Natal é Natal!

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É dia de Natal. As prendas já estão debaixo do pinheiro porque Corrine já não acredita no Pai Natal. "Tenho quatro anos! Acham que sou um bebé? Eu sei que o Pai Natal é o pai!" diz ela. Seja como for, este ano vamos passar o Natal em casa da tia Charlotte e do tio Sam. Na nossa família apenas os padrinhos e madrinhas dão presentes, mas normalmente os avós costumam oferecer um Pai Natal de chocolate a cada um, exceto Peter, que é alérgico. O pai não tem afilhados deste lado da família e a mãe era a madrinha do primo Jimmy, por isso, só temos de levar uma prenda para a casa da tia Charlotte. As nossas prendas são abertas em casa na manhã de 25 de dezembro. Foi Peter quem ficou encarregado de comparar a prenda para o Ji e sinceramente eu não sei bem qual é. Toda a gente, incluindo o pai, acordou cedo hoje. É um dia muito especial e temos sempre muito que fazer. Sentámo-nos todos à volta da mesa da cozinha para tomar o pequeno-almoço e discutir quem faz o quê.

-Então, a Corrine e o Spencer vão preparar tudo o que querem levar para a casa da tia Charlotte. Eu e a Marian vamos fazer as bolachinhas de canela que a mãe fazia sempre. O Peter vai embrulhar a prenda do Jimmy, vai tirar as coisas que fomos comparar para a casa na árvore do carro e comprar leite condensado. A Jordyn vai fazer a tarte de bolacha e o pai vai comprar o coelho para fazermos amanhã ao meio-dia. Entendido?

Todos abanaram afirmativamente com a cabeça.

-Ótimo! Temos de estar em casa da tia Charlotte por volta das 18:00h para ajudar a cozinhar o bacalhau e não se esqueçam que temos de passar pela casa dos avós porque vão lá estar o tio Danny, o tio Charlie, as tias e os primos.

Tudo corria sobre rodas. As sobremesas estavam quase prontas, a prenda do Ji embrulhada, o coelho temperado já estava no frigorífico, as crianças já tinham tudo pronto para levar e ainda havia tempo suficiente para ir à casa dos avós.

O telefone de casa tocou eram 16:20h. Limpei as mãos que estavam cheias de canela e fui atender.

-Estou? Olá! O quê? Oh, e como é que ela está? Nós vamos já para aí! Talvez seja melhor passar lá o Natal. Sim, está bem. Até já!

Eu não queria acreditar. O telefonema da tia Sarah deixou-me assustadíssima. Este acontecimento iria arruinar o nosso Natal.

-Pai! –gritei da cozinha. –Pai? Onde estás tu?

O pai já tinha dificuldade em andar e por isso fui ao seu encontro.

-Pai, a Nanny caiu das escadas hoje de manhã e foi para o hospital. A tia Sarah disse que a Nanny partiu a anca. Temos de ir ao hospital! Agora!

-A minha mãe partiu a anca? Oh, meu deus! Chama os teus irmãos, vamos agora para lá. Ela já foi operada? –o pai perguntou com um tom de voz assustado e preocupado.

-Não sei! A tia Sarah disse que estavam no hospital e que o médico ainda não tinha adiantado de nada de especial. –respondi-lhe e saí a correr para avisar as crianças de que iríamos sair, não tardava.

O meu coração batia agora demasiado rápido e as minhas mãos começavam a tremer um pouco com o medo que sentia de hospitais desde do dia em que Corrine nascera. Estava completamente distraída nos meus pensamentos quando acordei subitamente do transe pela voz aguda de Corrine.

-Sophy! Estás a vestir-me mal o casaco.

-Oh, certo! –voltei a despir-lhe o casaco e a vesti-lo direito, apertando-o até cima. –Que cachecol queres? Tens de te agasalhar. –perguntei-lhe por fim.

-Posso levar o cor-de-rosa?

-Claro, vou já buscá-lo. –respondi-lhe e saí num passo apressado até ao quarto das crianças.

Em busca da felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora