Capítulo 7 - Hugo

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Hugo - Clubes

–  E o senhor retornará quando? –  questionou Emilly.

Olhei para ela. Honestamente, eu não sabia o que responder, tudo o que eu queria realmente era ficar algum tempo fora. Esquecer esse lugar um pouco. E já que eu podia fazer isso, por que não aproveitar?

–  Eu não sei dizer –  respondi e observei ela franzir a ponta dos lábios aparentemente aborrecida –  Espero que quando eu voltar as coisas mudem. Vai ficar tudo bem!

–  Sim, eu sei, então aproveite a viagem!

–  Obrigado –  nos despedimos e entrei no automóvel, o táxi que esperava para me levar ao aeroporto. No trajeto eu sentei em silêncio, olhando pela janela. Segurando a pouca bagagem, embarquei e tentei imaginar o que estaria esperando por mim em Nova Iorque, é claro, além dos clubes e baladas.

Apertei na mão o número do tal Bryan, não entendo o que eu sentia em relação a ele, bem não era amor, exatamente não era fetiche, era um magnetismo inexplicável. Eu que nunca acreditei em energias e "forças do universo", simplesmente não consigo entender o que se passa entre a gente.

O voo demoraria algumas horas, adormeci e descansei o que não havia descansado durante essas semanas. Resolvi que ligaria para ele, Bryan, depois de desembarcar e me acomodar em casa enquanto isso fui embalado por sonhos estranhos, repletos de ocultismo e misticismo. Acabei acordando em um sobressalto assustado.

Outro táxi esperava por mim no aeroporto, eu já estava animado com a esperança e as tais segundas chances que Nova Iorque nos dá. Um recomeço? Talvez, no fundo, acho que só precisava renovar as forças e deixar algumas coisas para trás. Esteban seria uma delas.

Abri a porta de casa com rapidez e vislumbrei a vista das janelas. A luz do sol em um rarefeito tremeluzente refletindo as superfícies espelhadas. Corri para a cozinha e peguei uma garrafa de vinho, uma taça e sem mais delongas, saboreei sentado em meu sofá, o gosto suave da bebida, o telefone em mãos. E agora que era o momento crucialeu me detive e encarei o nada.

Afinal, o que eu diria a ele? 'Oi, Bryan, é o Hugo, está lembrado? Eu só liguei para...' para o quê? Nem eu sei dizer. Talvez eu pudesse alegar querer conhecer mais a noite e as apresentações, é isso, acho que é uma ótima desculpa. Liguei o aparelho e disquei o número dele, parando o dedo sobre o botão de 'chamar'...

–  Alô? Quem fala?_inquiriu ele.

–  Ah, oi, Bryan, lembra-lembra de mim? Hugo, hum... Nos conhecemos na balada aquela noite, uns dois meses atrás... –  eu não sei por que eu estava tão hesitante.

–  O ricaço lindo? –  exclamou ele e eu meio que me surpreendi com a sinceridade (e me gabei também, confesso) –  Claro que eu lembro, à que devo a honra?

–  Então, eu estou de férias aqui em Nova Iorque queria saber se você quer sair, só não, não pense que estou com segundas intenções é só que eu quero conhecer a noite e as baladas e as apresentações de Drag daqui...

–  Claro que sim, adoraria. Se todo ricaço e lindo que eu conhecesse me ligasse sempre que quer conhecer a noite, eu estava feito...

Tudo o que eu pude fazer foi rir e eu percebi que era isso o que eu estava precisando. Rir. Eu precisava de companhia, de amigos, pessoas boas que ficassem do meu lado e eu sei que Bryan faria esse papel, como eu sabia? Para falar a verdade, nem eu tinha certeza.

–  E então, quando você vai?

–  Hoje a noite. Se quiser me acompanhar_disse ele.

–  Não, me passa seu endereço –  parei e engoli todo o conteúdo da taça de uma vez, me levantei e corri para procurar um pedaço de papel e caneta –  que eu vou te buscar, será meu convidado de honra.

Ele me passou o endereço e eu anotei, confirmamos o horário e lá estava eu, decidido em me lançar nas noites mais uma vez.

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