Neon Nights

Capítulo 5 - Troye

Troye - Culpado

Troye se espalhou em cima da cama do amigo, Sam, as pernas para o alto. Até que se adaptou bem, pensou ele. Sam andava de um lado para o outro arrumando algumas coisas que não eram de Troye para ele arrumar.

–  Sim, ele me entregou o cartão com o número dele e eu estou sem acreditar até agora.

Falou Troye e fechou os olhos, afagando o próprio cabelo.

–  Gostei dele, cara de atitude, é isso o que você tem que dar valor! –afirmou Sam.

–  Eu não sei, não sei se estou pronto para um novo relacionamento –  bufou Troye.

–  E quem disse em novo relacionamento? Você deve ser sincero com ele. É tudo, curte o momento e só! –  e Troye escutou as portas do armário se fecharem com um estrondo.

–  É, você está certo, eu posso fazer isso!

–  Faça isso e depois me agradeça!

–  Convencido! –  exclamou Troye e lançou uma almofada na direção do Sam que retribuiu e ambos começaram uma guerra de travesseiros e almofadas, deitando depois e arfando derrotados. E Troye, decidido pegou o celular e enviou uma mensagem para o rapaz, Thadeus, um nome e tanto, pensou. "Olá, é o Troye, sabe? Do restaurante... Então não sei bem o que dizer aqui, boa noite" e Troye largou o celular meio que esperando resposta, meio que desligado. Sam olhou dele para o celular e sorriu, comentando:

–  Calma, ele vai responder. Vai dar tudo certo!

–  Obrigado Sam, eu não sei o que faria sem você, não sei mesmo.

–  Não faria nada, eu sei –  e eles se entreolharam, Sam piscou e os dois recomeçaram a guerra de travesseiros. Desta vez Sam saiu vitorioso depois de Troye desistir para responder a mensagem que chegou no celular. "E aí Troye, fico feliz que retornou o contato. Boa noite para você também." Troye e Sam deixaram a brincadeira de lado e começaram a se ajeitar para dormir, já passava das onze horas e Troye tinha que trabalhar.

"E então Thadeus não é? Achei o seu nome lindo, tudo bem com você?" Troye enviou e começaram um sucessivo histórico de mensagens. "Obrigado, também acho o seu nome um charme, enfim, estou bem, cansado apenas e você?"; "Obrigado, estou bem e trabalhou muito hoje?"; "Sim, trabalhei mas ao menos eu vi você de manhã :)"; Troye leu a mensagem em voz alta para Sam que riu e brincou.

–  Ele está gamado em você Troye, aposto que ele vai lá só para te ver.

–  Será? O que eu respondo? –  questionou Troye franzindo a testa.

–  Ah, pergunta sobre ele, idade, signo, essas coisas... Conhecer primeiro, saber as coisas e se tiver alguma química vocês aproveitam!

–  Sim, verdade –  e Troye assim o fez. Descobriu que Thadeus tinha 23 anos, estudava e trabalhava na área de engenharia civil e escritórios, estava iniciando. Troye se sentiu um tanto humilhado ou derrotado pois o Thadeus fazia tanta coisa e ele nada.

Ainda nada, rebateu Troye para si próprio.

Conversaram por mais algum tempo até que ambos decidiram ir dormir, Thadeus parecia contente por lembrar que veria Troye na manhã seguinte. E Troye para falar a verdade lembrava muito bem de Thadeus. Ótimo, pensou, amanhã eu aproveitarei.

Como em todas as manhãs, Troye junto a mãe de Sam saíram para trabalhar. Troye notou que seu desempenho melhorou muito, menos desastrado e mais rápido ele atendia os clientes e já estava até fazendo amizades. Não demorou muito e Thadeus entrou no estabelecimento, ele era lindo, foi o que Troye percebeu.

De barba bem-feita e olhos escuros, os cílios longos e o queixo quadrado, a mesma mochila-carteiro de que Troye se lembrou muito bem. A primeira coisa que fez ao entrar foi procurar por Troye e sorriu ao encontrá-lo, Troye acenou e ele respondeu com um aceno de cabeça.

–  E o que vai querer, senhor? –  brincou Troye ao lado de Thadeus.

–  Senhor não, me sinto velho perto de você. O de sempre, por favor e que tal sairmos hoje a noite? Diga que sim, por favor –  pediu Thadeus e fez beicinho.

–  O de sempre. Pedindo com jeitinho, não posso negar –  respondeu Troye.

–  Obrigado, obrigado. Esta noite. Eu espero. Combinamos por mensagem

–  Está bem, deixa eu ir –  e correu para o balcão.

Combinaram de se encontrar em frente a cafeteria onde Troye trabalhava, mesmo com a opinião de Sam e a indecisão, Troye vestiu algo casual, uma camisa confortável, jeans apertados e sapatos. Ele estava se sentindo um travesseiro amarrado por um laço. Isso não é nada bom.

Entardecia e o azul escuro e violeta do céu encobria aos poucos o horizonte claro e brilhante. O olhar de Troye ia de suas próprias roupas para a rua, esperava impaciente, apesar de saber que Thadeus não estava atrasado, ele quem chegou adiantado.

–  E então, vamos? –  falou Thadeus surpreendendo Troye.

–  Sim, me leve porque eu não conheço nada por aqui –  respondeu o garoto.

–  É, eu lembro que você mencionou, nunca veio para cá antes não é? Vou te levar em um lugar que vai gostar –  e juntos andaram pelas ruas.

Conversaram sobre faculdade e Troye contou o que gostaria de fazer, Thadeus o apoiou e lhe ofereceu ajuda. Conversaram sobre as coisas que gostavam de fazer, sobre o trabalho e sobre a vida, mas Troye não teve oportunidade de falar sobre o passado ou esqueceu.

–  É lindo! –  exclamou Troye olhando para o rio e do outro lado a grande Nova Iorque.

–  Gostou? Não costumo vir aqui, mas gosto muito. É calmo, dá para pensar e sei lá, só curtir a paisagem e as vezes aparecem gaivotas, barcos também, transportadores.

–  Sério? Deve ser magnífico!–  Troye realmente estava maravilhado.

Apoiaram os cotovelos sobre a grade e se aproximaram. Troye mantinha os olhos sobre o rio fluindo e a luz refletida sobre ele como um espelho. Thadeus de leve encostava em Troye e ele entendeu o que Thadeus queria. Troye se sentia culpado, não por parecer traição em relação a Mark, isso jamais, mas por ele não sentir nada como esperou que sentiria quando Thadeus lhe puxou para um beijo.