Céu Aberto

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A noite que chegava sem pressa, anunciava uma noite de temperaturas amenas sem qualquer réstia de brisa. O som das folhas das árvores parecia desaparecer à mesma velocidade do sol. Chris permanecia deitado na sua espreguiçadeira olhando para o céu aberto.

-Em que é que estás a pensar? -perguntei-lhe um pouco mais curiosa do que era o meu habitual.

-Estava a pensar em nós. -respondeu-me sem se alongar.

-Em quê, concretamente? Isto é... se me quiseres contar...

-Estava aqui a recordar a noite em que nos conhecemos. -disse-me sorrindo ao de leve.

-Lembro-me como se fosse ontem... aquela festa estava uma grande seca!

Chris largou uma gargalhada abafada, mas permaneceu a olhar para o céu. Não conseguindo evitar continuei a olhar para ele. Com a luz que se escapava, as sombras instalavam-se fazendo sobressair o semblante angelical de Chris. O seu cabelo castanho amêndoa caía sobre a testa evidenciando o brilho intenso dos seus olhos verdes. Aos meus olhos a cara de Chris emanava beleza e atraía toda a minha energia e pensamento para si.

-Podias ter-me poupado uma grande humilhação pela forma como reagi a primeira vez que vi onde moravas. -comentei.

-Não podia, adorei ver as tuas caras. Acho que foi nesse momento que percebi que eras especial... tu sabes, diferente das outras raparigas.

-Como assim?

-A grande maioria das raparigas já sabia onde eu morava ou quem era a minha família quando começavam a falar comigo e nenhum delas reagiu como tu. Tu não fizeste milhares de perguntas sobre a minha casa, dinheiro ou carros e coisas superficiais... tu ficaste espantada, mas pouco ligaste para isso, tu perguntaste-me pela minha família!

Lancei o meu braço com o objetivo de agarrar a sua mão. Olhei finalmente para o céu. A lua e alguns conjuntos de estrelas cobriam agora o lençol azul escurecido e sem nuvens.

-Sabes, estou aqui a debater-me se o que me aconteceu não foi amor à primeira vista... Eu fiquei absolutamente louco por ti, depois daquela noite. Não conseguia parar de pensar na "Prefiro Sophy", a miúda do vestido azul da Megan... E sentia-me tão estupido por não te ter pedido o número, achei que nunca mais te ia ver. -confessou-se às estrelas.

-Chris... -o facto de ter chamado o seu nome não fez com que Chris deixasse de mirar as estrelas que brilhavam no céu alto. -Eu também fiquei a pensar em ti... por isso é que pedi o teu número à Megan. Já para não falar de ter aparecido de surpresa em tua casa, eu precisava mesmo de te ver.

-Com as outras raparigas, eram elas que queriam ver a minha casa, mas contigo fui eu que, pela primeira vez, quis mesmo mostrar! As outras raparigas comentavam o quão grande a minha casa é, mas tu disseste apenas que era bonita... tu foste tu própria e foste tão diferente de qualquer outra e naquela noite percebi que esperei toda a minha vida por ti!

Chris continuou absorvido no seu mundo, quase como se falasse para si próprio. Deixei-o falar ao aperceber-me que precisava de exteriorizar o que estava a sentir. Senti-me descontrair na espreguiçadeira encontrando uma posição confortável para mirar o céu escurecido.

-Mas o mais surpreendente é que tu nem consegues ver isso... Tu não fazias ideia do quão única eras naquela altura e não fazes ideia agora! Tu és tão natural, tu és só tu mesma e não consegues ver o quão raro é encontrar alguém como tu. E isso é o que mais amo em ti! -continuou entusiasta como se o dissesse à lua que nos iluminava.

Chris não o sabia, mas o sentimento era mútuo. Nunca tinha prestado grande atenção a rapazes, sempre estive muito ocupada para isso, mas a primeira vez que o fiz não havia corrido muito bem. Adam tinha sido a minha primeira tentativa no jogo do amor, no entanto em pouco ou nada deu e quase ia estragando uma boa amizade. Chris, porém, tinha aparecido inesperadamente numa altura em que precisava desesperadamente de alguém. Apesar de não o saber na altura, Chris veio completar um espaço vazio que ansiava silenciosamente por ser preenchido, dando sentido à minha vida. O amor de Chris era aquele amor intenso das borboletas na barriga, do sonhar acordado e dos sorrisos matreiros, ao mesmo tempo que era um amor maduro e responsável, confortável e compreensivo, tal como eu precisava. Com Adam, sentia-me inundada em dúvidas e medo, e uma certa parte de confusão e briga, como se alguém me dissesse que não eramos compatíveis e que alguém perfeito para mim iria chegar. Estava agora muito agradecida por não ter tido tempo de entreter a ideia e possivelmente estragar algo que se tornou uma ótima amizade, tanto com Adam como com Zoe. Mas acima de tudo, estava agradecida por ter estado disponível quando essa pessoa perfeita para mim apareceu.

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