Peter por favor melhora!

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-10:00h-
-Sophy, o teu irmão já está a ser medicado e já podes ir vê-lo.

-Obrigada doutora. Em que quarto está?

-Piso 3, quarto 307.

Fui num passo apressado até ao quarto onde estava o meu irmão. Ele estava deitado, tubos e aparelhos ligavam-no por todo o corpo. Sustive a respiração por uns segundos.

-Peter, tu estás bem? -foi o melhor que consegui dizer.

Ele abanou afirmativamente com a cabeça e eu prossegui.

-Tenho de ir a casa preparar o almoço para as crianças e as coisas para as aulas que tenho de tarde. Vou trazer-te um filme, se quiseres, e o teu MP3 para poderes ouvir música e divertires-te enquanto aqui estás. Vou, como é óbvio, avisar o pai que aqui estás e dizer-lhe que não se preocupe, que estamos bem. Volto às 18:00 para te ver e trago as crianças comigo. Não tens medo de ficar sozinho? -soltei uma leve gargalhada.

Ele levantou o indicador e abanou-o negativamente. Deixe-lhe um beijo na testa e saí.

Cheguei a casa, meti a água a ferver e liguei o computador. Liguei imediatamente ao pai.

-Olá!

-Olá Sophy!

-Pai, o Peter está no hospital.

-Oh meu Deus. No hospital? O que se passou?

-Ele comeu chocolate.

-O Peter foi irresponsável e comeu chocolate? Ele sabe as consequências que tem se o comer. E as consequências que isso tem na família. Diz-me que estás a conseguir fazer tudo sozinha.

-É claro, pai! Estás a falar com a Sophy, não com o Peter.

-Eu sei. A minha Sophy. Estás uma mulher! Lamento mas vou ter de ir. Tenho tido muito trabalho.

-Eu compreendo. Adeus pai. Beijinhos.

Desliguei. Acabei o almoço, comi a correr e escrevi um bilhete para os miúdos.

"Têm o almoço no forno. Comam e façam os trabalhos de casa. À noite vamos visitar o Peter! Ass: Sophy"

Colei-o no frigorífico e saí.

Liguei à Susie e ela, como não tinha aulas, passou pelo hospital e levou o Mp3 e os filmes que tinha prometido a Peter.

Passei a tarde toda a estudar filosofia e a imaginar se a médica deixaria Peter vir para casa hoje. Mas não vai. Peter irá ficar no hospital mais tempo e não o ter comigo deixa-me mais incapaz. Tenho baixado as notas para cuidar da minha família e estar sozinha com 3 crianças é bastante difícil. Cuidar de mim, deles, de Peter, da casa, de Mrs. Spike...

A campaínha soou de uma forma mais irritante do que o normal. Arrumei as coisas no cacifo e saí com Zoe. A sua casa fica perto da escola e por isso fiz metade do caminho para casa sozinha. Passei pelo infantário e trouxe Corrine que estava inacreditavelmente energética.

-Como correu o teu dia? -perguntei-lhe.

-Correu melhor do que ontem.

-Ai sim? O que fizeste hoje?

-Hoje fui a rainha da sala. Todos tinham de fazer o que eu queria.

Fez-se finalmente luz na minha cabeça. Sendo o centro das atenções era óbvio que Corrine estava feliz. Aquela rapariga nasceu para ser uma estrela. Adora que lhe dêm atenção. Mas algo me diz que ela não foi simpática nas suas exigências como rainha...

-O que pediste para fazerem por ti?

-Os rapazes tiveram de empurrar o triciclo onde eu estava para todo o lado que eu quis, e as meninas vestiram-me de princesa e fizeram-me um castelo.

-És mázinha!

Corrine soltou uma gargalhada estridente.

-Como correu o teu dia? -perguntou-me depois

-Correu bem.

-Foste ver o Peter?

-Sim. Hoje vamos todos lá, ok?

-Está bem. Ele não tem medo de estar sozinho?

-Não. O Peter é forte e muito corajoso. Ele é o nosso príncipe. Não tenhas pena dele. Ele está bem.

-Tu gostas do Peter?

-Sim. Gosto muito dele. Tu não gostas?

-Gosto, mas tu gostas mais.

Fiquei a pensar naquelas palavras. Corrine, apesar de ainda só ter 3 anos é bastante atenta e inteligente. Será que eu mostro gostar mais de Peter do que dos outros meus irmãos? Fiquei calada até chegarmos a casa.

Abri a porta e Mrs. Spike veio roçar-se nas minhas pernas e lamber as mãos de Corrine.

-Marian, Spencer, fizeram os trabalhos todos?

-Sim.

-Sim.

-Estão todos prontos para ir visitar o Peter?

Todos abanaram afirmativamente a cabeça e saímos de imediato. Não sei conduzir por isso fomos de bicicleta e Corrine foi no atrelado que prendi à minha bicicleta.

Chegamos 10 minutos depois e chegamos todos cansados exceto, claro, Corrine. Subimos até ao seu quarto e Peter já não estava deitado. Fiquei surpreendida por vê-lo sentado a comer sozinho. Não parecia o Peter que hoje de manhã estava ligado a tubos e tubinhos. Fui falar com a enfermeira enquanto os miúdos falavam com o irmão mais velho.

-Bem, o teu irmão melhorou muito depois de termos descoberto qual o medicamento que costumava tomar. Já respira normalmente só tem é a garganta um pouco inchada ainda. Sugiro que passe aqui a noite e se amanhã continuar a progredir pode ir para casa antes do meio dia.

-Oh, que boas notícias! Obrigada.

Deixamos o hospital às 19:30h. Estava na hora do jantar e, como não havia tempo de o fazer, passamos pelo MacDonald e trouxemos a comida para jantar em casa.

Preparei as crianças, deitei-as e fui tomar banho. Eram 23:00h quando me deitei. Não me saía da cabeça o que a pequena e tagarela Corrine me dissera a caminho de casa. Gostaria eu mais de Peter do que dos meus outros pequenos e queridos irmãos?

Em busca da felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora