Pequena Stella

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Está um domingo do melhor! O sol brilhante e quente bate na janela do meu quarto, e um pequeno passarinho, pousado no parapeito da janela, canta e traz alegria à nossa casa!

Tive preguiça em sair da cama, por isso, fui a última a estar pronta para o almoço com a família em casa dos avós maternos.

A campainha tocou e Spencer foi abrir.

-Marian, Marian -veio da porta aos gritos -A avó trouxe presentes para todos!

Fomos todos a correr para a porta (mais pelos presentes do que pelos avós).

-Olá meninos! -disse o avô todo animado e preparado para fazer o truque com a moeda que faz sempre quando nos vê.

-A moeda está aqui e BUM! Onde será que está?

-Na Sophy, na Sophy! -disse Marian.

-E... BAM, está na Sophy!

Tirou da minha orelha uma moeda e todos ficamos espantados como é que ele fazia aquilo e nunca ninguém tinha descoberto o truque.

-Bem meninos, temos de ir que já é tarde, abrem os presentes em nossa casa.

Entramos na velha carrinha do avô e seguimos até à grande casa dos avós. A casa dos avós é uma grande e acolhedora casa antiga e própria da localidade. Tem um enorme jardim a toda a volta e uma caixa de areia na parte de trás.

Quando chegamos já lá estavam o tio Charlie, a tia Katherine e os gémeos Bella e James de apenas 5 anos.

Mais tarde chegaram o tio Danny, a tia Christine, a prima Anne e o recém nascido Michael.

A família estava finalmente reunida. Para o almoço a avó e a tia Katherine fizeram Rojões com arroz solto e batatas fritas (tinha de ser algo que todos gostassem e todos conseguissem mastigar!). A avó era sem dúvida a melhor cozinheira da família e os seus Rojões ficavam sempre fofos e saborosos. A avó dizia sempre que aquele molho com que molhava os Rojões era um segredo da família Covery e que todos nós tínhamos um antepassado associado. Eu achava fascinante poder ter um antepassado igual a mim ou no mínimo parecido comigo!

Em casa dos avós existem duas salas de estar, uma para os adultos e outra para as crianças. Chamamos-lhe 'a sala dos netos'. Apesar do Peter querer estar sempre na sala dos adultos juntamente com os adultos a falar de coisas de adultos, eu sempre gostei da sala aconchegante das crianças.

Fomos almoçar já um pouco tarde e, depois da sobremesa que a tia Katherine preparou, todas as crianças começaram a pedir incessantemente os seus presentes.
A avó distribuiu todos os presentes e o avô voltou a repetir o seu velho truque da moeda. Fiquei sentada à espera do meu presente, se tivesse direito a ele claro. A avó aproximou-se de mim.

-Sophy, acompanha-me até ao alpendre, tenho uma coisa para te mostrar.

A avó não costumava criar suspense quando tinha prendas para nós e muito menos comigo. A minha mente foi invadida por pensamentos negativos por não saber o que ali se estava a passar. Sentei-me no baloiço que está pendurado no alpendre e a avó sentou-se ao meu lado. Retirou de um saco avermelhado uma caixa velha de madeira.

-Toma. Abre-a com cuidado. Olha lá para dentro.

Fiz o que a avó mandou. Dentro da caixa estava um colar antigo em forma de borboleta.

-Sophy, esse colar pertencia à minha falecida filha Stella. Ela era 2 anos mais velha do que a tua mãe e morreu com 3 anos num acidente... Ela estava a brincar na casa da árvore connosco e quando estávamos a mudar a fralda a tua mãe ela caiu e bateu com a cabeça. Dentro desse colar está uma foto da Stella tirada quando ela completou 3 anos, quero que fiques com ele e o guardes sempre contigo. Esse colar deu-me força e também à tua mãe e agora vai dar-te força a ti neste momento difícil. Podia ter dado este colar a uma das tuas irmãs mas vou dar-to a ti porque és muito parecida com a minha pequena Stella.

Uma lágrima escorreu-me pela cara. Nunca antes tinha ouvido falar da Stella e a avó dar-me o colar foi para mim um motivo de orgulho.

-Nunca o percas Sophy! Um dia, quando sentires que já não precisas dele dá-o à tua irmã Corrine. Vocês também são muito parecidas e saberão usar o colar em vosso proveito. As pessoas como tu são bastante fortes, mas estão a partir... Nunca deixes a tua irmã sozinha, nunca a deixes partir, apoia-a sempre e mais tarde fala-lhe da Stella e da Corrine porque ela nunca as irá conhecer.

-Eu prometo, obrigada! -foi tudo o que consegui dizer.

A avó levantou-se, pôs-me o colar ao pescoço e saiu sorridente e confiante. Fiquei sentada mais um pouco a pensar porque será que já não havia nenhuma casa na árvore mas não quis perguntar.

Em busca da felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora