Procurada em todo o continente

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Cheirava incrivelmente bem quando acordei. Abri os olhos e aquela não era a minha cama. Olhei para o lado e percebi que tinha passado a noite na cama do Peter. Aquele cheio era, sem dúvida, o cheiro do meu irmão, misturado com panquecas de chocolate que alguém estava a fazer na cozinha. Peter não gosta de usar perfume. Faz-lhe confusão e, por isso, eu não uso para não o incomodar.

-Peter? Estás acordado?

-Agora estou!

-Desculpa.

-Não faz mal, não tenho sono. Diz!

-Ontem, o Adam fez uma cena de ciúmes.

-O Adam?! Porquê?

-Acredites ou não, por tua causa!

Peter levantou-se e ficou a olhar para mim. Sentei-me na sua cama e encostei-me à parede.

-Ele disse que nos viu a dormir juntos e que te viu, ajoelhado, a meteres-me o anel no dedo.

-Somos irmãos, isso é normal! -respondeu-me.

-Foi o que eu lhe disse. Ele não tem irmãos, não percebe isso.

-Ele acha que nós temos alguma coisa?

-Mais ou menos. Ele acha que, ou eu gosto de ti ou tu de mim.

Peter levantou a sobrancelha esquerda. Eu compreendo-o. Somos irmãos! Os irmãos não devem gostar uns dos outros dessa forma!

-Mas olha, há outra coisa de que precisamos de falar, mas não aqui, não em casa. As paredes podem ter ouvidos.

Fomos comer as deliciosas panquecas de chocolate feitas pelo pai e as crianças. Mais tarde, eu, Peter e Mr Spike, saímos de casa para passear e falar sem sermos ouvidos ou interrompidos.

Fomos para o Parque da Cidade. Sentamos-nos num banco de jardim e eu preparei-me, mentalmente, para falar com Peter acerca de Jordyn.
Tinha imaginado aquele momento vezes e vezes sem conta na minha cabeça. Na verdade foi bem mais fácil do que pensei.

-Peter, o que te queria dizer é que... bem a... -Peter olhou-me com uma expressão confusa.

-Peter, a Jordyn não me inspira confiança. Acho que ela não é quem diz ser. Sei que gostas dela mas o meu instinto diz que algo mau vai acontecer.

-Eu acredito no teu 6º sentido!

-Espera, o quê? Tu acabaste de dizer que acreditas em mim?

-Sim. Há uma coisa que quero que vejas!

Não precisei de usar todos os argumentos que tinha ensaiado antes de adormecer. Não tive de explicar nada ou até discutir para que Peter acreditasse em mim. Ele apenas acreditou. Peter sabe concerteza mais do que me diz. É mais do que, propriamente, desconfiar. Na verdade eu tenho um bom argumento, como é o caso da pergunta 'o que fazia Jordyn perto da casota de Mr. Spike sendo ela alérgica a cães?'. E também, 'como é que o meu colar foi lá parar, se eu tenho a certeza que estava na minha mesinha de cabeceira e desaparecera no dia em que Jordyn desligou o meu despertador?'... Eram tantas e tantas as perguntas que queria que alguém me justificasse... Porém não tive resposta alguma, até Peter me levar à biblioteca.

-O que estamos aqui a fazer? -perguntei-lhe curiosa.

-Eu disse-te que tinha algo para te mostrar, certo? Pois, na verdade, até tenho e está aqui!

Não percebi onde Peter quis chegar mas também não perguntei. Peter levou-me até a zona dos computadores. Sentei-me e observei-o atentamente. Peter entrou num site policial! Arregalei os olhos para ver melhor!

-Em que ano é que o pai foi para Sierra?

-Foi há quase 4 anos, por isso, foi em setembro de 2012!

-Exatamente! Observa!

"Josephina de la Rosa é uma mexicana de 42 anos procurada em todo o continente. Acusada de roubar mais de 1 milhão de euros e de assassinar três pessoas. Josephina acabou por fugir antes do julgamento e nunca mais foi encontrada. A polícia suspeita que tenha entrado nos Estados Unidos da América por volta de outubro de 2012 com identificação falsa com mudança de visual. As buscas continuam por todo o país mas esta criminosa é bastante esperta e perigosa. A descrição da suspeita encontra-se abaixo. Agradecemos a colaboração de todos na procura e captura desta mulher relembrando que é bastante perigosa."

-Josephina de la Rosa é igual a Jordyn Rose! Peter, e se for ela?

-Eu acho que é. Vê isto!

Peter abriu a foto da suspeita procurada pelo continente. Era o oposto de Jordyn mas fazia sentido, se não queria ser encontrada. Jordyn era loira e tinha o cabelo liso, olhos azuis e uma tatuagem no braço esquerdo. Josephina tinha o cabelo castanho, cor de amêndoa, cabelo encaracolado, os olhos castanhos escuros e não tinha tatuagem alguma.

-São muito diferentes, Peter!

-Espera! Observa mais atentamente! Olha para o braço direito, ali atrás, consegues ver?

-Sim! Tem um sinal em forma de coração!

-Exato, só temos de descobrir se a Jordyn o tem! Se o tiver é ela, se não o tiver pode não ser e por isso é que não podemos contar isto a ninguém! Mas lembra-te, se for ela pode ser bastante perigosa, o que quer dizer que ela não pode desconfiar do que andamos a investigar!

-Peter, estás com medo?

-Não, e tu também não estás!

-Estou sim, imagina o que ela pode fazer aos nossos irmãos e ao pai!

-Não sejas negativista! Se ela for a mulher procurada, nós vamos apanhá-la.

-Ó Peter, mas afinal o que é que ela quer de nós? Ela só quer dinheiro e nós não somos ricos!

-Pois, também tenho andado a pensar nisso! Não percebo o que é que ela ganha com roubar o nosso dinheiro! Mal dá para ela fugir!

-Pensa Peter, porque é que ela haveria de matar 3 pessoas?

-Não sei, vamos ver se diz mais alguma coisa neste site!

Investigamos durante mais de uma hora. A nossa investigação não deu em nada! Não havia mais informações sobre nenhuma Josephina de la Rosa nem dos ataques às três pessoas!

-Peter, vamos parar por aqui! Voltamos à tarde, depois do teu turno! Se quiseres eu investigo em casa, peço o computador ao pai!

-Não! Imagina que és apanhada! Não podemos arriscar! Não podemos falar disto ou investigar nada em casa. Promete-me que tens cuidado!

-Eu prometo!

Eram 17:00h quando voltei a vê-lo e Peter disse-me que tinha um amigo capaz de nos ajudar. Saímos de bicicleta até uma casa branca num bairro vizinho. Entramos numa casa acolhedora e antiga. Um rapaz alto, moreno, de olhos grandes e verdes abriu-nos a porta, sorridente e comprimentou-nos.

-Olá Peter!

-Olá Zack!

-Quem é a miúda bonita?

Corei e revirei os olhos para baixo.

-É a minha irmã!

-Sou a Sophy! -disse-lhe.

Em busca da felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora