que estavam aos arredores da grande samaúma forçavam seus corpos a voltar a sua forma humana diante de tantos mitos reunidos em um mesmo lugar.
Domenico estava fascinado com o espetáculo à sua frente. Rico passou por eles e seu corpo mítico era tão predominante que os animistas tiveram que se afastar. O peito nu, os pés descalços e os cabelos longos evidenciavam seu poder.
Luara soltou-se dos braços de Joshua e se uniu ao seu povo.
Rico tirou os lençóis do corpo minúsculo de Lekan e entregou para a irmã que caminhou para ficar de frente com os dois. O Curupira olhou para a multidão e virou o pequeno com o rosto de frente para a prole para que todos pudessem olhá-lo. Segurou o menino com ambas as mãos bem próximo do seu peito e acenou em consentimento.
Lá de cima os garotos animistas, Davi e a esposa que tinha se unido à ele naquele momento, mais o médico e a panda Laila viram, assim como os estrangeiros que permaneciam estáticos no quintal, todo o povo de Rico dobrar-se sobre apenas um joelho com um braço apoiado na coxa e um punho fechado sobre o peito, enquanto curvavam a cabeça em saudação e submissão ao filho do líder.
Os cabelos de toda a nação voavam com a brisa e acenderam-se ao mesmo tempo formando um imenso clarão que aquecia o local a uma temperatura muito alta.
Sofia se preocupou com a segurança do neto.
-Rico não devia ter levado o bebê tão perto, o calor pode queimar a pele frágil dele.
Lottero discordou.
-Está óbvio que Lekan é um lendário. Nada no mundo de Rico vai afetá-lo.
Cheh ainda parecia pasmo.
-Eles estão reverenciando um bebê que acabou de nascer? É isso mesmo?
-Essa é a questão Cheh. Lekan não é qualquer criança. Ele é o filho do Curupira. Isso já é o bastante para ele ser temido e respeitado.
Todos concordaram com Lottero e não houve quem não se preocupasse com isso. Ser filho de Rico e de Clara seria um fardo muito, muito pesado para uma criança.
A cena era de arrepiar qualquer espectador. Do alto de uma árvore no meio da mata Lia observava toda a reverência dada ao filho do lendário. Carl e o Bradador estavam com ela e não podiam dizer que não estavam impressionados.
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O CURUPIRA
Teen FictionRico olhou fixamente para sua maior inimiga no mundo, Clara Jordani, e intimamente ficou muito surpreso. Tinha ouvido falar o quão poderosa ela podia ser, mas não esperava que fosse tão jovem e estupidamente bonita como de fato era. Ele percorreu o...