Nostalgia

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Foi a primeira vez, de todas as vezes que cá entrei, que reparei no quão monstruosa é a entrada da mansão. A maioria das vezes que percorro esta longa entrada ladeada de luzes e arvoredos dos dois lados e contorno o enorme chafariz no centro, não costumo prestar atenção à verdadeira beleza deste lugar. Para mim, nunca será um verdadeiro lar, porém já a considero a minha casa. Consigo imaginar as crianças a correr pelo jardim ou a saltar para a piscina sempre que viermos visitar o Chris e a família. Consigo imaginar as festas na fogueira ou os jogos no campo de basquetebol. Consigo imaginar imensas situações felizes, mas ainda não sei se sou capaz de acreditar em tudo o que imagino. Porque de igual forma consigo imaginar uma vida sombria, onde as crianças nunca regressam para os meus braços e onde somos só eu, o Peter e a Marian.

Olhando de longe, dentro do carro do Chris, a mansão parece uma enorme casa de bonecas com as quais eu e a Marian brincávamos em pequenas. Os carros todos que se amontoam à entrada, relembra-me as festas de bonecas que costumávamos fazer ou que víamos nos filmes de princesas. Gostava que ela estivesse connosco para experienciar esta estadia na mansão. Gostava que ela conhecesse o meu namorado e os seus familiares que têm sido o nosso maior apoio neste momento difícil. Por outro lado, agradeço todos os dias por ela estar a viver um sonho, longe deste sofrimento e desta decadência, longe de esquadras da polícia, de assaltos, de raptores e criminosos. Espero que consiga sorrir por todos nós e se mantenha longe desta escuridão.

Vejo o Danny, o Liam, o Adam e a Zoe a sair de um carro e a subir os três degraus até à porta de entrada da mansão. Depois vejo o Peter, a Megan, o Jack, o Zack e a namorada a sair de um outro carro. Os irmãos do Chris devem estar já dentro de casa, porque consigo ver o carro preto do Justin estacionado.

-Estás pronta? -pergunta-me o Chris amarrando-me a mão.

-Estou. Gostaste da tua festa?

-Adorei. Mas adoro mais saber que estás melhor. Tem um bom pressentimento desde que deixamos a cabana.

-Espero que tenhas razão, Chris. É tudo o que mais desejo.

Quando entrei, todos os convidados falavam com o Mr. e Mrs. Mattews na sala de estar. Procurei o pai com o olhar, no entanto não consegui encontrá-lo.

-Querida, ele não saiu do quarto hoje. Estava um pouco debilitado. Mas não te preocupes, certifiquei-me que comeu e tomou a medicação. -disse-me a senhora Mattews com um sorriso nos lábios.

-Obrigada! Vou deixá-lo descansar e amanhã falo com ele. -respondi-lhe.

-Posso falar contigo a sós? -perguntou-me, deixando-me nervosa.

-Claro que sim. -respondi, escondendo o meu receio.

Segui a Mrs. Mattews até à cozinha onde se sentou na bancada.

-Queria agradecer-te.

-Desculpe, agradecer-me porquê? -perguntei confusa.

-Por trazeres o meu filho de volta! Ele parece outro. E não pude deixar de reparar que trouxeste o melhor amigo dele do outro lado do país. Não fazes ideia do quão importante o Danny é para o Christopher. Como mãe não posso pedir mais do que o meu filho ter uma namorada que se preocupa tanto com ele.

Corei. Não estava à espera de tamanhos elogios.

-Os meus filhos são a minha vida e a festa que organizaste hoje para o meu Christopher deixou-os todos muito contentes. Se puder fazer alguma coisa por ti, para te agradecer por isso, é só dizeres querida!

-Mrs. Mattews, agradeço-lhe imenso a simpatia e as suas palavras, mas você e o Mr. Mattews já fazem imenso por nós! Eu é que ficarei toda uma vida a tentar retribuir tudo o que fazem por nós! E eu quero que saiba que faço tudo de coração, o seu filho é das melhores pessoas que já conheci e eu amo-o muito.

Em busca da felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora