Depois de introduzir o código, Chris abriu a porta do seu quarto. O seu quarto era, sem exagerar, do tamanho da minha casa. Tinha uma cama exageradamente grande com uma coberta azul e cinco almofadas pretas de diferentes tamanhos. Do lado direito da cama, havia uma secretária comprida, encostada à parede, e por cima uma grande estante cheia de livros. Do lado esquerdo da cama, havia uma janela de alto a baixo que ia dar a uma varanda espaçosa. Em frente dessa janela estavam dois cadeirões e uma pequena mesa inclinados para a televisão, que se situava em frente e ao lado de um grande guarda-fatos. Dentro de uma parede lateral existia um grande aquário com peixes de água salgada. Em todas as paredes laterais existiam expositores de vidro cheios de bolas, camisolas e capacetes autografados. O quarto tinha um tom azulado e era bastante acolhedor, apesar de ser muito espaçoso.
Chris abriu o guarda-fatos. Era enorme e estava cheio de roupa bem ao estilo sério mas descontraído de Chris. Chris abriu o armário onde guardava os sapatos e uma passagem escura surgiu.
-Não te assustes. O meu pai fez uma passagem destas em cada quarto, caso alguma vez haja um incêndio ou algo do género e para nos podermos proteger. Este caminho vai dar ao quarto de cada um. E a uma espécie de gruta subterrânea que temos em casa, que também vai dar à piscina. Vem comigo, rápido, estamos a ficar sem tempo.
-Está bem, vais à frente. -disse-lhe por fim.
-Segue-me. -disse-me carregando num interruptor que iluminou o caminho.
Alguns segundos depois, estávamos a sair num guarda-fatos, também bastante grande.
-És muito parecida com a Megan, por isso, tudo aqui te deve servir. Pega no que quiseres mas não deixes nada desordenado ou desarrumado. Se trocarmos alguma coisa de sítio ela vai saber e nem quero imaginar o que nos pode acontecer se ela descobrir.
Um lindo vestido azul chamou-me à atenção, mas não peguei nele.
-Gostaste dele?
-É muito bonito, sim.
-Então pega nele e vamos embora daqui.
-Não sei se devo. Eu escolho uma camisola.
-Acabei de ouvir um carro. Oh, não!
Chris pegou no lindo vestido azul e puxou-me de novo para o labirinto. Fomos a correr até ao seu quarto.
-Vês aquela porta? -disse-me apontando para uma porta na parede esquerda. -É a casa de banho. Podes ir lá e trocar a roupa, para não ficares doente.
Abri a porta devagarinho. Entrei e fiquei, mais uma vez, completamente pasmada. Era, de longe, a maior casa de banho que eu alguma vez tinha visto em toda a minha vida. A casa de banho tinha uns bonitos tons de azul mar e verde e estava bastante bem decorada. Comecei a tirar a minha roupa molhada e vesti o lindo vestido de Megan. Olhei para o grande espelho lateral e, por momentos, a culpa que sentia por vestir um vestido que não era meu desapareceu e fui invadida por um sentimento de autoconfiança e um pensamento de beleza natural, que nunca antes tinha sentido.
Saí calmamente da casa de banho e olhei para Chris. Os seus olhos estavam quase a saírem-lhe das órbitas. De início não percebi se era por me achar bonita, mas depois percebi que Megan estava mesmo ali. Megan, a dona do vestido estava agora a olhar para mim.
-Oh, o meu irmão deve gostar bastante de ti, para ter coragem de arriscar assim tanto.
Corei e olhei para Chris, que ainda tinha uma expressão apavorada na cara.
-Olá, sou a Megan!
-Sou a Sophy! Peço imensa desculpa! Eu molhei-me, na festa, e o teu irmão disse que me emprestava roupa para eu não ficar doente.
-Não faz mal! Na verdade esse vestido fica-te melhor a ti do que a mim! -disse sorrindo.
-Obrigada! Mas eu, amanhã, trago-to aqui, lavado e passado a ferro.
-Não é preciso, fica com ele. Ia ser um desperdício eu ficar com ele, se te fica melhor a ti.
-Obrigada, és muito querida!
-Um dia destes, se o meu irmão ou tu não te importares, podíamos ir às compras! Eu adoro comprar roupa! Que me dizes? Vamos?
-Claro! Eu vou adorar!
-Boa! Vá, Chris, podes tirar essa cara de cachorro abandonado. Desta vez, não te faço nada!
-Obrigada Megan, a sério! -disse Chris, finalmente.
-Vou deixar-vos em paz. Boa noite.
-Boa noite. -respondemos em coro.
Megan saiu, fechando a porta atrás de si. Olhei para Chris, que se levantou.
-Oh meu Deus! Não podia ter corrido melhor! Não imaginas o que ela me teria feito! Ela gostou mesmo de ti! -disse, com um sorriso no rosto.
-Duvido que a tua irmã seja assim tão má. -respondi-lhe.
-Com os outros não, mas com os irmãos, é a pior.
-Quantos irmãos são vocês?
-Somos 4. O mais velho é o Fred. Tem 21 anos e está a estudar medicina na capital. O Justin tem 19 e joga basquetebol. Joga na seleção e, como é maior de idade, já recebe salário e é isso que quer fazer no futuro. Depois sou eu, tenho 17 e não quero fazer nada da vida. Estou a brincar. Quero ser empresário, como o meu pai. A Megs é a mais nova. Tem 16 e quer ser princesa. Agora a sério eu não sei o que é que ela quer ser. Talvez estilista, porque adora moda.
-São uma família grande! O que fazem os teus pais?
-O meu pai gere uma empresa internacional de tecnologia avançada internacional e a minha mãe tem o maior escritório de designers de interiores do país. Já agora, o meu pai chama-se Mattew e a minha mãe Mary. -respondeu-me mostrando-me uma fotografia de família que tinha na secretária.
-E não ías dizer-me que és rico?
-Não costumo dizer a ninguém. Primeiro porque não tenho muitos amigos e também porque muita gente se aproxima de mim só pelo meu dinheiro e não pelo que eu sou e tu preocupaste-te comigo, sem saber na verdade que eu era rico.
-Não acho que o dinheiro defina alguém. Eu não tenho muito, mas tenho muitos amigos. Não me interessa se és rico. Só podias era ter evitado a minha cara de surpresa quando vi a tua casa.
-Não podia, não senhora! Adorei ver a tua boca aberta e os teus olhos quase a sair das órbitas. -disse soltando uma gargalhada. -Agora fala-me da tua família.
-Bem, somos 5 irmãos. Peter é o mais velho, tem 18 anos e quer ser gestor. Depois sou eu e gostava de ser designer de interiores. Depois é a Marian, tem 12 anos e quer ser atriz profissional. O pequeno Spencer tem 10 e não faz a mínima ideia do que gostava de ser. A Corrine é a ultima e tem apenas 4 anos.
-E são todos tão bonitos como tudo? -perguntou sorrindo.
-Somos todos loiros de olhos claros! -respondi-lhe retribuindo o sorriso.
-E os teus pais?
-A minha mãe ahm... A minha mãe morreu no parto de Corrine há 4 anos, era enfermeira -fiz uma pausa para respirar. -E o meu pai tem 45 e é advogado.
-Oh Sophy, lamento imenso! Vamos, quero mostrar-te o resto da casa. -disse mudando de conversa.
-Não faz mal! -sorri-lhe.
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Em busca da felicidade
Non-FictionA vida é difícil. Ainda mais para quem não tem pais. Mas é preciso saber viver em família e tudo será mais fácil, ou pelo menos é o que Sophy pensa. Sophy já não é aquela menina. A vida já não é como antes. A adolescência, a ausência, a saudade, o a...