Capítulo 14 - Hugo

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Hugo - Socos
Os dias passam e tudo o que eu fiz foi deixar que passem...
Trabalhar com Adam era difícil, vê-lo e não fazer o que eu queria, o que eu imaginava, era difícil e eu tive que lidar com isto. Aproveitei o momento para curtir, passear com os garotos e observar do alto da janela a vida de todos se desdobrar ao meu redor, observei o tédio se instaurar em minha vida. Eu me sentava no sofá, assistia a tv, ia aos clubes, dava uma volta no quarteirão. O dinheiro não estava me satisfazendo.
Troye tentou me animar convidando-me para mais uma apresentação de Bryan, mas até para isso eu estava ferrado. Troye começou a namorar Sam, Bryan (pelo que eu ouvi) estava ficando com um cara chamado John (não o conhecia ainda). E eu? Bem, eu devia segurar uma garrafa de champanhe e beijar quantas bocas eu pudesse esta noite. Decidi fazer isso.
Então, trabalhei, retornei para casa, tomei um banho, coloquei minha melhor roupa, mesmo a noite estando fria. Nenhum deles havia chegado, então eu que não estava acostumado com filas simplesmente aguardei. Os olhares se voltavam para mim. Alguns garotos, grande parte. Eu não me interessei por nenhum deles, não que eles fossem feios ou algo assim, até porque eu tenho um gosto peculiar. Eu não sabia o que estava sentindo e isso estava me matando. Eu nunca me senti assim antes.
Enquanto minha mente vagava, não percebi Troye se aproximar e levei um pequeno susto quando ele me cutucou, fiquei sem graça logo em seguida. Eu já olhava para Troye como um amigo, ou mesmo um irmão mais novo. Bryan como o irmão mais novo. Eu sentia intimamente que Sam não gostava muito de mim, talvez por Troye e eu termos ficado uma vez. Que culpa eu tenho? Eu
jamais iria saber que os dois iriam acabar ficando juntos, então tentei ser gentil e pagar a entrada dos dois o que apenas fez Sam me olhar mais esquisito, recusar e argumentar, mas Troye já me conhecia.
–  Amor, ele está sendo legal. Deixa! –  disse Troye.
–  Tudo bem, para mim não é problema algum fazer isso, apenas aproveitem. Eu quero ver Bryan brilhar esta noite.
–  Ah em falar no Bryan, ele disse que esta noite é seu retorno aos palcos, depois de ter desistido. E será surpreendente! –  falou Troye excitado.
–  Espero que ele se dê bem mesmo. Ele me deve isso! –  exclamei sorrindo e Troye me acompanhou.
Sam abraçou Troye e os dois se beijaram, eu olhei para o lado na direção de onde um outro garoto me olhava. Abaixei a cabeça, por fim.
Bryan chegou e estava montado, em uma enorme peruca loira com as pontas pretas, franja e saltos tão altos que ele alcançou maior altura que eu. Um vestido marcando suas curvas, rente a pele. Tudo o que eu disse foi: ual, você está incrível! Ele fez um ótimo trabalho com o que eu lhe dei e eu sentia orgulho dele por isso. Ele estava em outro nível!
Nos abraçamos e nos beijamos afetivamente. Bryan se colocou de lado para me apresentar John que parecia (me desculpe, mas) o pai daquela dragqueen enorme! E não seu ficante. Ele usava algo simples, um destaque entre tantas pessoas querendo se destacar e não parecia se
importar com isso, estava a vontade.
A fila andou e eu paguei a entrada dos dois, Bryan entrava vip, direto para o clube, abalar e fazer os outros rirem, animar. Perguntei para Troye e Sam se queriam beber algo, ambos recusaram, corri para o bar e bebi um drink que escolhi aleatoriamente. Comecei por aquele e não demorou para alguns corajosos chegarem em mim. Esta noite eu não chegaria em ninguém. Então eu bebi mais. Vodka, tequila, whisky. Eu estava fora de controle.
Meia-noite em diante eu esqueci até o meu próprio nome. O que eu fiz eu não sei. A única coisa que me lembro é de encostar o bar e olhar para um cara muito lindo, no entanto algo estava errado e ele se revelou. Esteban. O traíra. E pior, ele não estava sozinho, Alex e ele estavam aqui e juntos. Com tantos clubes, boates e baladas nessa cidade o que os dois estavam fazendo justo aqui?
–  Bonito, que bonito ein, será que estou atrapalhando o casalzinho aí? –  falei exaltado e bêbado demais, mal me segurando em pé.
–  O que? Mas... Hugo? É você? Que prazer em revê-lo, amigo –  disse Alex abrindo os braços, prestes a me abraçar. Eu me surpreendi comigo mesmo naquele momento e agarrei o rosto dele entre as minhas mãos.
–  Amigo? Como você tem coragem? –  soltei-o, atirando-o para longe de mim. Esteban o segurou –  Isso mesmo! Segura ele, o seu amantezinho, vocês se merecem, duas cobras! –  falei tudo isto em voz alta, a balada abrindo espaço para observar o que estava acontecendo sem entender.
Alex tentou se aproximar de mim, pedir para me acalmar e eu o revirei um soco, pegando-o de surpresa e derrubando-o no chão. Esteban saltou para cima de mim, trocamos socos e pontapés.
Troye tentou me parar, Sam o ajudou. Os seguranças nos arrastaram para fora. Sentei na guia da calçada e lá fiquei com as mãos entre os dedos.
Troye se sentou do meu lado e tentou conversar comigo. Eu não conseguia pensar direito, nem o que falar para ser sincero, acabei perdendo a apresentação do Bryan, espero que ele não fique chateado comigo. Pedi para Troye chamar um táxi e entreguei dinheiro a ele.
Não sei nem mesmo como eu entrei em meu apartamento, tudo o que sei é que acordei dolorido, me olhei no espelho e surpresa! Estava com o olho roxo...

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